25 DE AGOSTO DE 1892 – PARIS: CORRIDA COM TOUREIROS ESPANHÓIS E CAVALEIRO PORTUGUÊS (na imprensa francesa)

 

Bibliothèque nationale de France


COURRIER DES THÉATRES

Aujourd'hui jeudi, à 3 heures, 18ème grande course de taureaux aux Arènes de la rue Pergolèse.

Au programme:

José Bento de Araujo, caballero en plaza; courses espagnoles avec Ojeda de Sevilla et sa cuadrilla; courses provençales avec le quadrille de Lombros; les picadores.



In LE PETIT PARISIEN, Paris – 25 de Agosto de 1892

3 DE SETEMBRO DE 1924 – LISBOA: A TRAPALHADA JORNALÍSTICA SOBRE A MORTE DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO (na imprensa portuguesa)


 

O cavaleiro José Bento de Araújo, meu tetravô
FOTO: © Rui Araújo

Arre-Diabo! Regouguei. Lamentei-me. Os jornalistas safardanas de outrora eram iguais aos de hoje. Era fartar vilanagem. E raramente prestavam o flanco. Fechavam-se em copas, não fosse o Diabo tecê-las... 

O vespertino lisboeta «A CAPITAL» publicou na quinta-feira, 3 de Setembro de 1924, a notícia do funeral do cavaleiro José Bento de Araújo.

OS QUE MORREM

José Bento de Araujo

«Pelas 16 horas, realizou-se o funeral do conhecido cavaleiro tauromaquico José Bento de Araujo.

O prestito funebre saiu da igreja do Coração de Jesus para o cemiterio dos Prazeres. No acompanhamento viam-se muitos artistas e aficcionados da arte de Montes.

Sobre o ataude foram depostos grande numero de coroas e ramos de flores naturais.

Fizeram-se representar no funeral as Associações dos Toureiros, Proprietarios de Trens de Aluguer, Empresa do Campo Pequeno, etc.

No cemiterio foram organizados varios turnos.»


Hemeroteca Digital de Lisboa

Nunca fiando, fui (quase um século depois dos factos e da notícia) confirmar a informação ao cemitério dos Prazeres. Ia o Maio fora.

O cavaleiro José Bento de Araújo, ao contrário do que narrou o jornal «A CAPITAL», não está nem nunca esteve ali enterrado. 

Os registos manuscritos do ano de 1924, disponíveis no Cemitério dos Prazeres, não deixam margem para dúvidas.

Estaquei à porta da Secretaria, mesmo à esquerda do portão principal do cemitério, decidido a perceber.

— Aqui é que ele não está! — proferiu o voluntarioso funcionário municipal que se acercara do balcão.

— E... E...

Ele não me deixou terminar a frase.

— Pelo nome da igreja de onde abalou o funeral e pela morada da casa dele, é capaz de ter ido para o Cemitério do Alto de São João... — arriscou o homem, mercê da sua experiência.

Prestei-lhe ouvidos. 

É certo que o cavaleiro José Bento de Araújo residia na rua da Sociedade Farmacêutica e que o corpo esteve exposto na Igreja do Coração de Jesus. Estes dois locais ficam mais perto do cemitério do Alto de São João, na zona oriental de Lisboa.

A IGREJA DO SANTÍSSIMO CORAÇÃO DE JESUS

A igreja paroquial do Santíssimo Coração de Jesus era uma das mais modestas da capital. Ficava no local onde está, hoje, implantado o Instituto Cervantes, perto da UAL. Era um edifício do risco do arquitecto Manuel Caetano de Sousa, que datava de 1780. 

«A freguesia eclesiástica, desanexada das de S. José, Pena e S. Sebastião, foi criada em Fevereiro de 1770, sob a denominação de Santa Joana, instalando-se no convento de Santa Joana, do qual passou, em 1780, para a igreja do Hospício dos Religiosos de Nossa Senhora do Carmo do Rio de Janeiro, na esquina da rua de Santa Marta para a rua do Loureiro, passando então a freguesia a chamar-se simplesmente do Coração de Jesus.»


Foto cedida graciosamente pela Igreja Paroquial do Sagrado  Coração de Jesus

«Entretanto ia-se construindo o templo próprio paroquial, em terreno cedido por Cristóvão de Sousa da Silva d'Alte, correndo as despesas pela Irmandade do Santíssimo da qual fazia parte o 12º Conde de Redondo, D. Francisco de Sousa Coutinho. A transferência da freguesia para a sua igreja do Coração de Jesus realizou-se em 30 de Maio de 1790. Entre 1877 e 1880 a igreja recebeu grandes obras de restauro, estando o culto então suspenso. Está projectado um novo templo nas imediações, mais vasto e de melhor arquitectura» - (Fonte: CML).

Uma nova igreja com a mesma invocação, denominada hoje «Igreja Paroquial do Sagrado Coração de Jesus», foi edificada na rua de Santa Marta nos anos 60 do século passado.


A nova igreja foi construída a escassas centenas de metros da antiga
FOTO: Rui Araújo

A igreja (construída noutro espaço) foi  inaugurada no dia 19 de Junho de 1970. Hoje, conta com duas missas diárias. O nome foi, entretanto, alterado em 2021 por questões meramente burocráticas (registo nas Finanças).

 «O complexo paroquial é composto por 3 corpos articulados por um pátio central, que estabelece uma ligação pedonal com a Rua de Sta. Marta. O corpo principal destina-se à igreja, enquanto que os outros acolhem serviços de apoio social e educativos. A igreja, organizada por pisos, apresenta no topo o espaço principal, por baixo deste a cripta e o cartório e na base o salão paroquial e a capela mortuária. O espaço da igreja, uma ampla nave trapezoidal de altura considerável, com o santuário iluminado por claraboia elevada, surge envolvido por uma galeria superior formando balcão. Uma capela saliente junto à entrada, destinada ao batistério, é dedicada atualmente ao Coração de Jesus.

 A igreja, com uma excelente acústica, possui um orgão de fabrico inglês, colocado sobre a tribuna lateral onde se situa o coro.»  — indica a CML no seu sítio internet.


A única estátua da nova igreja
FOTO: Rui Araújo

Ainda não eram as 10 da manhã quando o amável sacristão da paróquia, Paulo Lopes, me levou para uma sala atrás do átrio. Foi buscar os «Assentos de Obitos» da «Freguezia do Coração de Jesus» relativos aos «anos de 1924 a 1925». Ausentou-se menos de um minuto e volveu com um livro aberto nas mãos.

— Página 36. Está tudo aqui...

Assim, nem o Diabo nos agarrava...
FOTO: Rui Araújo

Os meus olhos correram o assento 160 de uma ponta à outra. Lentamente. Era mesmo aquilo que eu procurava: «Bento Jose d'Araujo ou Jose Bento d'Araujo».

FOTO: Rui Araújo

«Bento Jose d'Araujo ou Jose Bento d'Araujo». Li e reli aquelas linhas porventura com algum pudor, envergonhado com a devassa da morte alheia.

A Igreja cuidava das leis dos homens, das leis divinas e dos registos civis.
FOTO: Rui Araújo

Em dois de Setembro de mil novecentos vinte e quatro, ás dezassete horas, na rua Sociedade Farmaceutica, onze (NOTA: O número correcto é 6, 6ª e 6B), res do chão, desta freguesia do Santissimo Coração de Jesus, de Lisboa, falleceu um individuo do sexo masculino = Bento Jose d'Araujo que tambem usava o nome de Jose Bento d'Araujo = de setenta e dois anos, industrial, natural da freguesia d'Ajuda, desta capital, morador na referida residencia, casado em segundas nupcias com Dona Carolina Infantes Fonseca Araujo e filho legitimo de Domingos Jose de Araujo e Dona Custodia de Jesus. (???) E foi sepultado no cemitério publico oriental desta cidade (NOTA: Cemitério do Alto de São João), em jazigo. E ignoro os demais esclarecimentos. Do que lavrei este, que assigno.

O Coadjutor - Joao Nunes Monteiro

A CASA DE JOSÉ BENTO DE ARAÚJO

O cavaleiro tauromáquico residia no número 6 da rua da Sociedade Farmacêutica  (a escassos metros de uma entrada lateral do Hospital dos Capuchos).





IMAGENS: Google Earth

José Bento de Araújo era o proprietário de um edifício que ainda hoje ostenta na frontaria as suas iniciais  (J.B.A.), uma carranca (cabeça de cavalo) e um grande painel de azulejos (com José Bento de Araújo, montado num alazão na praça do Campo Pequeno, em Lisboa) no centro.

O CEMITÉRIO DO ALTO DE SÃO JOÃO

 «Em 1833, a crescente mortalidade da população lisboeta, causada por um surto epidémico de cólera, levou à criação do Cemitério do Alto de São João para suprir as necessidades da zona oriental da cidade, na altura situado “fora de portas”, zona rural de grandes quintas. Aqui podemos conhecer um pouco da nossa história desde o século XIX até aos nossos dias.

O reboliço ou o alvoroço do (outro) mundo não chega aqui nem por sombras...
FOTO: Rui Araújo

O edificado arquitectónico é tanto de autoria desconhecida como de arquitectos ou canteiros conceituados. Temos, por exemplo, na entrada do lado esquerdo o Jazigo dos Beneméritos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, do arquitecto Adães Bermudes e, à direita, o Jazigo dos Viscondes de Valmor, mecenas das artes e criador do Prémio de Arquitectura com o seu nome, do arquitecto Álvaro Machado, ladeado por quatro estátuas dos escultores Costa Mota, Fernandes Sá, Tomás Costa e Moreira Rato (sobrinho) que representam respectivamente a Arquitectura, a Escultura, a Gravura e a Pintura.

A mesma solidão de sempre e para sempre - não se enxerga vivalma
FOTO: Rui Araújo

Os heróis da implantação da República são também objecto de homenagem, nomeadamente, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda, Elias Garcia, António José de Almeida, Machado Santos, Heliodoro Salgado, Borges Grainha, entre outros.

A eternidade é capaz de ser demasiado longa...
FOTO: Rui Araújo

De realçar o jazigo de homenagem aos Beneméritos da Cidade e os dois talhões privativos, um destinado aos Bombeiros Voluntários, o outro aos Combatentes, bem como a cripta dos Combatentes, a cargo da Liga dos Combatentes.

Cá se fazem e lá se pagam?
FOTO: Rui Araújo

Entre jazigos e sepulturas onde repousam figuras de destaque nas mais variadas áreas, das letras às artes, da ciência à política, lado a lado com cidadãos anónimos, encontramos os túmulos de figuras femininas que se destacaram na vida social e política como republicanas e activistas, percursoras de movimentos pacifistas e femininos, nomeadamente, Ana de Castro Osório, Adelaide Cabete, Angelina Vidal e Maria Veleda.

Arrenegar e Demónio e, por vezes, os vivos, também...
FOTO: Rui Araújo

Em 1925, foi aqui construído o primeiro forno crematório do país desativado onze anos depois, por motivos políticos e retomado o seu funcionamento em 1985.

A entrada principal do cemitério do Alto de São João
FOTO: Rui Araújo

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, falecido em 18 de Junho de 2010, foi uma das figuras públicas aqui cremada, bem como Álvaro Cunhal, político antifascista e ministro nos primeiros quatro governos provisórios, falecido em 13 de Junho de 2005, cujas cinzas foram depositadas, num dos cendrários existentes: Oriente, Jardim da Saudade e Jardim da Memória, este último inaugurado em Abril de 2013.»

O RESTO DA HISTÓRIA

Fui, portanto, ao cemitério do Alto de São João à procura do meu tetravô cavaleiro. Eram 2 da tarde. Àquela hora não se enxergava vivalma. Apesar de tudo (dos mortos e do sofrimento dos que cá ficaram) aquela terra era perfeitamente desinfeliz para mim...


O alvoroço de existências passadas ou tão simplesmente o caos imaginado
FOTO: Rui Araújo

 Benzi-me, acocorado como quem não quer a coisa, diante de uma campa sem vultos ou sombras negras. Era preciso arrenegar o demónio. Sempre. Era como lutar. Crenças e gestos que o hábito tecia...

Na Secretaria, fui atendido por um funcionário amável que me cedeu o livro dos «Registos dos Enterramentos» da CML relativo ao período «4 de Abril a 19 de Dezembro de 1924».

Li a prosa lavrada em letra redonda.

3 DE SETEMBRO DE 1924

Número de ordem: 4445

Número do boletim ou guia: 288 da paróquia de Camões.

Os registos dos que partiram há uma eternidade...
FOTO: Rui Araújo

«Bento José de Araujo, ou José Bento de Araujo, filho de Domingos José de Araujo e de Custodia de Jesus, natural de Lisboa, com 72 anos de idade,  casado, comerciante, residente na Rua Sociedade Farmacêutica, 18 r/c, faleceu no dia 2 de Setembro de 1924 às 17 h.»

Causa da morte: «doença cronica».

Caixão de chumbo.

«Dia e hora do enterramento: 3 de 9 – 17 h», tendo sido sepultado no jazigo 3362.

O jazigo 3362 do cemitério do Alto de São João
FOTO: Rui Araújo
.
Um carimbo azul (e caligrafia de cor vermelha) indica que foi «retirado para a vala (comum) em 1988/02/01».

«Retirado para a vala» em 1988
FOTO: Rui Araújo

Fui no encalço do afável funcionário.

— É possível saber a quem pertencia o jazigo 3362? — indaguei com voz gutural.

O homem abanou a cabeça a dizer-me que não.

— As primeiras folhas do processo desse jazigo desapareceram. Só há informação a partir de 1930 e muitos...

Deixá-lo. 

Mesmo assim, apesar do sentimento de impotência, fui ver o jazigo 3362. 

Duas senhoras muito bem postas entraram comigo na carrinha do cemitério. Fui o primeiro a apear-me. O dedicado motorista municipal, o Senhor Rui (que trabalha aqui há uma eternidade), propôs ir buscar-me depois, mas recusei. Gosto de cemitérios e de caminhar...

O jazigo 3362 (o maior na imagem) tem a inscrição «MANUEL DOMINGUES ROSA E FAMILIA».
FOTO: Rui Araújo

Acerquei-me do jazigo 3362. Na ruela desolada nenhum ruído se percebia. Mas o mais estranho ali ainda era a paz que irradiava daquelas pedras assombrosas. Feitas as contas, nem o Diabo conseguia agarrar-nos por aquelas bandas...

Não vá a desgraça mais longe: feitas as contas nada resiste ao tempo e tudo acaba em ficção
FOTO: Rui Araújo

Um pouco mais tarde, noutro lugar e já na presença de outras gentes, mergulhei nas fotos do «REGISTO GERAL DOS ENTERRAMENTOS".

Um registo decisivo para o apuramento da verdade dos factos
FOTO: Rui Araújo

Afinal em 5 de Dezembro de 1924 (NOTA: pouco mais de dois meses após o funeral!) o cavaleiro José Bento de Araújo foi «trasladado para o jazigo 1283». Era esse o destino definitivo!


De acordo com a página 43 do documento relativo ao jazigo 1283, sito na Rua N.º3 lado esquerdo, o proprietário inicial foi Joaquim Antonio d’Almeida Carvalho. Foi antes de 1871, pois em 28 de Fevereiro desse ano foram aí depositados os caixões de chumbo de D. Margarida Pinto dos Reis Carvalho e de D. Maria Henriqueta.


O primeiro dono do jazigo 1283: Joaquim Antonio d'Almeida Carvalho
FOTO: Rui Araújo

Os números (o jazigo 1283 mede, por exemplo 1,27 m por 2,25m), as datas e os nomes dos ocupantes sucedem-se: 28 de Fevereiro de 1871, 10 de Junho de 1872, 21 de Agosto de 1876, 19 de Outubro de 1924, 11 de Novembro de 1924 e 5 de Dezembro de 1924, a primeira referência factual ao cavaleiro José Bento de Araújo.

A concessão caducou em 1990
FOTO: Rui Araújo


«Em 5 de Dezembro de 1924 foram depositados os restos mortais de Bento José d'Araujo ou José Bento de Araujo, que estavam no jazigo nº 3362 em caixão de chumbo, chapa nº 24 497, prescrito em 5 de Dezembro de 1926.»

A morte é a morte...
FOTO: Rui Araújo

Acabei por apurar alguns factos sobre a morte do valente e alegre cavaleiro José Bento de Araújo. Alguns…


O jazigo 1283 está abandonado há décadas
FOTO: Rui Araújo

Só me falta descobrir quem era Joaquim Antonio d’Almeida Carvalho, o amigo generoso que acolheu os restos mortais do meu tetravô sem perdas nem lucros. Eu quase apostava que a solução do enigma começa pela segunda letra do alfabeto. B como Brasil...


Um dia o jazigo 1283 irá a leilão. Um dia...
FOTO: Rui Araújo

Tentarei também saber mais coisas sobre as mulheres que marcaram a sua vida. Temas para as minhas próximas crónicas sobre José Bento de Araújo.

À margem do inferno terreno para alguns corre outro mundo...
FOTO: Rui Araújo

NOTA FINAL

O meu bem-haja aos anónimos que me ajudaram: os homens e as mulheres dos cemitérios dos Prazeres e do Alto de São João, do Arquivo Fotográfico da CML, e o sacristão da igreja do Coração de Jesus. Pelo menos a esses…


11 DE OUTUBRO DE 1891 - PARIS: ESPANHÓIS E PORTUGUESES NA 21ª TOURADA DA TEMPORADA (na imprensa francesa)


 
Bibliothèque nationale de France

FOYERS ET COULISSES

Aujourd'hui à 2 heures 1/2, 21ème grande course de taureaux aux arènes de la rue Pergolèse. 

Au programme: Angel Pastor, Valentin Martiin et leurs cuadrillas; José Bento de Araujo, caballero en plaza, et les picadores.

Pédrille.

In LE PETIT JOURNAL, Paris – 11 de Outubro de 1891

23 DE SETEMBRO DE 1906 - RIO DE JANEIRO: JOSÉ BENTO DE ARAÚJO CONTRATA O CAVALEIRO SIMÕES SERRA ANTES DA INAUGURAÇÃO DA TEMPORADA (na imprensa brasileira)

 

Tauromachia

Para dar todo o brilhantismo as proximas touradas que se realisarão no redondel do Campo de Marte, a empreza José Bento de Araujo contratou mais o cavalleiro Simões Serra, que tantos admiradores conta nesta capital.

In JORNAL DA BRASIL, Rio de Janeiro - 14 de Setembro de 1906

NOTA: Programa da inauguração da temporada:

— A cuadrilla a estréar é composta dos artistas espanhóis e portugueses:

Cavalleiros: José Bento de Araujo e Antonio Nobre Infante.

Espadas: Antonio Segura, Segurito e Trini Perez, Machaquito.

Bandarilheiros: Alexandre Vieira, Alfredo Santos, Manuel Pinheiro, Luiz Canario e Manuel Lola.

Serão lidados seis valentes bichos portugueses, oriundos das acreditadas ganaderias de D. Caetano de Bragança e Estevam de Oliveira

20 DE SETEMBRO DE 1891 – PARIS: A 18ª TOURADA DA TEMPORADA (na imprensa francesa)

 

Bibliothèque nationale de France

FOYERS ET COULISSES

Dimanche prochain à trois heures, dix-huitième grande course de taureaux aux Arènes de la rue Pergolèse. Au programme : Valentin Martin, le Mateїto et leurs cuadrillas ; José Bento de Araujo, caballero en plaza, et les picadores.

In LE PETIT JOURNAL, Paris – 18 de Setembro de 1891

1898 - LISBOA: «LA ZARZUELA», A CIÚMEIRA AMOROSA E O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO (na imprensa espanhola)

 


Biblioteca nacional de España

A TRAGEDIA ENGRAÇADA

Que no significa, como pueden entender oídos castellanos, «La tragedia engrasada» ó con pringue, sino «La tragedia graciosa».

Es la manera de hablar de los portugueses.

En un anuncio del teatro Real, de Lisboa (NOTA: Real Coliseu de Lisboa), se dice de la zarzuela de Javier de Burgos y Chueca titulada Cádiz.

«Zarzuela militar de grande espectáculo.»

Como pudieran anunciar «San Franco de Sena, zarzuela teológica.»

Pues bien; ignoro quién haya sido el protagonista en la tragedia engraçada, pero leo que la víctima escogida debió de ser María Montes.


MARÍA MONTES
A Comedia Portuguesa - 1889

¡Desgraciada María!

¡Ella tan dulce y tierna «todavía,»

ser la causa inocente

del trágico furor de un pretendiente!

¡ Ella, que no es capaz, salvo la parte,

ni de hacer tanto así fuera del arte!


Pues bien; la hermosa María Montes, nuestra contemporánea tiple y buena moza, ha conseguido un triunfo en el teatro Real de Lisboa.

Fué el caso que un personaje inmensamente rico que había pasado algunos años en Africa, no se dice si con taparrabos, se sintió enamorado de María.

Y el hombre se declaró, sin duda, después de obsequiar varias veces con ramos de flores y suspiros de vapor.

Y aun no se sabe si la cantaría, como el personaje de El último figurín:

«En Mozambique

cambié de trajes

y fuí cacique

de mil salvajes.»

Pero la artista no admitió las galanterías y rechazó os dos pies de portugués.

Proyecto este una venganza ruidosa.

«Patear» en escena á María Montes.

Compró el desdeñado y exafricano amante cierto número de billetes para repartirlos, como lo efectuó, entre varios vendedores de periódicos y cocheros y otras corporaciones igualmente aristocráticas, para que patearan á la barbiana, aunque tiple, María Montes.

Llegó la noche elegida para la venganza.

Cantaba nuestra compatriota en El plato del día, según unos autores, Certamen nacional, según otros.

El amante furioso entró en la sala cuando empezaba la representación de una de las citadas obras calderonianas.

Le acompañaban algunos amigos.

Los pateadores estaban en sus puestos, aguardando ó toque do corno para arrancarse.

Por fin sonó.

Os doscientos pes de conjurado empezaron á marcar el trote corto.

El público, que no creía que la artista había dado pie al galán ni al coro de caballerías, protestó ruidosamente y tocó las palmas á María Montes.

Apagados los fuegos de los pateadores, continuó la representación.

Pero cuando volvió á presentarse en escena y á cantar María Montes, se repitió la «escandalera.»

Conoció el público el juego y ahogó los gritos y las coces, digámoslo así, salvando las partes, de los conjurados.

El jefe tuvo que salir del teatro, arrostrando las manifestaciones de la concurrencia.

La artista consiguió una de esas ovaciones que forman época en los fastos teatrales.

Temióse por la vida de la Montes en los primeros momentos.

Parece que habían mediado cartas amorosas y versos del amante á la «diva.»

Se habla de un poema que con el título de A Maricada, dedicó el enamorado cavalleiro á nuestra compatriota.

JOSÉ PEREIRA PALHA BLANCO (ganadeiro)
Câmara Municipal de Mafra

Nadie sabe adónde puede llegar una pasión, aunque sea en la lengua de Palha Branca, Camoens y (José) Bento de Araujo. - E. DE PALACIO.

In EL IMPARCIAL, Madrid - 22 de Agosto de 1889