29 DE JULHO DE 1889 - MADRID: HONRAS DE PRIMEIRA PÁGINA PARA JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NO SEMANÁRIO "EL TOREO CÓMICO"


No se encuentra en Portugal caballero principal con taurinas aficiones, que no quiebre sus rejones con gallardía especial.

Diestros en equitación, presentando su brindón con maestría y con lujo, arrancan una ovación, y así es Bento de Araujo.

Biblioteca nacional de España
In EL TOREO CÓMICO - Revista Semanal de Espectaculos, Madrid - 29/07/1889

28 DE MAIO DE 1883 - NIMES: TOURADA COM JOSÉ BENTO DE ARAÚJO (na imprensa espanhola)


LAS CORRIDAS

Nimes. - 28 de Mayo

Estando en máquina al anterior número, recibimos los siguientes apuntes de nuestro corresponsal Mosca:


"Hoy tuvo lugar la corrida de los seis toros de Aleas, actuando Juan Jiménez (el Ecijano) y Enrique Santos (Tortero), este último en sustitución de Pepete, herido últimamente en Talavera de la Reina. El caballero en plaza Bento de Araujo debía rejonear el primero y cuarto toros y los espadas estoquear los dos últimos.

A las tres y cuarto dió principio el espectáculo bajo la presidencia del alcalde Sr. Reinaud. El paseo de las cuadrillas fué muy aplaudido. Bento (de Araújo) escuchó palmas rejoneando con banderillas de á cuarta su segundo toro. El público silbó los toros embolados.

(...)


In EL ARTE TAURINO (Sevilha) - 12 de Junho de 1983

15 DE ABRIL DE 1894 - MADRID: JOSÉ BENTO DE ARAÚJO - UMA TOURADA EM LISBOA (na imprensa espanhola)


APUNTES TAURINOS - LAS CORRIDAS

LISBOA



En la corrida del día 15 del actual se lidiaron toros de la propiedad del Sr. D. Emilio Infante da Camara que dieron mal juego, exceptuando el primero que fué un toro voluntario y noble y el segundo y tercero que cumplieron bien. El quinto estaba completamente manso, resentido quizá del castigo que sufrió hace poco en la plaza de Oporto. El séptimo y décimo demostraron ser muy conocedores del terreno que pisaban, haciéndose, por lo tanto, muy dificiles de torear. Los restantes demostraron poca bravura.

Cavalleiros.- José Bento d'Araujo toreó muy bien; aprovechó la suerte de gaiola en el primer toro, agradándonos por la manera de citar y medir los terrenos. (...)


In EL ARTE TAURINO (Sevilha) - 29 de Abril de 1894

2 DE SETEMBRO DE 1924 - LISBOA: A HISTÓRIA DE JOSÉ BENTO DE ARAÚJO


José Bento de Araujo

Faleceu ontem este conhecido cavaleiro tauromaquico


Está de luto a tauromaquia nacional. Faleceu ontem de tarde o apreciado cavaleiro José Bento de Araujo. Ainda ha dois meses o vimos no Campo Pequeno, já muito velhinho, já trémulo e acabado, atravessar a arena, a muito custo, entre as ovações freneticas do publico. Era a festa de José Casimiro. E José Bento (de Araújo), setenta e tantos anos de pertinazes canceiras, toda uma vida de esforço que triunfa, e de triunfo que passa, não podia faltar nessa tarde de sol e de alegria a levar a saudação da velhice que declina á selva vitoriosa dos que trabalham hoje em arenas de Portugal! A multidão vitoriou-o, de pé, naquela algazarra entusiastica e forte que é o proprio grito da alma lusitana, dando curso á vibração das suas manifestações atávicas, em frémitos de emoção, em rajadas de mal contido ardor. José Bento (de Araújo) chorou. A neve dos seus cabelos, aquecida pelo fogo abrazador e vivificante dos aplausos, não podendo permanecer insensivel, enterneceu-se, palpitou e desfez-se em lagrimas. Lagrimas que o publico guardou e que nós agora recordamos, ao traçar, em breves linhas, a biografia do tão estimado artista !


José Bento de Araujo iniciou a arte tauromaquica numa vacada, em 1874, na praça da Junqueira. Pouco depois toureou em Sacavem e mais tarde em Lisboa, na antiga praça do Campo de Sant'Ana, onde trabalhou por muitos anos. Em 1892 foi a França, entrando em diversas corridas em Paris, Nimes, Avignon, Marselha e outras cidades.

Também toureou, variadas vezes, em diversas terras de Espanha. Foi na Praça do Campo Pequeno que continuou os seus trabalhos tauromaquicos, sempre muito aplaudido e muito querido dos colegas e dos 'aficionados', até á data em que abandonou definitivamente a arena.

José Bento (de Araújo) tambem foi ao Brasil em companhia do falecido cavaleiro Alfredo Tinoco. Tomou parte em varias touradas no Rio de Janeiro, onde causou grande entusiasmo.

Foi em 10 de Agosto que José Bento assistiu á ultima diversão tauromaquica. Tratava-se duma festa promovida pelo Sport Algés e Dafundo, tendo sido o decano dos cavaleiros tauromaquicos alvo de uma calorosa manifestação de simpatia.

Em 22 de Junho, quando da festa dos cavaleiros Veigas, foi o simpatico velho quem dirigiu essa corrida.

Em 13 de Julho atravessou, como acima dissemos, entre calorosos aplausos, a arena do Campo Pequeno, para fazer a entrega da farpa a José Casimiro.

Haverá seis ou sete anos que na mesma praça de touros se realizou uma festa em beneficio dos invalidos da capital. Um dos numeros dessa diversão consistia na apresentação de três 'Tancredos'. Eram José Bento, Manuel Casimiro e José Casimiro. Os três, vestidos de branco, desde os pés á cabeça, conservaram-se imoveis nos seus lugares e o pontudo arremessou ao chão o simpatico José Bento (de Araújo), que, embora já velho e cansado, se levantou lépido, ileso, no meio de calorosos aplausos da assistencia.

José Bento (de Araújo), ou Zé Bento (de Araújo), como mais era conhecido no meio tauromaquico, explorou, como empresario, as principais praças de touros do país. Ha muitos anos, na antiga praça da Alegria, do Porto, o querido cavaleiro assistia a uma corrida. Dias antes havia sido colhido quando toureava. O publico, em altos brados, reclamou José Bento (de Araújo) que respondeu não poder trabalhar, porque tinha a perna e o pé esquerdo em tal estado, que se via forçado a calçar um chinelo. Os aficionados não lhe aceitaram a desculpa e ele, com uma espora na bota e a outra no chinelo, lá montou o cavalo e saiu-se do precalço por forma a merecer calorosos aplausos.

Em algumas praças do país apresentou, com grande exito, o celebre touro 'Capirote' ao tratador que, em plena praça, lhe dava comida á mão. A ultima vez que o cornupeto foi apresentado foi na Moita, por ocasião das festas da Boa Viagem, que se realizam no corrente mês. O bicho, quando estava a 'brincar' com ele, teve morte quasi instantanea. José Bento (de Araújo) sofreu nessa ocasião um dos maiores desgostos da sua vida.

O saudoso José Bento (de Araújo) foi companheiro dos cavaleiros Alfredo Tinoco, Fernando de Oliveira, D. Luis do Rêgo, Francisco Simões Serra, Manuel Casimiro, Morgado Covas, Joaquim Alves, Adelino Raposo, D. Antonio S. Martinho, Fernando de Oeiras, Alberto Cunha, Eduardo Macedo e tantos outros.

José Bento de Araujo, que morava na rua da Sociedade Farmaceutica, 11 r/c., deixa viuva a srª D. Carolina dos Santos Fonseca Araujo e era sogro do sr. Julio José Vitorino. O seu funeral realiza-se hoje, pelas 4 horas da tarde, saindo o prestito da igreja do Coração de Jesus, onde o seu cadaver se acha depositado.

In DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 3 de Setembro de 1924

6 DE ABRIL DE 1903 - LISBOA: PRAÇA DO CAMPO PEQUENO - CORRIDA EXTRAORDINÁRIA



A tourada á antiga portugueza

Á hora a que entramos na praça, 1 da tarde, já uma parte do sol está ocupado por espectadores e, caso extraordinario, na sombra, logares numerados, já se vêm (sic) senhoras..
Alguns camarotes encontram-se egualmente ocupados.

Na praça trabalha-se activamente; ultimam-se as decorações, especialmente a da tribuna real, que faz já prever um admirável effeito, pelo seu lindo aspecto decorativo.

A pista apresenta, como novidade em praças portuguezas, uma orla de arabescos a vermelho, branco e azul.

No touril, as grades foram cobertas por uma draperie de purpura, franjada a amarello.

Os camarotes de sombra estão guarnecidos de preciosas colchas de damasco de côres diversas, presas com cavilhas de metal amarello, alternando com cobrejões alemtejanos listrados de côres gritantes e cada um com pittorescos bouquets de flores.

Nos camarotes de sol, a decoração é toda a colchas de setim.

A guarnição do gradeamento dos fauteuils é de velludo grénat, com franjas da mesma côr.

Á volta de toda a praça pendem festões de verdura e rosas.


A tribuna real parece ser o foco de todo o effeito decorativo e, na verdade, é de um aspecto soberbo. Externamente, guarnecem-n’a magnificos panos de velludo purpura, onde destaca, n’uma elegante simplicidade, uma meia lua de rosas de vivo colorido, e ramos frescos de lilazes, arbustos floridos saem aos lados, sobre o fundo azul e branco dos cortinados de seda.

Interiormente de bom gosto tambem o modo como foi adornada a tribuna. As paredes são forradas de panejamentos de tom azul claro com applicações em relevo de escudetes portuguezes e flores de liz douradas. O pavimento esta alcatifado em ramagens vermelhas e o docel com pannos de setim de cores nacionaes.

A escada que da accesso á tribuna real esta egualmente ornamentada com gosto, brilhando magnificos vasos com arbustos em todos os degraus e aos cantos dos patamares, palmeiras e fetos, e poltronas de seda amarella.

Na sala que antecede, a mobilia é antiga, estofada a damasco. Sobre uma das mesas, 4 binoculos de corrida.

Eis como outro jornal descreve a corrida.

O 1º touro foi manso; o 2º nobre e cumpriu; o 3º e o 4º mansos; o 5º cumpriu; o 6º saiu o mais bravo de todos; o 7º, 8º e 9º foram maus; e o 10º era bravo.

José Bento (d'Araújo) e Fernando de Oliveira apanharam o touro mais bravo, e, pondo de parte o receio que no começo da lide ambos mostraram, com especialidade José Bento, que até cedeu uma sorte, foi o trabalho dos dois cavalleiros o mais luzido da tarde.

Fernando salientou-se n’uma saída falsa magnifica e n’um ferro curto primoroso, havendo outro tambem excelente de José Bento (de Araújo).

Obtiveram ambos uma ovação estrondosa.

José Bento (de Araújo) brindou pela imprensa.

Fernando d’Oliveira foi brindado com um alfinete d’ouro para gravata pelo sr. José Ignacio de Vallada. O alfinete foi entregue ao illustre artista espetado n’um charuto.

Manuel Casimiro e Joaquim Alves, não obstante terem diligenciado tourear, defrontaram-se com dois mansos, e não puderam brilhar, embora collocassem alguns ferros de valor.

Notamos contudo a maneira distinta e artistica por que Joaquim Alves preparou uma saída ao 8º touro do curro, estacando o seu cavallo com firmeza quando se viu com o terreno vencido pelo adversario.

Deveras apreciámos tambem os progressos de Eduardo Macedo, que rematou sortes com muito luzimento, entrando bem, calculando os terrenos como devia, e mostrando coragem.

Simões Serra consentiu admiravelmente os seus touros em duas recargas, collocando tambem algumas farpas com exito.

Observaremos, porém, que um e outro tiveram a sorte de lhes tocar o 5º e 10º touros, que se prestaram ao castigo.

A gente de pé esteve trabalhadora, e com o capote distinguiram-se Teodoro e Manuel dos Santos, estando diligente Torres Branco.

O 2º touro foi bem bandarilhado por Teodoro e Cadete. O 4º coube a Torres Branco e Manuel dos Santos, que o aproveitaram bem, apesar de ser manso.

Torres, á gaiola, deixou o melhor par da tarde, empregando bandarilhas de surpreza, das quaes saíram as bandeiras ingleza e portugueza.

Manuel dos Santos tambem pôz um bom par, apparecendo egualmente as bandeiras das duas nações.

Manuel dos Santos offerecera a serie aos monarcas, dizendo o seguinte:

— Tenho a honra de brindar a SS. MM. e faço votos pelas prosperidades das duas nações alliadas.

O mesmo toureiro que, durante a tarde, mostrou mais uma vez a sua coragem e vontade de agradar, fez cambios de joelhos, recortes,mareou os touros, adornando-se com intrepidez e, finalmente, passou de muleta o 4º - tirando alguns passes aceitaveis. dadas as pessimas condições do animal.
O trabalho dos dois artistas foi muito applaudido.

Silvestre Calabaça collocou dois pares bons no 9º e tentou um quiebro na cadeira que resultou imperfeito, porque o touro arrancou incerto.

A melhor pega da tarde foi a de Carraça, no 9º touro. O 1º enxovalhou uns poucos de forcados, e, por fim, nem á volta o conseguiram pegar.

O 2º touro foi pegado por Alcorrial e ainda melhor: ajudado pelos companheiros, e o 4º por João Couto, que egualmente fez figura. Houve uma pega de volta regular por “Pé de Chumbo” e Carraça.

O 7º foi pegado ao sopé por José Peixinho, que brindou por Eduardo VII, de joelho em terra.

Todos os toureiros offereceram sortes aos monarcas.

O rei de Inglaterra ficou muito bem impressionado com a corrida, demorando-se na praça mais tempo do que tencionava.

Gostou immenso das pegas e apreciou muito a intrepidez dos toureiros.

Eduardo VII sorria-se sempre que os forcados levavam boleos.

No sol houve bengalada rija entre dois espectadores. Os monarcas assestaram para lá os seus binoculos e parece terem apreciado muito esse numero extra-programa, em que recebeu um ferimento na cabeça... uma senhora, e foi preso um dos audazes corsarios lusos – perdão, um dos audazes contentores.O desfile, na Avenida, á volta dos touros, dizem que foi um espectaculo de verdadeira maravilha.

In O PRIMEIRO DE JANEIRO - 8 de Abril de 1903

6 DE ABRIL DE 1903 - LISBOA: PRAÇA DO CAMPO PEQUENO - CORRIDA EXTRAORDINÁRIA




2 DE SETEMBRO DE 1924 - LISBOA: "OS QUE MORREM" - A MORTE DE JOSÉ BENTO DE ARAÚJO


OS QUE MORREM

José Bento de Araujo

Pelas 16 horas, realizou-se o funeral do conhecido cavaleiro tauromaquico José Bento de Araujo.


O prestito funebre saiu da igreja do Coração de Jesus para o cemiterio dos Prazeres. No acompanhamento viam-se muitos artistas e afficionados da arte de Montes.

Sobre o ataude foram dispostas grande numero de coroas e ramos de flores naturaes.

Fizeram-se representar no funeral as Associações dos Toureiros, Proprietarios de Trens de Aluguer, Empresa do Campo Pequeno, etc.

No cemiterio foram organizados varios turnos.

In A CAPITAL - 3 de Setembro de 1924

5 DE JUNHO DE 1903 - SETÚBAL: DOIS DIAS ANTES DO DIA DE "TROMBA LINDA"



TAUROMACHIA

Realisando-se no proximo domingo uma tourada em Setubal, os portadores de bilhetes de ida e volta, vendidos no referido dia, pelas estações do Barreiro e intermediarias para a de Setubal, podem regressar pelo comboio que, ás 7 horas da tarde, parte d'esta ultima estação.

- O jury para a classificação dos touros na proxima corrida é formado pelos socios do Real Club Tauromachico Portuguez, srs. D. Antonio de Portugal, Victorino Froes, Jorge Rebello da Silva, D. Luiz Lobo da Silveira e D. Fernando Pombeiro.

- Os premios que o Real Club Tauromachico offerece para o certamen de ganaderia que domingo se realisa no Campo Pequeno, contam de duas bonitas e valiosas salvas de prata.

O certamen de ganaderias - Desperta verdadeiro interesse a corrida que no proximo domingo se realisará no Campo Pequeno.

É a primeira vez que nas nossas praças se realisa um certamen de tanta importancia.

Quatro dos nossos principaes creadores de touros apresentam os melhores exemplares das suas ganaderias, disputando quatro valiosos premios, dos quaes 2 são offerecidos pela empreza (200$00 cada premio) e os outros são offerecidos pelo Real Club Tauromachico, que expontaneamente manifestou desejos de contribuir para o aperfeiçoamento das castas bravas no nosso paiz. Sabemos que constituem estes premios dois valiosos objectos d'arte.

No cartaz annunciador da corrida veem exaradas as varias condições a que está sujeito o certamen.

Os touros de 4 annos cumpridos e todos puros serão lidados em todos os "tercios", isto é, toureados por cavalleiros, bandarilheiros e passados de muleta.

Toureiam a cavallo José Bento, Fernando de Oliveira, Manuel Casimiro e Joaquim Alves.


A ultima parte da lide está confiada aos festejados "espadas" Faico e Montes, e o trabalho de bandarilhas a cargo de Theodoro Gonçalves, J. Cadete, Saldanha, Manuel dos Santos, Thomaz da Rocha, Paqueta, Calderon e Limeño, estes ultimos das "cuadrillas" dos dois "espadas".

In O SÉCULO - 5 de Junho de 1903

15 DE AGOSTO DE 1896 - BRASIL: JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NO RIO DE JANEIRO


PRAÇA DE TOUROS DO RIO DE JANEIRO

Rua do Boulevard em frente á estação dos bonds de Villa Isabel

Companhia tauromachica composta de insignes toureiros portuguezes e hespanhois sob a direcção dos eminentes e primeiros cavalleiros tauromachicos nos principais circos de França, Hespanha e Portugal, Alfredo Tinoco da Silva e José Bento de Araujo.


HOJE, SABBADO 15 E AMANHÃ, DOMINGO 16 ÁS 3 HORAS DA TARDE

Duas extraordinarias corridas em que serão lidados 6 touros nacionaes apoiados escrupulosamente por pessoa de inteira confiança da empreza nos conhecidos campos de Laranjal.

6 TOUROS PORTUGUEZES das raças mais apuradas e pertencentes aos conceituados e bem conhecidos lavradores, os Exmos. Srs. Comendador Paulino da Cunha e Silva, José Palha Blanco, Luiz Patricio e Estevão de Oliveira Junior.

Apresentação na mesma tarde dos dois eminentes vultos da tauromachia portugueza, Alfredo Tinoco da Silva e José Bento de Araujo, que executarão as cortezias de XXX nos seus suberbos cavallos PEPENILLO e GENTIL (magestosamente ajaezados) e lidarão 5 touros nestas excepcionaes corridas.

3ª apresentação do notavel espada Alberto Hojas - Colon - do bandarilheiro hespanhol Manuel Urabo e dos applaudidos toureiros portuguezes Carlos Gonçalves, Luiz Homem e Carlos Silva. O valente grupo de moços de forcado capitaneados pelo applaudido e valente pegador Cara Linda, fará as pegas que o director da corrida determinar.

Campinos, carecas, papagaios, andarilhos e tudo quanto é costume nestes espectaculos, formarão o brilhante cortejo nas venias antes e no final da corrida. Amenisarão estas deslumbrantes corridas, tocando alternadamente as pecas do seu reportorio a banda marcial do 22º de infantaria e a do conhecido professor XXX.

Detalhe do dia 15 - 1º touro (portuguez), farpeado pelo cavalleiro Alfredo Tinoco; 2º touro bandarilhado por Carlos Gonçalves e Luiz Homem; 3º touro (portuguez), farpeado pelo cavalleiro José Bento; 4º touro, bandarilhado por Carlos Silva e Carlos Gonçalves; 5º touro, bandarilhado pelo espada e seu bandarilheiro; 6º touro (portuguez), farpeado pelos dois cavalleiros.

Estes detalhes poderão ser alterados se assim o julgar conveniente o Exm. Sr. director das corridas.

Os bilhetes para estas extraordinarias corridas acham-se desde já a venda, por especial favor, no theatro Sant'Anna e na rua do Mercado n. 74.

Preços - Camarotes com 5 entradas 40$; sombra XX$; sol XX$.

Não ha entradas de favor. As portas de entrada abrem-se á 1 hora da tarde.

Atenção - As pessoas possuidoras de bilhetes (completos) da 2ª corrida têm direito a igual entrada para a 3ª corrida (exclusivamente). Os Srs. espectadores só poderão requisitar senha de sahida (para a rua) depois de corridos os tres primeiros touros (intervalo).

Por motivos imprevistos a empreza não pôde conseguir para estas corridas touros de Montevidèo da raça cruzada com Mura e Yeranguas, o que espera conseguir para as corridas seguintes.

Corridas todos os domingos e dias santificados. Havera bonds especiaes no fim das corridas.

In SOL E SOMBRA, 15/08/1896, Rio de Janeiro, Brasil

TOUREIRAS EM LISBOA


O POÇO DA CIDADE

José Bento de Araújo, natural da freguesia da Ajuda e mestre de equitação que se exibiu nas praças alfacinhas da Junqueira, do Campo de Sant'Ana e do Campo Pequeno, havia sido o monitor de uma célebre Madame Clotilde Mayestrick. Alemã de nascimento, esta artista veio a Portugal com os seus de alta escola e trabalhou em 1889 no Real Coliseu (o edifício da Rua da Palma onde se realizaram os primeiros espectáculos de cinema na capital e onde hoje se situa a Garagem Lis).

A Mayestrick apaixonou-se pelo toureio que entendeu como forma máxima de equitação, recorrendo a José Bento para a ajudar. Praticou em várias praças até chegar à consagração do Campo Pequeno em Setembro de 1902.

O mesmo cavaleiro alfacinha deve ter ganho gosto pela experiência e quis ensaiá-la também com uma francesa de nome Marie Gentis. Esta tinha a particularidade de montar à amazona e chegou a fazer a sua perninha em plena cidade de Paris, numa praça improvisada na Rue Pergolèse. Em Lisboa, embora sem desagradar, não passou de Algés.

O princípio do século XX deve ter sido, aliás, propício ao aparecimento de mulheres toureiras em Lisboa. Em Setembro de 1902, por exemplo, entrou pela arena do Campo Pequeno nada menos do que uma quadrilha de senhoritas toureiras. Eram oito e exibiam-se a pé e a cavalo. Segundo os apontamentos preciosos de Pepe Luís, a apresentação destas "gracias" na arena lisboeta saldou-se, porém, por uma pequena desgraça, sem um minímo entendimento entre elas - e entre elas e os cornúpetos.

No mesmo ano de 1902, estreou também na grande praça de Lisboa a espanhola Maria Salomé, conhecida por "La Reverte". Ao contrário de outras, fazia certa gala em se mostrar varonil e em enfrentar touros já de certo porte. Como curiosidade, anote-se que, quando as mulheres foram proibidas de tourear em Espanha, Maria Salomé não hesitou em declarar-se como homem e passar a chamar-se Agústin. Mas as mudanças de sexo não eram então tão comuns como hoje e foi como Maria Salomé que "La Reverte" morreu. 

In O POÇO DA CIDADE - de Appio Sottomayo - A Capital - 25/9/1991 - Lisboa

Nota de Rui Araújo: O apelido correcto de Clotilde é Maestricht - e não Mayestrick.

19 DE JULHO DE 1911 - LISBOA: VÉSPERA DE MAIS UMA CORRIDA DE JOSÉ BENTO DE ARAÚJO...



TOURADAS

Praça do Campo Pequeno

É o seguinte o programma da corrida nocturna de amanhã, promovida pelo cavalleiro José Bento d'Araujo.

1º para Manoel Casimiro: 2º para Cadete e Thomaz da Rocha; 3º para o espada Gallito; 4º para José Bento d'Araujo; 5º para o espada Cocherito, (intervallo); 6º para José Casimiro; 7º para Manoel dos Santos e Ribeiro T.; 8º para o espada Gallito; 9º para o espada Cocherito; 10º para Thomaz da Rocha e Jorge Cadete.


In A CAPITAL, Lisboa.

6 DE SETEMBRO DE 1911 - BRASIL: O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO E O AMADOR JOÃO COUTINHO



TOURADAS

O amador João Coutinho

Parte em breve para Manaus e outros pontos do Brazil este valente e distincto bandarilheiro amador.

É sabido que João Coutinho, tão estimado entre nós, conta no Brazil, sobretudo no Pará, onde esteve com José Bento d'Araújo, innumeras sympathias, devido ao successo que alcançou na época passada.

João Coutinho parte independente de qualquer empreza.


In A CAPITAL, Lisboa.

31 DE AGOSTO DE 1911 - MONTEMOR-O-NOVO: JOSÉ BENTO DE ARAÚJO



TOURADAS

Praça de Montemor-o-Novo

No proximo domingo realisa-se a segunda corrida da temporada, que a empreza organisou com elementos superiores.

Tourearão a cavallo o festejado artista José Bento d'Araujo e o amador Manuel Peres, e a pé o novilheiro Malagueno, Francisco Xavier, Luciano Moreira, José Costa, Alfredo dos Santos, João d'Oliveira, Innocencio Angelo, lidando-se touros do sr. Francisco da Silva Victorino.

N'esse dia tambem ali se realisa a festa annual e por isso haverá comboios a preços reduzidos entre Lisboa, Montemor e as estações intermediarias.


In A CAPITAL, Lisboa.

24 DE AGOSTO DE 1911 - ALGÉS E CACILHAS: A MULHER HOMEM E AS VEDETAS



TOURADAS

Praça d'Algés

Os numerosos frequentadores da praça d'Algés vão têr ensejo, no proximo domingo, de vêr, mais uma vez, e agora com vistoso programma a valente toureira La Reverte, a mulher-homem, como lhe chamam actualmente por ter alcançado em Hespanha, auctorisação para andar vestida de homem, e assim poder continuar a sua carreira artistica, visto ali ser defezo as mulheres tourearem.

É pois, o caso de sensação da semana a vinda de La Reverte á praça d'Algés n'esse dia, e decerto não lhe faltará concorrencia, por que além d'este attractivo outros tem a corrida de seguro efeito.

Haverá parte séria confiada a applaudidos artistas, e parte comica, em que o popular Antonio Preto, promette conservar em permanente gargalhada todos os espectadores.

Quanto a La Reverte toureará dois touros a sós.

A tudo isto accresce serem os preços d'esta corrida excessivamente baratos.

Praça de Cacilhas

A empreza d'esta praça organisa para o proximo domingo uma corrida, que deve attrahir grande concorrencia graças aos attrativos que a recommendam. Pela primeira vez, trabalharão alli cavalleiros e bandarilheiros conhecidos e forcados do Campo Pequeno.

Será, pois, uma festa a que ninguem faltará, porque o publico gosta d'estes espectaculos e por pouco dinheiro passa uma agradavel tarde.


In A CAPITAL, Lisboa.

12 DE AGOSTO DE 1911 - LISBOA: JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NO CAMPO PEQUENO



TOURADAS

Praça do Campo Pequeno

Realisa-se amanhã, no Campo Pequeno, como temos dito, a mais excepcional corrida da temporada. Os ninos sevilhanos, tendo como espadas Limeno e Gallito, José Bento, José Casimiro, Rocha e Ribeiro Thomé, são os artistas que a empreza contractou, pertencendo os touros ao lavrador Emilio Infante.

É o seguinte o detalhe da corrida:

1ª parte - 1º touro, José Bento d'Araujo; 2º, Theodoro Gonçalves, Jorge Cadete e Ribeiro Thomé; 3º, espadas Limeno e Gallito; 4º, José Casimiro; 5º, espada Gallito. Intervallo. - 2ª parte - 6º touro, Morgado de Covas; 7º, Jorge Cadete e Thomaz da Rocha; 8º, espada Limeno; 9º, José Casimiro e José Bento d'Araujo; 10º, Bandarilheiros das quadrilhas dos espadas.


In A CAPITAL, Lisboa.

30 DE JULHO DE 1911 - ALGÉS: PADEIROS, SAPATEIROS E ALFAIATES E O ACTOR TOUREIRO PRETO



TOURADAS

Praça d'Algés

A corrida de domingo, em Algés, está despertando o maior interesse ao publico, e nas classes a que é dedicada - padeiros, sapateiros e alfaiates - pois os numerosos amadores que tomam parte n'ella garantem uma tarde de sensações. Ao mesmo tempo, não só os numeros de arte que se annunciam, como também os trabalhos ultra-comicos do actor-toureiro preto Antonio Teixeira e de outros valiosos cooperadores, garantem um espectaculo original e unico, sendo de esperar, portanto, que a praça tenha uma enchente á cunha.


In A CAPITAL, Lisboa - 26 de Julho de 1911

22 DE OUTUBRO DE 1893 - LISBOA: JOSÉ BENTO DE ARAÚJO REGRESSA DE PARIS



Praça de touros

É hoje que se realisa na Praça do Campo Pequeno a tourada em que toma parte o arrojado cavalleiro José Bento de Araujo, que ha muito não temos podido admirar por estar contractado em Paris.


O curro pertence ao afamado creador sr. visconde da Varzea.

É de esperar grande concorrencia. E não faltarão ovações a José Bento d'Araujo e aos demais artistas.

SPECTATOR


In A SEMANA DE LISBOA - SUPPLEMENTO DO JORNAL DO COMMERCIO, Lisboa - 22 de Outubro de 1893

20 DE AGOSTO DE 1893 - LISBOA: A PRIMEIRA CORRIDA NOCTURNA NA PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO



Praça de touros

É hoje que se realisa a primeira corrida nocturna na praça de touros do Campo Pequeno.

A experiencia da luz electrica, que de allumiar a praça, foi feita na sexta feira, em espectaculo gratuito, offerecendo então a empreza um garraio para ser corrido por amadores.

O espectaculo attrahiu enorme concorrencia, a que não foi de certo indifferente a franquia da entrada. A illuminação produziu bom effeito que ainda pode ser melhorado com algumas lampadas que abatam a penumbra em que ficam alguns camarotes.

Viam se muitas senhoras na plateia, e cheias as bancadas.

O novilho que veio á praça era de boa raça, ligeiro, esperto, e tão vivo e desembaraçado que desenove vezes saltou a trincheira. Parecia que tinha dentro de si a alma d'um palhaço !

Saltaram á praça diversos amadores, que farpearam o novilho, e um que lhe fez uma pega de cara.

Emfim, foi um espectaculo divertido e alegre, e que serviu de annuncio á corrida que hoje se ha-de realisar, e que attrahirá grande concorrencia. Tudo depende da disposição do curro, que talvez preferisse á hora em que se dá a corrida, estar tranquillamento a dormir, no meio da charneca !

SPECTATOR


In A SEMANA DE LISBOA - SUPPLEMENTO DO JORNAL DO COMMERCIO, Lisboa - 20 de Agosto de 1893

13 DE AGOSTO DE 1893 - LISBOA: TOURADA E JORNALISTAS...



Praça de touros

Em um dos dias d'esta semana, a empreza da praça de touros do Campo Pequeno offereceu aos representantes da imprensa a corrida de um garraio matinal e reservado.

Já sabiamos que todo o jornalista tem obrigação de, nas questões sociaes mais complexas e difficeis, prendre le taureau par les cornes - no sentido figurado da phrase. Mas d'ahi a arrostar um touro de carne e osso, ainda quando tanto a carne como o osso sejam tenros, vae uma grande distancia. Pois essa distancia venceram-n'a ha alguns dias redactores de diversos jornaes de Lisboa. Apenas appareceu na praça o novilho, os jornalistas pondo de parte a penna e empunhando as bandarilhas, saltaram a farpear o animal, com a destreza, a galhardia e o denodo de verdadeiros capinhas! Houve pégas de cara, pégas de cernelha e pégas de rabo!

O garraio corria e pulava, perseguido pelos ares de ferros que o ameaçavam de todos os lados! Foi um verdadeiro sucesso tauromachico! E ao cabo de alguns minutos, o pobre animal escorria mais sangue, do que o que corre dos adversarios politicos aggredidos pelos mesmos jornalistas. Provou-se ainda uma vez que mais magôa e mais fere um bom par de farpas, do que um bom par de tropos!

A imprensa toda rejubilou com o exito dos collegas, e lançou o nome dos vencedores á posteridade!


In A SEMANA DE LISBOA - SUPPLEMENTO DO JORNAL DO COMMERCIO, Lisboa - 13 de Agosto de 1893