As alternativas e... as opiniões
O que são as alternativas ?
Que importancia deve conceder-se a esta cerimonia ? e o valor d'ellas qual é ?
É dada pelas praças ou pelos artistas ?
Se é dada pelas praças, temos então muito a discutir ; se é dada pelos artistas, então, tanta validade tem a que dá o João como a que deu o Pedro. Sim, em apparencia, tem alguma coisa a mais a que deu Guerrita, que a que concede Mazzantini.
Só em apparencia, já disse, pois o valor é o mesmo.
Mas se conceder-mos alguma importancia á opinião de que o valor da alternativa é segundo a praça em que é dada, perguntamos aos que defendem tal theoria : Badajoz e Madrid, citamos estas praças por hespanholas ; e portanto onde se encaram os asumptos tauromachicos sob o ponto de vista que se devem olhar.
Guerrita concede a alternativa a um novilho só na praça de Badajoz a este novilheiro, no domingo a seguir outhorga outra alternativa na praça de touros de Madrid.
Por razão natural, sendo a praça a que dá o valor, o novilheiro que concedeu a alternativa ficou revestido de maior auctoridade.
São formas de ver e portanto differentes maneiras de pensar.
Agora vamos nós tratar da alternativa annunciada, para hoje, domingo. É em Algés. Mas quem a dá?
Pois ... outhorga-a o cavalleiro José Bento (de Araújo) ;
José Bento (de Araújo) ?...
Este artista é o decano dos cavalleiros que na actualidade toureiam. José Bento (de Araújo), é artista de indiscutivel cathegoria. Qual é pois, a causa, as rasões que se impõem a que não tenha validade essa alternativa ?
É talvez a importancia da praça ?
É que a de Algés tem menos valor como circo taurino ou é que a parte de architectura influe na seriedade do espectaculo ?
Não é Algés Lisboa ?
Não é o mesmo publico aquelle que este ?
Não será o cavalleiro José Bento (de Araújo) em Algés o mesmo artista que é quando trabalha na praça dos quatro balões ? (NOTA : A praça dos quatro balões é a do Campo Pequeno, em Lisboa)
Pois se é o mesmo artista, em uma praça como na outra, por que carapuça não se concede valor ao facto de outhorgar a alternativa na praça de extra-muros ?
Nada.
Deixemo-nos de partidos, de questões de sympathia, e animadversão. Encaremos esta questão tal qual é ; dé-se o valor que tem a cerimonia, e o que hoje é para um, amanhã será para outro, e não é um costume que se estabelece, mas sim uma lei que triumpha é razão que impera.
Fiastol
In REVISTA TAURINA, Lisboa - 7 de Setembro de 1902