27 DE AGOSTO DE 1894 - ALMADA : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO PROMOVIDO A DIRECTOR DE CORRIDA MALGRÉ LUI...

 
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Almada

            Com pouco mais de meia entrada, effectuou-se na segunda feira na praça de Almada a tradicional corrida da segunda-feira dos Cyrios. Apezar dos vapores transportarem para a Outra Banda milhares de pessoas que se iam divertir, a praça não logrou encher-se como era costume nos annos anteriores. É verdade que o anno passado já tinha acontecido o mesmo. Foi então a primeira vez que isto succedeu.

            Nos cartazes e programmas apparecera annunciado o cavalleiro Alfredo Tinoco e o grupo de forcados amadores dirigido por Armando da Fonseca. Nem um nem outros se exhibiram. O cavalleiro foi Adelino Raposo e os forcados os do Fressura.

            A corrida foi muito regular e pode-se mesmo dizer boa. Os touros dos acreditados lavradores Robertos cumpriram, apparecendo mesmo alguns bravos.

            O cavalleiro pouco fez que augmentasse os seus creditos. Foi colhido duas vezes, uma d'ellas perdendo estribos e com respeito a trabalho que podesse ver-se, nada fez.

            Dos bandarilheiros sobresairam Theodoro e Cadete, principalmente o primeiro, que além de bandarilhar com correcção, passou de capote e muleta muito regularmente, e por isso merece os maiores elogios, pois bem demostra a boa vontade que tem de se tornar conhecido como artista, que sabe mais alguma coisa que bandarilhar. Theodoro possue incontestavelmente um dom especial para o toureio e se seguir aquelle caminho, virá a ser um artista dos que não ha e tanta falta fazem.

            Cadete bandarilhou muito bem, mas com franqueza, lamentamos que não vá mais além de bandarilhar, dedicando-se a passar, com o que muito ganharia em todos os sentidos. O publico applaudio-os e com justiça.

            João Roberto bandarilhou bem, sendo applaudido.

            Roberto Junior, apezar de ser filho de peixe... não sabe nadar. Desmancha se todo, não vê chegar os touros e sobretudo não levanta os braços o que é um defeito notavel.

            Os amadores Ramos e Gonçalves teem boas disposições para o teoureio : bandarilharam bem, sendo applaudidos como mereciam.

            Apenas houve duas pegas dignas de menção : uma de cara e outra de costas feita pelo Fressura, como nunca vimos. Foi de lado nas astes do touro, sem ajudas, aguentando-se valentemente. Foi alvo d'uma grande ovação.

            Houve um grande borborinho entre o publico e o director da corrida o sr. Cruz por não querer mandar pegar o 5.º touro. Uma algazarra infernal. Como era intervallo, o director da corrida levantou-se e na sombra dirigiu-se a um espectador, que o tinha insultado na sua vida particular — certamente é digno de censura todo o individuo que usa de tão repugnante expediente n'uma praça de touros — e mandou-o prender, no meio dos protestos do publico, prisão esta que não foi mantida. Quando o sr. Cruz ia a retomar o seu logar, foi recebido no meio de grandes apupos, vendo-se o administrador na necessidade de o chamar ao camarote e ir o cavalleiro José Bento (de Araújo) acabar de dirigir a corrida, terminando assim o conflicto.

            O sr. Cruz foi acompanhado até á ponte dos vapores por uma força da municipal.

            Em resumo : uma boa corrida animada, com borborinho e algumas carteiras roubadas.

D. JOSÉ TENORIO.


In A TOURADA, Lisboa - 2 de Setembro de 1894

3 DE MAIO DE 1888 - LISBOA : A PROPÓSITO DE TOURADAS E POLÍTICA...

 


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Por ahi...

            Hontem, no Rocio, o homem dos cartazes tinha acabado de pregar um.

            Um cartaz, está entendido.

            Quando o homem dava a ultima pincelada, parou uma pessoa para lêr o cartaz.

            Depois parou outra.

            Depois parou mais outra, e assim foram parando todas as pessoas que passavam. E o mais extraordinario é que não paravam só as que passavam ao pé do cartaz : as que transitavam a distancia acercavam-se tambem logo, a passo estimulado, apenas bispavam lá de longe uma grande cabeça de toiro, impressa ao centro do papel e em dimensões sufficientes para não passar desappercebida mesmo á vista desarmada.

            Depois, as mesmas pessoas começaram a retirar a uma a uma, pela mesma ordem chronologica porque tinham chegado, ao passo que vinham vindo outras a tomar-lhes o logar, attrahidas lá de longe pela tal cabeça de toiro em que já tivemos a honra de fallar, e que era assim, mal comparado, como o santelmo misericordioso da esperança, que vem incutir animo no espirito desorientado dos nautas semi-perdidos.

            Para o caso presente, os nautas semi-perdidos são os afficionados da Praça do Campo de Sant'Anna.

            O mais curioso, porém, era que todos os que liam o cartaz se affastavam desanimados, abanando tristemente a cabeça, ao passo que os que se acercavam para lêr, traziam nos labios um sorriso de contentamente intimo e no olhar a centelha rutilante de fogo que illumina as almas esperançadas.

            Acercámo-nos tambem, lançámos um olhar sobre os caracteres de variadas côres, e tudo de prompto comprehendemos !

            O cartaz annunciava uma toirada qualquer ahi para fóra de Lisboa e o que todos imaginavam, ao vêr de longe a tal cabeça de toiro enganadora, era que se tratava d'uma toirada na praça do Campo de Sant'Anna.

            Á noite, o café Marrare, que é o grande oriente dos amadores tauromachicos, tinha o aspecto grave da ante-camara d'um enfermo illustre em seguida ao desideratum da junta medica haver lavrado a fatal sentança anniquilando as derradeiras esperanças !

            — Está tudo acabado ! murmurava-se baixinho, n'aquelle tom de receio que precede as grandes esplosões de dôr ; está tudo acabado na praça do Campo de Sant'Anna ! Não mais toiros de Emilio Infante ! Não mais sortes de gaiola dos Robertos ! Não mais saltos de garrocha do José Peixe ! Não mais navarras do Sancho ! Não mais ferros curtos do José Bento (de Araújo) ! Não mais berratas do Seis Dedos ! Não mais descomposturas no intelligente Botas !

            — Oh ! Botas da minh'alma ! oh ! Botas do meu coração ! oh ! Botas das minhas entranhas !

            E cahiam todos na tal explosão de dôr, chorando nos braços uns dos outros, regando-se mutuamente as golas dos casacos de lagrimas ardentes, que sulcavam — pela primeira vez — aquellas faces bronzeadas pelo sol de mil combates... tauromachicos !

            E é que a attenção publica está decididamente virada para este caso das toiradas.

            Nem as sessões do parlamento, nem o movimento agricola do paiz, nem o augmento do preço da carne nos talhos municipaes, nem a segurança dos theatros, (NOTA : Este artigo foi publicado poucos dias depois do incêndio do Teatro Baquet no Porto, que na madrugada de 20 para 21 de Março de 1888 fez dezenas de vítimas e deixou a cidade de luto) nem a questão bancaria, nem o Coquelin, (NOTA DA MESMA EDIÇÃO DO JORNAL: «Está a chegar a Lisboa o celebre actor Coquelin, uma das glorias mais brilhantes do theatro frances e que o nosso publico teve já occasião de apreciar e festejar como elle tão justamente merece. D'esta vez Coquelin demora-se entre nós um curto espaço de tempo, dando apenas tres recitas, mas isso será o bastante para que possamos patentear-lhe a grande admiração que temos pelo seu talento e a grande sympathia que nos merece o seu caracter, de cuja largueza Coquelin dá uma prova, anuindo como anuiu da melhor boa vontade a ir de proposito ao Porto tomar parte no espectaculo que alli se realisa em beneficio do tão intelligente como desventurado artista Cyriaco de Cardoso.» NOTA : Domingos Cyriaco de Cardoso - 8 de Agosto de 1846-16 de Novembro de 1900. A história do «insigne artista tripeiro, um dos maiores artistas na nossa raça» pode ser consultada aqui: https://bibliotecacasadoinfante.cm-porto.pt/sh_tripeiro/online/trip/t21031.pdf ) nem o governo, nem a politica, nem o lausperenne, nem o Oliveira Mattos lhe importam agora absolutamente para nada !!!

O Teatro Baquet ficava na rua de Santo António, hoje denominada rua 31 de Janeiro.
FOTO : Internet

            No que ella pensa é em toiradas, com o que ella se preoccupa é com toiradas, o que ella quer é as toiradas. Déem-lhe toiradas e uma cabana — ou a morte !

            Interroguem os velhos, perguntem ás mulheres, inquiram (mas sem levantar inquerito, pelo amor de Deus...) inquiram das creanças, syndiquem (mas sem formarem syndicato, pelas cinco chagas do Nosso Senhor Jesus Christo...) syndiquem dos interditos, e verão como todos lhes respondem a uma só voz, como uma grande massa coral rigorosamente ensaiada pelo maestro (NOTA : maestro de coros)  António Duarte — que tambem é distincto amador tauromachico :

            — Queremos toiradas ! venham toiradas ! salta toiradas !

            O caso é de tão grave importancia que chega até a affirmar-se ter sido por causa das toiradas que sahiu do governo civil o nobre marquez de Pomares, o mais illustrado, o maior esmoler e o mais respeitavel de todos os governadores civis — não desfazendo em quem está presente, como é uso dizer entre pessoas finas.

            E nós acreditamos que assim fosse, em parte, sendo effectivamente essa demissão produzida pelo natural embaraço em que s. ex.ª se encontrou tendo a revogar uma ordem que anteriormente dera.

            E essa resolução formal não significa por modo algum a insistencia caturra d'um espirito vaidoso que não quer dar o seu bracinho a torcer, senão antesm a presistencia (persistencia) sensata de quem, tomando uma resolução firmada no voto officialmente reconhecido como competente, entende não dever revogar tal resolução para não desconsiderar esse mesmo voto.

            Os peritos tinham dado a sua opinião ; o sr. marquez resolveu conforme a opinião dos peritos. Os protestos da opinião publica vieram contrariar a opinião dos peritos e o sr. marquez, reconhecendo talvez razão á opinião publica, mas não querendo desfeitar a opinião dos peritos, isto é, collocado entre o Scylla do seu bom sendo de homem illustrado e o Carybdes da sua lealdade de fidalgo brioso, optou pela unica das soluções dignas : demittir-se, para não descontentar nem a opinião do publico nem a opinião dos peritos.

            Este acto, como outros do sr. marquez, assumindo pessoalmente a inteira responsabilidade de quanto praticam os seus subordinados, define bem a lealdade do seu caracter e está perfeitamente d'accordo com as tradicções da velha aristocracia, lembrando a isenção briosa dos velhos fidalgos, que acolhiam e deffendiam quantos lhes transpunham as muralhas do solar pedindo coito, sem que buscassem sequer indagar-lhes a proveniencia.

            A resolução do sr. marquez de Pomares faz-nos gastar dois bilhetes de visita : um para s. ex.ª dando-lhe os parabens, outro para o districto de Lisboa dando-lhe os pesames.

Tarantula.

In OS PONTOS NOS II, Lisboa - 3 de Maio de 1888

In OS PONTOS NOS II, Lisboa - 3 de Maio de 1888

11 DE JUNHO DE 1909 - FARO : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NAS PRIMEIRAS CORRIDAS DE TOUROS CELEBRADAS NO ALGARVE

 
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Festas de Faro

            Decorreram com brilho inferior ao do ultimos annos as chamadas festas da cidade, que nos dias 11, 12 e 13 de junho se realisaram na capital da provincia.

            Pode bem dizer-se que salvaram a situação as duas magnificas touradas que se effectuaram na praça recentemente construida no alto de Santo Antonio.

            Era imponente o aspecto da praça em cujas amplas bancadas se apinhavam alguns milhares de espectadores, avidos de um espectaculo que para a grande maioria era de completa novidade.

            O gado saiu bom, merecendo geraes elogios o lavrador sr. Nuncio.

            O arrojado cavalleiro tauromachico, sr. José Bento d'Araujo bem como os lidadores bandarilheiros foram largamente applaudidos, muito embora nem todos fossem sempre felizes.

            Algumas pégas boas, distinguindo-se o popular Fressura, que é um valente. O grupo de moços de forcado foi bem acolhido pelo publico.

            É opinião geral que as lides tauromachicas pegam nesta provincia. Não deixa duvidas a ninguem o enthusiasmo com que decorreram as duas primeiras touradas no Algarve.

            São dignos do maior louvor os arrojados emprezarios que, luctando contra todos os preconceitos e desanimos, levaram por diante o seu intento, dotando a capital algarvia de uma obra que muito ha-de contribuir para a sua animação.

            A direcção da empreza que é constituida pelos srs. dr. Virgilio Inglez, João Tavares Archanjo e Francisco José Pinto Junior, resolveu agora introduzir alguns melhoramentos na praça, que aliás se acha construida nas melhores condições sob a intelligente direcção e risco do sr. Joaquim José Raphael Pinto, que mais uma vez affirmou a sua provada competencia.

            Seriamos injustos se não lembrassemos aqui com o louvor que merece o distincto afficionado portuense, sr. Emygdio de Campos, que obsequiosamente dirigiu, a contento unanime, as duas corridas.

            Entre os restantes numeros das festas de Faro, merecem especial menção os exercicios de bombeiros e de sport, no campo de S. Francisco e as regatas.

            Do mais não ha registo especial a fazer.

In GUADIANA, Vila Real de Santo António - 8 de Julho de 1909

11 DE JUNHO DE 1909 - FARO : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NA INAUGURAÇÃO DA PRAÇA DE TOUROS DA CAPITAL DO SUL

 


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Chronica de Faro


FESTAS E TOUROS

            Corre já a estas horas os dois hemispherios a noticia dos ruidosos festejos projectados para os dias 11, 12 e 13 do proximo mês de junho.

            Deu volta ao mundo a fama das festas da cidade de Faro, ensaiadas com imprevisto exito no anno ultimo.

            Como tentativa, não poderia esperar-se melhor resultado ; como demonstração de bom gosto e interesse pelos progressos da branca e linda capital do sul, não podia ser mais lisongeira a impressão quem em todos ficou.

            Mas este anno é que as festas projectadas vão exceder toda a humana espectativa. Anda espalhado já por toda a parte o vasto e magnifico programma.

            É a festa da arvore com o deslumbrante cortejo e as populações escolrares ; é o tiro aos pombos com todos os imprevistos accidentes desta especie de torneios ; é a batalha das flores com as suas equipagens esplandentes de arte ; são as illuminações geraes afogando a cidade num diluvio de côres ; são os fogos de artificio arrebatando a nossa vista numa polychromia prodigiosa ; são as regatas ; são as exposições ; é a kermesse. Musicas triumphaes encherão de harmonias as nossas ruas e praças. As casas de espectaculo offerecerão aos nossos numerosissimos hospedes os numeros mais apreciados dos seus repertorios. Que sei eu?...

            Depois haverá, por occasião das festas, nas tardes de 12 e 13, duas esplendidas touradas, com a inauguração da prça em conclusão, no Alto de Santo António, num dos sitios mais apraziveis da cidade.

            Em cada uma dessas tardes serão lidados oito bravissimos touros, apartados a capricho das manadas do conhecido lavrador Joaquim Mendes Nuncio, de Alcacer.


Toureará nessas duas promettedoras tardes o arrojado cavalleiro português José Bento de Araujo, tão conhecido pelos seus triumphos nos principaes colyseus tauromachicos do país e do estrangeiro.

Em ambas as corridas tomarão parte o afamado diestro hespanhol D. Antonio Trujillo (El Malagueño) e os laureados bandarilheiros Manoel e Alfredo dos Santos, Alexandre Vieira, João d'Oliveira e Luciano Moreira. Um valente grupo de forcados, d'Almada, exhibirá a sua nunca desmentida coragem.

            Da direcção e intelligencia das duas corridas está encarregado o distincto afficionado portuense, sr. Emygdio Augusto Campos.

            Uma das melhoras bandas da provincia abrilhantará as corridas.

            O que serão estes sensacionaes espectaculos dizem-nos o enthusiasmo e a impaciencia com que estão sendo aguardados pelos povos desta cidade e concelho e os instantes pedidos de bilhetes que cada dia estão affluindo de todos os pontos da provincia e da visinha Hespanha.

            Para a maior parte dos algarvios as touradas são uma novidade. Pois as que vão realisar-se em 12 e 13 de junho, nesta cidade, são de molde a satisfazer ainda os mais exigentes.

            A los toros, portanto.

Raul Dourado


In GUADIANA, Vila Real de Santo António - 27 de Maio de 1909

12 DE MAIO DE 1904 - CAMPO PEQUENO : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO ASSISTE À MORTE DO SEU AMIGO FERNANDO DE OLIVEIRA

 


Hemeroteca Digital - Biblioteca nacional de España

CRÓNICA PORTUGUESA

            Día de luto fué esta fecha para el toreo portugués.

            Lidiábanse toros de D. Manuel Infante, por cuadrillas hispano-lusitanas, á cuyo frente figuraban, Bombita-chico y Chicuelo, los que fueron muy aplaudidos por la numerosa concurrencia.


Interior da praça de touros do Campo Pequeno no dia da tragédia
La Fiesta Nacional - Hemeroteca Digital - Biblioteca nacional de España

            El séptimo toro, fué causante de una horrible desgracia.

            Hallábase el bicho emplazado y en defensa, lo que dificultaba grandemente la faena de los rejoneadores (NOTA: Fernando de Oliveira e José Bento de Araújo); el bravo Fernando d'Oliveira había intentado varias veces sin fruto alguno, rejonearle á la media vuelta. Entonces el caballero, salió á los medios, con ánimo de rejonear de frente, pero quedóse eel toro en el centro de la suerte, no obedeció el caballo con la rapidez necesaria, y el bicho alcanzóle derribándole junto con el gallardo ginete.

            El buey, corneó repetidas veces al informe grupo que en la arena formaban el infeliz rejoneador y el caballo, acudieron las cuadrillas prontamente al quite, y al llevarse al toro, levántase el caballo coceando con furia al caballero d'Oliveira.

            Reconocido en la enfermería se le observó la fractura completa del cráneo con salidade de la masa encefálica, cuya herida, causóle la muerte.

O grande cavaleiro Fernando de Oliveira
Biblioteca nacional de Portugal

            La desgracia ha sido profundamente sentida, por las arraigadas simpatías que en todo Portugal, tenía el infortunado caballero. — EL CORRRESPONSAL

In LA FIESTA NACIONAL, Barcelona - 21 de Maio de 1904

NOTA : 

Ver também :

https://corridasportugalespanafrance.blogspot.com/2025/02/12-de-maio-de-1904-lisboa-morte-do.html

https://corridasportugalespanafrance.blogspot.com/2025/05/12-de-maio-de-1904-campo-pequeno-o.html

https://corridasportugalespanafrance.blogspot.com/2025/02/12-de-maio-de-1904-lisboa-1-touro-jose.html

18 DE AGOSTO DE 1892 - LISBOA : AS NOVAS PRAÇAS DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO E DE ALGÉS (E OS CARTAZES DAS INAUGURAÇÕES)

 
Bibliothèque nationale de France

DOS CARTELES

            Aunque son algo modernas las fechas de inauguración de los circos de Campo Pequeno y de Algés, pocos aficionados se acordarán de los carteles que anunciaron las corridas de toros con que abriereon sus puertas dichos circos.

            Y la razón es sencilla. Los carteles, aun los más artísticos, gozan una vida efímera. Aguardados con interés y curiosamente leídos en vísperas del espectáculo, concluído éste pierden la oportunidad, han terminado su corta existencia ; así resulta que pasan al olvido, reemplazados por los que vienen á informar al público de la próxima fiesta que ha de celebrarse.

            Los antiguos carteles de toros, en Portugal, poca novedad presentaban ; pero la apertura del nuevo circo de Lisboa vino á desarrollar esta clase de anuncios, dándoles una nota más artística, no sólo en la ejecución del dibujo, sino en la mejor armonía de colores.

            El pueblo de Lisboa, aficionado como el que más, y que durante cinco años estuvo sin plaza de toros — porque la antigua de Campo de Santa Ana (Sant'Anna) fué demolida en 1888 — aguardó con el mayor interés y entusiasmo la inauguración del nuevo circo.

Praça do Campo de Sant'Anna, Lisboa.
FOTO : Arquivo CML

            El día 18 de Agosto de 1892 — un jueves — celebróse, en fin, el estreno de plaza, y el público pudo entonces gozar su diversión favorita. El deseo de asistir á la fiesta fué extraordinario. El papel anduvo por las nubes y pagáronse localidades á precios inversosímiles, pues los revendedores explotaron bien el negocio.

            ¡ Aquello fué el disloque y una... desilusión! Porque la corrida resultó mala, pero mala de verdad.

            Para el estreno había contratado la empresa lo mejorcito de nuestra torería ; pero el ganado, de Emilio Infante da Cámara, resultó muy ordinario.

Praça do Campo Pequeno, Lisboa. 
FOTO : Arquivo CML

            Rejonearon Alfredo Tinoco y Fernando de Oliveira, (NOTA : O cavaleiro José Bento de Araújo encontrava-se nessa altura fora de Portugal. De facto, permaneceu em França entre 1891 e o Verão de 1893. Seguidamente actuou em Espanha - San Sebastián, por exemplo, em meados de Agosto de 1893. Depois de trabalhar durante mais de um ano na praça de touros da rue Pergolèse, em Paris, actuou nos circos taurinos de Nimes, Avignon, Marselha, Mont-de-Marsan, Béziers, etc. entre 1891 e 1893) y fueron banderilleros Vicente Roberto, Roberto da Fonseca, José J. Peixinho, Sancho, Calabaça, Raphael Peixinho, J. Roberto, Vicente Méndez, Pescadero, y Felipe Aragó, Minuto. (NOTA : Felipe Aragó Lozano «Minuto» - 1855-1897)


Vicente Mendéz (Pescadero) «con capote de paseo».
FOTO : Beauchy - Biblioteca nacional de España

            Para conocer las buenas intenciones de los cornúpetos, basta decir que fueron acogidos los siguientes banderilleros : Vicente Roberto, Roberto da Fonseca, José Peixinho, Minuto y Pescadero !!! Los dos últimos, de tal manera que ingresaron en la enfermería y no pudieron seguir trabajando.

            El domingo siguiente, 21 de Agosto, celebróse la segunda corrida, que fué algo mejor.

            Trabajó Valentín Martín, que, como se comprende, tuvo la particularidad de ser el primer espada que toreó en el redondel de Campo Pequeño.

            De los toreros que inauguraron dicha plaza, Tinoco, Vicente Roberto, José Peixinho y Minuto han muerto. Roberto da Fonseca, Sancho, J. Roberto y Pescadero están retirados del arte.


Praça de touros de Algés.
FOTO : Arquivo CML

            La inauguración de la plaza de Algés también se efectuó un jueves, 23 de Mayo de 1895.

            El ganado, que resultó regular, procedía de las vacadas del inteligente aficionado y ganadero Victorino Froes.

            Formaban la cuadrilla los aplaudidos rejoneadores Alfredo Tinoco, José Bento de Araujo, Fernando de Oliveira y Manuel Casimiro, acompañados de nuestros banderilleros J. Roberto, Theodoro Gonçalves, Jorge Cacete y Francisco Saldanha, y de los españoles Felipe Aragó, Minuto, Vicente Méndez, Pescadero, Rodas y Moyano.

            En la segunda corrida, celebrada el 25 de Mayo, fué contratado el espada Antonio Fuentes.

            Mi amigo Fernando Viegas, buen aficionado y distinguido amateur fotográfico, tuvo la idea de sacar sendos clichés de dichos carteles. Por eso sirven estos ligeros apuntes para acompañar los respectivos fotografados, quedando así archivada en las páginas de SOL Y SOMBRA, para conocimiento de los aficionados venideros, la forma gráfica en que fueron anunciadas las corridas de inauguración de las dos plazaz que actualmente posee la capital portuguesa.

SEGISMUNDO COSTA.

Lisboa.

Cartaz da inauguração da Praça do Campo Pequeno.
FOTO : Sol y Sombra - Biblioteca nacional de España

Cartaz da inauguração da Praça de Algés.
FOTO : Sol y Sombra - Biblioteca nacional de España

In SOL Y SOMBRA, Madrid - 6 de Março de 1902

8 DE OUTUBRO DE 1914 - LISBOA : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NA CORRIDA À ANTIGA PORTUGUESA EM FAVOR DOS FERIDOS DA GUERRA NA PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO


 

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PARA OS FERIDOS DA GUERRA

A tourada de hoje no Campo pequeno

O festival d'esta noite deve revestir o maximo brihantismo

            Realisa-se hoje, ás 21 horas e 30, na praça do Campo Pequeno, a grande tourada á antiga portugueza promovida pelo Seculo em favor da nossa subscrição para os feridos da guerra.

            Como temos anunciado, na arena do Campo Pequeno entrarão os côches-berlindas que conduzem os cavaleiros e o espada Bienvenida, sendo esses côches tudo o que ha de mais rico e luxuoso. Os cocheiros e moços de estribeira levam rigorosas librés ; os arreios dos cavalos são lindissimos e as patas d'esses cavalos serão prateadas, o que certamente no conjunto produzirá um efeito magnifico.

            Além d'isto, muitos figurantes entram n'esta grande e aparatosa festa, constando de reis d'armas a abrir o cortejo, arautos, passavantes, numerosos criados de libré, banda de charameleiros, com fatos fornecidos pelo acreditado guarda-roupa Cruz, da rua do Mundo, pagens, neto, andarilhos, carecas, papagaios, etc.

            Os pagens serão os meninos Eduardo, filho do nosso colega de redacção Esculapio ; Luciano, filho do bandarilheiro Luciano Moreira ; Adriano Freitas e N. N., todos vestidos a rigor, com fatos completamente novos, fornecidos pelo costumier Castelo Branco, que tem sido de uma amabilidade extrema para com a comissão da tourada.

            As carruagens que conduzem á praça os lidadores foram generosamente cedidas pela Companhia Nacional de Carruagens da rua de D. Pedro V, 107, e pela alquilaria do sr. Antonio Prudencio, rua da Junqueira, 220, duas das casas que melhores veículos de aluguer possue Lisboa. O carro-réclame foi gentilmente cedido pelo sr. Anastacio Fernandes, e as respectivas parelhas pelo sr. José Bento de Araujo.

            O grupo de forcados é composto dos valentes pegadores Chico Marujo (cabo), Manuel Fressura, José Russo, Mocadas, Antonio da Taberna, Vicente (da calçada de Carriche), Joaquim da Jeronima e Antonio das Cebolas, que faraõ, ao uso antigo, a chamada «Casa da guarda».

            O detalhe da lide é o seguinte :

            1.º touro para José Bento (de Araújo) ; 2.º para Cadete e Manuel dos Santos ; 3.º para Tomaz da Rocha e Luciano Moreira ; 4.º para Morgado de Covas ; 5.º para Ribeiro Tomé e Daniel do Nascimento ; 6.º para Rufino Pedro da Costa : 7.º para Custodio Domingos e Leopoldo Alves ; 8.º para Paulo Massano e João Froes ; 9.º para Morgado (de) Covas : 10.º para Manuel dos Santos e Luciano Moreira

In O SÉCULO, Lisboa - 8 de Outubro de 1914

15 DE AGOSTO DE 1894 - BARREIRO : UMA CORRIDA COM «BOIS DE CHARRUA»...

 


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BARREIRO

            Com 10 bois de charrua das manadas do sr. Sabino d'Almeida Fernandes, effectuou.se na praça d'esta villa a annunciada corrida com transporte gratis nos comboios e vapores que deu em resultado uma enchente á cunha.

            O cavalleiro José Bento (de Araújo) para conseguir metter alguns ferros nos 3 touros que lhe pertenceram, foi á custa de muito trabalho, obrigando á força a marrar os bois. Um d'elles era tão fino que o cavalleiro teve de pegar em ferros curtos, chegar-lhe o cavallo á cabeça, bater-lhe com os ferros e esperar depois a investida para lh'os metter. Por isto já se pode calcular de que raça elles eram. José Bento (de Araújo) foi applaudido, sendo digno dos maiores elogios pelo seu incansavel trabalho.

            Dos bandarilheiros cabe as honras da tarde a Torres Branco, que bandarilhou muito bem, fazendo marrar os touros, procurando por todas as formas, saindo até a sesgo que rematou muito bem. Bregando, incansavel, chegando mesmo a ser demasiado o trabalho. Os collegas encostavam-se á barreira, e elle lá andava sempre na arena. O publico applaudiu-o e com toda a justiça. O amador Salgado bandarilhou bem, sendo muito applaudido. Francisco Saldanha menos mal e os restantes artistas nada fizeram nem poderam.

            Joseito nada fez que agradasse.

            Dos forcados apenas fizeram pegas: Perdigão e Armando da Fonseca. O primeiro uma rija de costas e o segundo uma valente de cara, ficando como Adão no Paraizo, quando saiu da cabeça do touro. Os dois rapazes tambem executaram uma valente pega á volta. Não houve mais nenhuma pega porque não houve touros para isso. Os forcados unidos e disciplinados. Foram chamados e applaudidos Perdigão e Armando.

            Os touros  do sr. Sabino Fernandes, já se sabe, tudo manso. Foi engano. Aquelles bois eram para o matadouro. Houvem quem affiançasse, que o lavrador cedeu aquelle curro com grande instancia, pois tinha tenção de o correr no Campo Pequeno, caso alguem caisse em lh'os alugar. Parabens ao lavrador.

D. JOSÉ TENORIO.


In A TOURADA, Lisboa - 19 de Agosto de 1894

17 DE JULHO DE 1887 - LISBOA: UMA CORRIDA DIFERENTE NA PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO DE SANT'ANNA

 
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SALÕES, PALCOS E CIRCOS

            A toirada de domingo na praça do Campo de Sant'Anna esteve ainda superior a quantas lhe antecederam.

Todos os bois capricharam em patentear ao publico a bondade dos seus corações doirados, a pureza das suas almas candidas, a singeleza dos seus caracteres inoffensivos ; e assim, receberam pacificamente, sem tugir nem mugir, quantos molhos de lenha a generosidade dos bandarilheiros houve por bem espetar-lhes no cachaço.

            O mais que faziam, coitadinhos, era murmurar em voz baixa, ao receber um par de bandarilhas :

— Apre ! que esta canga tem picos.

            Ora vejam até onde póde chegar a ingenuidade de um boi de carro !


            O toiro farpeado pelo José Bento d'Araujo é que desmanchou aquelle santo conjuncto de bondade e de innocencia.

            Não convém que a empreza torne a trazel-o á praça, porque é muito bravo e póde preverter os caracteres dos outros boisinhos mansos.

            Um dos bois que couberam ao Alfredo Tinoco, por mais que este o citasse, não fazia senão correr para cá e para lá, de ventas ao chão, como o perdigueiro que fareja o rasto da perdiz, ao ponto do lavrador lhe perguntar muito intrigado :

            — Que Diabo procuras tu?...

            Ao que o boisinho respondeu com a sinceridade d'uma alma christã :

            — Ando á procura de nóra, senhor meu amo...

            D'uma vez em que o clarim deu signal para a retirada do cavalleiro, promovendo alguns protestos, exclamou um espectador que estava ao nosso lado, stygmatisando o procedimento do Botas :

            — Fóra ! fóra ! o intelligente está doido !

            Chamamos sobre o caso e sobre o Botas a attenção do dr. Senna : um intelligente... doido quer dizer que o Botas está epileptico larvado...

G. F.


In OS PONTOS NOS II, Lisboa - 21 de Julho de 1887