22 DE JULHO DE 1894 - LISBOA: FESTA ARTÍSTICA DO CAVALEIRO ALFREDO TINOCO COM JOSÉ BENTO DE ARAÚJO




CHRONICA DAS TOURADAS

Campo Pequeno

17.ª corrida da epocha — Espada: J. Navarro (Quinito) — Touros do sr. Palha Blanco

Acabada a a serie de touradas que a empreza da praça do Campo Pequeno se propoz realisar, seguem-se as corridas promovidas pelos artistas, corridas que principiaram no domingo com o beneficio do festejado cavalleiro Alfredo Tinoco, artista estimadissimo de todo o publico.

A lide annunciada tinha na verdade elementos para agradar, pois que n'ella figurava todo o toureio a cavallo, um bom turno de bandarilheiros, o espada Quinito e touros do sr. José Palha Blanco. E se não foi uma tourada de primeira ordem, no entanto o publico saiu plenamente satisfeito, correndo a lide por vezes com grande animação.

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Houve, apezar d'isso uma nota discordante: o tempo apresentou-se com um aspecto sombrio e carrancudo. Pela volta das 6 horas o ceu escureceu de repente, cobrindo-se de espessas nuvens. Dir-se-ia que ia desabar uma tremenda batega d'agua. Mas as nuvens ameaçadoras passaram, deitando apenas uns borrifos, para refrescar os espectadores e principalmente alguns do sector 3, que por vezes, ao que parece, sentiram calor de mais, tendo um policia que intervir, mandando sahir um que mais enthusiasmo se mostrava, e que já tinha dado logar umas poucas de vezes a discussões acaloradas.

CAVALLEIROS

José Bento (de Araújo) no 1.º touro, que a principio se acobardava, trabalhou bem, embora a sua lide não tivesse grande brilho, em parte devido á rez não ter grandes condições. Collocou 3 ferros á meia volta, sendo dois muito bons, e 1 á tira superiormente rematado, fechando com dois pares de bandarilhas, um á garupa bom e outro á meia volta.

No 11.º com Tinoco, trabalhou muito bem pondo ferros perfeitamente rematados. A lide d'este touro passou desapercebida em consequencia da chuva que principiou a cair em abundancia. José Bento de Araújo) foi applaudido.

Fernando de Oliveira trabalhou notavelmente no 3.º touro, esperando, citando e rematando todas as sortes de fórma que honra sobremaneira o distincto artista. Na 1.ª sorte, citando e esperando com o cavallo parado, rematou um ferro á estribeira de uma maneira admiravel. Continuou depois a lide mettendo 1 ferro á meia volta, 3 á tira e 1 á garupa, fechando-a com um par de bandarilhas citado de cara e rematado á garupa. Consentindo muito os touros teve a sua lide uma brilhantismo extraordinario. Foi chamado e muito applaudido. No 9.º com Manuel Casimiro, um touro de lide difficilima, porque obrigava o cavalleiro a chegar-se e só arrancava pela certa, tornou-se notavel pela valentia com que toureou, mettendo um ferro á garupa, esperando, e 1 á estribeira. Foi applaudido.

Manuel Casimiro, no 5.º touro trabalhou bem, pondo 4 ferros á meia volta, sendo dois bons, e fechou a lide com 2 pares de bandarilhas em sorte egual muito bem postos. No 9.º com Fernando, n'uma rez cuja qualidade já descrevemos, tambem metteu 2 ferros á garupa, sendo na ultima sorte o cavallo apanhado, visto o cavalleiro ter citado muito curto, para que o touro arrancasse. Com um animal n'estas condições não ha toureio possivel sem risco, e só se pode executar com grande força de vontade e muita valentia. Manuel Casimiro foi muito applaudido.

Alfredo Tinoco, no 6.º touro, trabalhou correctamente e com a arte que possue, pondo 2 ferros á meia volta, 1 á garupa e depois pegando em bandarilhas, collocou com grande luzimento e consentindo o touro, 2 pares á garupa, 1 á meia volta e 1 á tira. No 11.º com José Bento (de Araújo), pondo bons ferros, mas a lide, como acima dissemos, passou desapercebida. Tinoco foi applaudido na lide dos dois touros.

ESPADA

Quinito agradou e ddá esperanças. Não é um toureiro feito, mas tem muito merecimento. Falta-lhe ainda aprender muito, o que com tempo conseguirá se continuar d'aquella fórma. Principia a trastear de muleta bem, mas no final atrapalha-se um pouco, e isto deve-o apenas á grande indecisão que d'elle se apodera. Com o tempo é provavel que perca esse defeito e então tornar-se-ha um artista completo. Com a muleta teve um passe de peito magnifico, parando e cingindo-se, e uns redondos rasoaveis. N'uma das sortes tentou receber, sendo quasi apanhado e saindo por los piés. Teve uma estocada n'outro touro muito boa. Com capote o seu trabalho foi por vezes magnifico, parando muito e n'uns passes galleando de costados andou acertadamente. Com as bandarilhas teve um bom par á gaiola e depois pedindo a cadeira poz um par a quiebro bom, mas, precipitou-se depois um pouco, o que lhe deu em resultado não rematar bem outros dois cambios que citou. Poz em seguida outro par a cambio muito bem. Esteve muito trabalhador e com grande vontade de agradar, o que conseguiu. O publico applaudiu-o durante toda a lide.

BANDARILHEIROS

Distinguiu-se Cadete que bandarilhou o 8.º touro magistralmente pondo ferros a cuarteo magnificos, rematando com um sesgo primoroso. O publico applaudiu-o e com justiça. Pescadero teve uma gaiola boa, Raphael, 1 par bom, Minuto e João Roberto infelizes e com maus touros. Pipo, de Quinito, teve 1 par muito bom e nada mais.

Torres Branco bandarilhou o ultimo touro, que lhe foi cedido por Calabaça, fazendo uma sorte de gaiola magnifica e pondo depois 1 par tambem muito bom.

O publico applaudiu-o.

Porque será que Torres Branco não figura no detalhe da corrida, um principiante com tão grande vocação como tem mostrado n'estas duas touradas.

TOUROS

Pertenciam ao acreditado ganadero sr. José Palha Blanco. Deseguaes, notando-se falta de esmero no tratamento, mas teve touros bravos, especialmente o 6.º que saiu um boyante. Um ou outro mau, mas o curro no geral cumpriu, pelo que deve estar satisfeito o illustre lavrador.

FORCADOS

Estiveram muito unidos e fizeram boas pegas de cara, áparte alguns leves trambulhões.

DIRECÇÃO

A cargo do Botas, acertada.

Em resumo : O publico satisfeito.

Á corrida assistiram Suas Magestades El-Rei e a Rainha D. Amelia.

Alfredo Tinoco foi chamado e muito applaudido, recebendo grande quantidade de brindes.

D. JOSÉ TENORIO


In A TOURADA, 29 de Julho de 1894

15 DE JULHO DE 1894 - LISBOA: MAU VENTO NA PRAÇA...




CHRONICA DAS TOURADAS

CAMPO PEQUENO

16.ª corrida da epocha. — Espada: Cara Ancha; touros do sr. Faustino da Gama.

Fechou de uma maneira desgraçada a serie de corridas que a empreza se proporcionou realisar na praça do Campo Pequeno. E se assim aconteceu, deve-se em parte á grande ventania que no domingo atravessou Lisboa e muito mais ao espada Cara-Ancha, que receioso e desconfiado, esteve na verdade muito mandrião.

Cara-Ancha foi para vista. Admittamos que o vento prejudicasse a lide, mas o que é certo é que o que Moyano executou com vontade de trabalhar e de agradar, o poderia ter feito Cara-Ancha.

Não se admitte de fórma alguma, que um bandarilheiro do matador esteja sempre opportuno aos quites dos picadores, e a todo o trabalho sempre prompto, e o espada da tarde se achasse a ditancia, olhando descançado para tudo aquillo. O publico por vezes manifestou-se contra o espada, que na verdade abusou muito da sua benevolencia. Os touros do sr. Faustino da Gama, tambem concorreram para o mau exito da tourada, que tinha attractivos para agradar e fechar com chave de ouro.

 

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A praça teve uma enchente collossal. Nem um logar devoluto. Os contractores é que ganharam, porque se lhes proporcionou um bello dia de negocio. Bilhetes de sol venderam-se a 1$000 réis, sombra a $500, e alguns de barreira, que aquelles possuiam não os largaram por menos de réis 2$000. As senhas renderam bom dinheiro.

Vamos dar um resumo da tourada de hontem que pouco animada correu:

Espada, — Nada de notavel fez, como acima dizemos, o espada Cara-Ancha.

Muito desconfiado e receioso, delegou quasi toda a lide no seu bandarilheiro Moyano, que foi o espada da tarde. Cara-Ancha deu apenas uns passes de capote e muleta e nada mais. N'um dos touros foi colhido sem consequencias.

No 6.º touro poz 2 pares a quiebro, sendo um bom. Depois entregou as bandarilhas a Moyano.

PICADORES. — Muito trambulhão, muita risada, e boas varas dos picadores Trijo e Carriles, que ouviram palmas.

MOYANO. — Tratamos d'este artista em separado, porque na verdade foi o espada da tarde.

Que maneira de citar com as bandarilhas, que correcção e que remate de sortes: tudo de grande luzimento. Com o capote teve uma brega excelente e aos picadores sempre opportuno: ao contrario do espada que se conservava a consideravel distancia. Com a muleta pouco fez, devido ao vento, mas n'esse pouco mostrou grande vontade de agradar. O publico applaudi-o freneticamente e com toda a justiça.

CAVALLEIROS. — José Bento (de Araújo), no 1.º touro trabalhou correctamente, fazendo uma sorte de gaiola magnifica, e collocando em seguida com grande arte e precisão 4 ferros á tira, 1 á garupa e rematou a sua excellente lide com 2 pares de bandarilhas, rematados com grande luzimento, á garupa. No 2.º tambem o seu trabalho foi de todo luzido e artistico, principiando por uma sorte de gaiola soberba, 1 ferro á meia volta, 1 á tira e rematou o seu trabalho com um par de bandarilhas á garupa.

O publico applaudiu-o com toda a justiça.

Fernando de Oliveira, no seu 1.º touro principiou a tourear com infelicidade, mas depois collocou com arte 4 ferros á meia volta, 2 á tira e rematou o seu trabalho com dois pares de bandarilhas, sendo 1 á tira e outro á volta muito bem postos.

No 2.º que lhe coube trabalhou bem, fazendo boas sortes e consentindo muito o touro. Foi muito applaudido no final da lide dos seus touros.

Bandarilheiros. — Calabaça e Minuto fizeram por agradar pondo no entanto bons pares. Raphael tambem collocou 2 pares muito bons e intentou dar o salto de vara, o que não conseguiu. Pipo e Pedro de Campos nada fizeram de notavel.

TORRES BRANCO. — Outro artista que tratamos em especial, que nos parece que será assim o melhor meio de o pôr em evidencia como merece e como se viu pelas manifestações de agrado que recbeu da parte do publico e pelo seu trabalho.

É incontestavelmente um rapaz com habilidade: cita, entra e sae com grande limpeza da cabeça dos touros. O publico fez mal em pedir o 8.º touro para ele bandarilhar, quando é certo que o animal estava defendendo-se, porque ja tinha 5 pares de bandarilhas. Lidou depois o 12.º touro muito bem, pondo um par de primeirissima ordem. Na brega muito trabalhador e fazendo quites muito opportunos, sendo alguns d'elles a corpo limpo. Será bom que de hoje para o futuro Torres Branco figure no detalhe da corrida, bandarilhando pelo menos um touro. O publico fez-lhe uma grande ovação, que se prolongou até fóra da praça quando se mettia para o trem.

FORCADOS. —Apenas fizeram duas pegas de cara boas e uma de cernelha sem luzimento.

TOUROS. — Pertenciam ao sr. Faustino da Gama. Apenas cumpriram os de cavallo. Os restantes mal intencionados, cobardes e difficultando a lide. Não foi feliz o sr. Faustino da Gama. Mais um para a conta.

DIRECÇÃO. — Como sempre a cargo do velho Botas. Nas varas um pouco demorado. O Botas estava a gostar, assim como todo o publico.

No resto á altura da corrida.

Em resumo. O publico muito descontente e furioso com o mandrião do espada.

D. JOSÉ TENÓRIO.


In A TOURADA, Lisboa - 22 de Julho de 1894

1894 - UM OLHAR CRÍTICO SOBRE AS TOURADAS EM PORTUGAL


Biblioteca nacional de Portugal

 AS TOURADAS EM PORTUGAL

N'este paiz nem ha touros, nem touradas, ha simplesmente praças e toureiros. E é bastante.

Aquillo a que eu e todos ouvimos chamar touradas, para mim não passa d'uma simulação do grande divertimento hespanhol, onde a arte é um dever e a coragem uma gloria.

Aqui nada d'isto acontece e para quê?

Para que é necessaria a coragem onde se lidam touros sem defesa?

Para que é precisa a arte onde ha um publico que só gosta de estrangeiros e que apupa os seus quando os veem imitar o que os mestres fazem?

Para quê, pois, o mortificar-se um homem, quando se é toureiro n'um paiz em que não ha touradas, mas tourinhas.

Deixemo-nos de gracejos e entremos em assumpto serio.

Eu sou um afficionado que ninguem conhéce, que todos perguntam d'onde veiu, mas sou pelos touros em hastes limpas, touros de morte, touros que sejam touros e não carneiros.

Desde o momento que as touradas são uma lucta do homem com o boi selvagem, em que aquelle vence este pela arte e pela intelligencia, ou então fica vencido pela força bruta do seu inimigo, tanto um como o outro deve vir á arena tal como é, um com o peito replecto de coragem e ávido de triumpho, outro ávido de sangue e ferocidade em busca do inimigo para o ferir e despedaçar.

É uma lucta desegual; um tem a arte com todos os enganos, outro tem a raiva de se ver vencido.

Um tem uma muleta e um estoque para matar, outro tem as astes limpas e afiadas para matar tambem; eis aqui a unica egualdade da lucta.

Muitos, ás touradas hespanholas chamam barbarismo, porque ha sanguem e ás touradas portuguezas em que há covardia o que lhe chamarão?

Um domador lida com os seus leões e as suas panthéras e não lhe's tira os dentes nem as garras; lida pois com ellas no seu estado natural; um dia porém morre-lhe nas garras; eis aqui o valor do seu trabalho que era o perigo, o risco e a morte, o mesmo pois deve succeder a um homem que se filiou na arriscada arte de Montes, Chiclanero, Romero e Costillares e muitos outros tão celebres e valentes.

N'este paiz de tanta protecção para com os animaes, ha touros que têem sahido á praça a serem corridos mais de 10 ou 20 vezes, e o que succcede, é o touro enganar o toureiro em vez de ser o contrario. É celebre!


Em Portugal, um paiz que á força quer ser toureiro, vão-se construir mais praças, mas não ha gente para n'ellas trabalharem e por isso teem que vir de Hespanha todos os maletas e toureiros de enchurrada para suprirem essa falta.

Não aconteceria porém, outro tanto, se aqui houvessem touradas, mas as genuinas, as verdadeiras, em que cada qual com mais ou menos habilidade e estudando sempre, se fizesse matador e formasse quadrilhas, fizesse excursões ao estrangeiro como fazem os artistas hespanhoes, porque não faltaria gente que quizesse seguir a arte tauromachica; mas infelizmente aqui quem quizer ser toureiro, já não digo artista, mas amador, tem de arranjar empenhos para n'uma tarde mostrar as suas aptidões.

As touradas n'este paiz são o mesmo que prender os braços a um homem e dar-lhe depois umas poucas de bofetadas, estas significam os classicos pares de bandarilhas, e a manietação do homem significa a immunda embolação.

Ah! Hespanha, Hespanha! se tu não fosses já celebre, o teu grandioso e destemido divertimento que se chamas as— Corridas de touros — t'o fariam ser.

O que estimarei é que em breve a nojenta embolação uma das vergonhas na tauromachia nos fins do seculo XIX, seja para sempre demolida, para depois podermos gritar: Vivan los toros.

EDUARDO AGUILAR.

In A TOURADA, Lisboa - 8 de abril de 1894

25 DE OUTUBRO DE 1891 - PARIS: TOUREIROS ESPANHÓIS E PORTUGUESES NUMA DAS ÚLTIMAS CORRIDAS DA TEMPORADA (na imprensa francesa)

Bibliothèque nationale de France

LA 23ème COURSE

À PARIS

Y sale la cuadrilla

De los toreros,

Valentin y Joseito

Son los primeros.

Cette fois le président agite son mouchoir à l'heure fixée, et les timbaliers sonnent la salida pour:

1.— Cabrillo, portant la devise blanche; il ne réalise pas l'idéal du taureau brave; les picadores sont gris comme le temps, les banderilleros placent quatre paires pour donner à Valentin Martin, en violet et or, le temps de déplier la muleta.

Le coup d'épée, bien marqué, reste un peu court.

2. — Gatidano, devise blanche, ranime la course. (José) Bento de Araujo place trois javelines, dont une déplorable, et deux banderilles, l'une trop basse, l'autre régulière.

Les banderilleros posent une paire et demie, et Joseito (grenadine et or), sur une demi-douzaine de passes naturelles, indique une estocade, de devant, au pas de banderilles.

3. — Corazon, une bête de choix, dont la vigueur et le courage ont résisté à l'action émolliente de notre climat pluvieux. Ce noble animal, qui porte les couleurs de Tres Palacios, reçoit une vilaine pique (marronazo) du Rubio qui doit réintégrer le patio. Cirilo et l'Amateur français, en revanche, obtiennent un énorme succès, et les quites de Joseito sont très remarqués.

Valentin Martin prend le taureau sur la quatrième paire et le cape avec bonheur; une trentaine de passes dont six de poitrines, et une estocade à volapié très bonne qui lui vaut des applaudissements nourris.

4. — Bandolero, de Orozco, ne jalouse pas les lauriers de Corazon, et, à la demande du public, il est changé aussitôt.

C'est un ardent et féroce Mazpule qui se présente; ses bonds désordonnés, ses mugissements rauques épouvantent les chevaux qu'il attaque éperdument et que les picadores défendent comme ils peuvent, car l'animal croit à la pique (crecer el palo), se transforme, colle.

Valentin exécute des passes de cape, Joseito enlève la devise; la cuadrille se dévoue, deux paires sont placées entre temps. Une dame enthousiasmée jette son éventail dans l'arène; à qui l'hommage s'adresse-t-il?

Tengo un amante hechichero,

Que vale mas que un Peru,

Y su oficio es de torero,

Torerito y Andaluz.

Elle est extraordinairement jolie et blonde de ce blond de limaille d'or fauve qu'on ne rencontre que chez les Espagnoles de la province de Valence.

Los cabellos de mi rubia

Se los ha robado al sol;

A mi, me ha robado la vida,

El alma y el corazon.

Joseito a pris la muleta et, seul, au milieu du cirque il exécute un court mais brillant assaut, terminé par un magnifique coup d'épée donné à taureau reçu.

Ovation méritée; chapeaux, cigares et fleurs.

5. — Lagarto sort, comme le taureau suivant, de la fameuse ganaderia du duc de Véragua (rouge et blanc). (José) Bento (de Araújo) lui place cinq javelines parfaites et une autre trop basse, puis une banderille très bonne.

L'animal est brave et franc, Valentin le cape, puis lui place une paire de banderilles avec la chaise, passable, et une seconde paire al cuarteo, bien. Il salue alors le taureau al recorte avec le chapeau d'un aficionado et revient prendre la muleta, pour une longue série de passes que couronne l'estocade à volapié de rigueur qui reste contraire et de biais.

6. — Zar est formidable, noir, goulu de chair. Ce monstrueux animal est reçu para la cuadrille qu'il disperse. Joseito le passe en véronique; le taureau donne avec une telle violence sur la pique, que le brave Antonio vide les arçons; "Descends donc de ton cheval, hé, feignant!"

L'amateur se met sur les rangs, et avec Cirilo tient tête à ce rude jouteur qui prend en tout onze varas.

Zar s'arrête juste devant la belle dame à l'éventail, et la contemple avec intérêt.

Si el hoyo de tu barba

Fuera pilita,

Mas de quatro (sic) tomaran

Agua bendita.

(Si la fossette de ton menton était un bénitier, plus de quatre y prendraient l'eau bénite).

Il est trés espagnol ce taureau russophile, mais il n'accepte qu'une paire et demie, avant que Joseito lui décerne son estocade à volapié et de devant, qui termine la journée.

ESCAMILLO.

In LE TORERO, Organe officiel des Arènes de France, Paris – 1 de Novembro de 1891

4 E 5 DE MARÇO 1894 – PORTO: QUATRO TOURADAS PARA CELEBRAR O QUINTO CENTENÁRIO DO INFANTE DOM HENRIQUE


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PELAS PROVINCIAS


Porto, 6 de março. — Ao encetar as minhas correspondencias para a revista A Tourada, cumpre-me felicital-a pelo seu apparecimento e agourar-lhe um futuro prospero. Egualmente me cumpre agradecer a honra que immerecidamente me fizeram, pedindo-me para eu acceitar o encargo de ser correspondente n'esta cidade.

Não possuo dotes jornalisticos, mas farei tudo quanto poder para da melhor forma desempenhar o meu logar.

— Para commemorar o quinto centenario do infante D. Henrique, promoveram-se grandes festas no Porto. Entre ellas, houveram quatro touradas, sendo duas na praça da Serra do Pillar e duas no Colyseu Portuense.

No dia 2 effectuou-se a primeira na Serra. Os artistas eram todos bons, porém não puderam fazer brilhar o seu trabalho pela razão do gado fornecido pelo sr. Duarta d'Oliveira, ser ordinarissimo, de mau sangue.

Alfredo Tinoco, pouco poude fazer em vista do que atraz exposemos.

Guerrita, trabalhou sempre sob continuos applausos. Esteve incansavel com o capote e muleta. Com as bandarilhas infeliz, sendo colhido pelo 5.º touro ao collocar-lhe um par á sahida.

Dos bandarilheiros sobresahiram Minuto e Pechuga, que lidaram com preceito o 8.º touro, estando aquelle como sempre aos quites.

Mogino, Primito, Almendro e Antonio Guerra, regulares.

No dia 5, o gado pertencia ao mesmo lavrador e os artistas eram os mesmos.

Nada de notavel houve. Tinoco nada poude fazer, por os touros se não prestarem.

Guerrita, bem com o capote e muleta e regular com as bandarilhas.

Dos bandarilheiros distinguiu-se Minuto.

Os forcados em ambas as corridas, detestaveis.



A primeira corrida no Colyseu (Porto) effectuou-se no dia 4.

O gado do sr. Emilio Infante saiu regular.

José Bento (de Araújo) trabalhou com arrojo e vontade.

Bombita, foi muito applaudido pela sua vontade de agradar, porém falta-lhe a pratica.

Calabaça, bem. José dos Santos, regular, e Theodoro e Cadete, superiores.

Ostioncito e Saleri, da quadrilha de Bombita, bem.

No dia 5 realisou-se a 2.ª, sendo o gado do mesmo lavrador, que saiu regular como o da corrida anterior.

José Bento (de Araújo), bem. Bombita com vontade de agradar.

Os bandarilheiros andaram conforme poderam, distinguindo-se Theodoro e Cadete que bandarilharam um touro superiormente, recebendo muitos applausos.

Os forcados nas duas corridas muito desunidos. Uma desgraça…

Até outra vez.

Dourado.

In A TOURADA, Lisboa – 1 de Abril de 1894