28 DE MAIO DE 1893 - NIMES: UMA TOURADA QUE SERÁ PARA ESQUECER...

 


Biblioteca nacional de España

APLAUSOS Y VAPULEOS

            El próximo domingo torearán en la plaza de Nimes los acreditados espadas Juan Jiménez (el Ecijano) y José Rodríguez (Pepete), si para dicho día se encuentra restablecido de la grave cogida que sufrió en Talavera (NOTA : Talavera de la Reina) el 15 del corriente.

            Las reses que se han de lidiar pertenecen á la ganadería de Aleas, tomando parte además el célebre rejoneador portugués José Bento D'araujo.

            Oportunamente publicaremos los apuntes que «Mosca», corresponsal nuestro en dicha población, ha de remitirnos.


In EL ARTE TAURINO, Madrid - 27 DE MAIO DE 1893

9 DE ABRIL DE 1905 - PORTO : CORRIDA FRACA COM TOUROS MANSOS NA PRAÇA DA ALEGRIA

 


Biblioteca nacional de España

Estafeta taurina

            Porto (Portugal).—Corridas verificadas en las plazas de Alegría y Sierra del Pilar, el día 9 de Abril.— En los carteles se anunció como inauguración de la temporada, en la primera de dichas plazas, una corrida con diez toros de la ganadería de Manuel Correia Branco, la cual resultó menos que mediana, porque allí no hubo toros, ni toreros, ni nada, en fin, que asemejarse pudiera á lo que la empresa quiso que fuese, quien seguramente no pensó en dedicar á la lidia ganado tan manso, receloso y difícil de manejar, ni que los diestros hubieran descendido á la categoría de siniestros, sobre todo Machaquito y Revertito, que no pudieron estar peor.

            Como rejoneadores figuraban (José) Bento d'Araujo y Manuel Casimiro, y en calidad de banderilleros, los portugueses José Martins y Carlos Gonçalves, con los españoles Punteret, Manuel Rodas, Pataterillo, Chatín y Ochoita, quienes se esforzaron por agradar en sus respectivas faenas, lo que no lograron por las pésimas condiciones de los toros.

            José Bento (de Araújo) quedó bien en el primero y en el sexto que le correspondió rejonear. (Manuel) Casimiro también se hizo aplaudir en los toros cuarto y octavo.

            Entre los de á pie, sobrealió Pataterillo, para quien fueron las ovaciones de la tarde.

            Revertito banderilleó al séptimo y fué cogido, sin consecuencias, quedando aceptablemente, lo mismo que su colega en el quinto.

            Ni uno ni otro pudieron lucirse con la muleta, pues quellos bueyes no estaban para filigranas.

            Los portugueses cumplieron como buenos.

            Los forcados realizaron pegas regulares.

            La corrida, en conjunto, no agradó ; entrada, floja.


In SOL Y SOMBRA, Madrid - 11 de Maio de 1905

10 DE SETEMBRO DE 1893 - BÉZIERS: CORRIDA COM TOUREIROS ESPANHÓIS E CAVALEIRO PORTUGUÊS JOSÉ BENTO DE ARAÚJO...

 


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Plaza de Toros

            Grande affluence dimanche, à la plaza, où Metodo devait estoquer le cinquième bicho de la corrida. Le paseo traditionnel s'effectue comme d'habitude et le 1er toro fait une entrée brillante. Après quelques passes de manteau, Metodo l'orne d'une excellente paire «al quiebro» que le public a soulignée par una tonnerre d'applaudissements ; un simulacre bien placé et enlevé presque immédiatement a terminé le travail de cette bonne bête, que nous devions revoir à la place du quatrième toro.

            Deuxième toro, moins bon que le précédent a fourni cependant au señor (José) Bento de Araujo l'occasion de produire un travail sérieux ; les javelines étaient placées d'une façon très convenable et avec un art dénotant un cavalier accompli ; les banderilleros Loquillo et Templao, ont piqué leurs fuseaux avec élégance, simulacre de Metodo, médiocre.

            Troisième toro, vigoureux ; il est reçu par Loquillo qui le cape de supérieure façon. Metodo, malheureux dans la pose du simulacre qu'il essaie de placer en vain à deux ou trois reprises et sans aucune passe de muleta, commence à indisposer le public, qui manifeste son mécontentement par d'énergiques sifflets.

            Le quatrième toro, mou, ne répond pas aux appels réitérés du caballero en plaza, qui fait néanmoins tout ce qu'il peut pour satisfaire le public. Cris et sifflets contre la direction qui fait remplacer le toro par le premier qui a déjà couru. A signaler une bonne paire «en la silla» par Metodo, qui place ensuite un bon simulacre.

            Le cinquième toro que le public attendait avec impatience, arrive, mais le picador n'a su tirer aucun parti de son rôle, aussi nous a-t-il fait assister à une parodie de la «suerte de vara» dont le public s'est fort amusé. Après le désamboulage, le toro est banderillé et arrive enfin au matador ; c'est le moment solennel, et toute l'attention du public qui asiste pour la première fois à la mort du toro, est concentrée sur Metodo, qui, après le brindis d'usage, s'avance vers l'animal, l'épée à la main.

            Quelques passes irrégulières de muleta et une demi-estocade à volapié portée delantera y baja, ont raison du bicho, qui tombe presque foudroyé, achevé par le puntillero.

            Résumé : course relativement bonne.

            Metodo, irrégulier en la brega, heureux à l'épée.

            De banderilleros : Loquillo et Templao.

            Picador, complètement nul.

            La direction a tenté un coup qui a réussi et elle ne s'arrêtera pas en si bon chemin, nous voulons bien l'espérer, et donnera avant la fin de la saison, une autre corrida, digne des vrais afficionados si nombreux que compte notre ville.

INTERIM.

In LE PUBLICATEUR DE BÉZIERS, Béziers - 15 DE SETEMBRO DE 1893

26 DE JANEIRO DE 2014 - LUGAR DA LOJA NOVA : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO, «A LOJA NOVA E A TAUROMAQUIA» (UM TEXTO DE PAULO BEJA PUBLICADO NO BLOGUE «BARREIRA DE SOMBRA»)

 


Biblioteca Digital de Castilla y León

«A LOJA NOVA E A TAUROMAQUIA»

            Desde muito novo, com 5, 6 anos, recordo os passeios de fim-de-semana dos meus pais pela então denominada voltinha saloia que viria a ser um dos motivos para me apaixonar pela Festa Brava. Todos no carro ao sábado depois do almoço desde a Castanheira para subir a Loja Nova até sair ao cruzamento da Agruela e depois voltar por Vila Franca e ir lanchar ao Central. Percurso curto mas divinal pois passava pelas quintas do José Falcão, que nunca vi pois estava quase sempre em Salamanca, José Júlio, que se tornou o meu herói, e Mário Coelho. O carro parava e víamos alguns dos seus treinos de salão e lá ficava eu maravilhado durante esses minutos mágicos.

        Foi pois com uma alegria intensa que voltei a recordar-me desses momentos na noite do passado sábado quando, pela mão do meu colega Carlos Silva e da direcção do grupo recreativo e desportivo de Loja Nova, se organizou uma tertúlia para recordar todas aquelas figuras da Festa Brava que habitaram em Loja Nova e mostrando afinal que desde tempos ancestrais da nossa História a ligação à tauromaquia esteve e ainda continua bem vincada nessa região.

            Essa história tão interessante foi focada em início de noite pelo historiador David Fernandes Silva que num discurso abrangente de grande comunicador recordou-nos que em 1313 já El-Rei D. Dinis vinha até aos campos de Loja Nova, antigamente conhecida como Zona de Santo António de Povos, para caçadas aos ursos com os seus nobres mas também para lancear toiros. A criação do oratório de Santo António e a fundação do convento do mesmo nome em 1402 por Frei Pedro de Alamancos torna mais conhecida essa região e as casas circundantes ao convento tornam-se esporadicamente habitações de Corte. Sabe-se que D.João II por enfermidade efectuava peregrinações com o seu séquito ao convento no ano de 1493, mas já antes Dona Leonor passava algumas semanas do ano em Loja Nova para refugiar-se do bulício da Corte e foi aí que recebeu Cristóvão Colombo aquando do seu regresso da descoberta das Américas. Em 1824 sabe-se da passagem de D. Miguel no pós-Vila-Francada por Loja Nova, onde como cavaleiro exímio marialvista, mas também toureiro a pé e pegador de toiros, veio fazer esses jogos de vacas na quinta do Visconde de Coruche. E sabemos que pela sua afición desmedida formou a primeira ganadaria brava com vacas espanholas do Duque de Verágua, ganadaria essa que levou o nome de Real Vacada de El-Rei D. Miguel. Politicamente sabemos também que Loja Nova foi entre 1891 e 1910 um dos locais em que as movimentações republicanas eram "cozinhadas" conduzindo à implantação da República.

            Já com o público cativado nas palavras, David Silva continua a deslumbrar-nos com histórias desta terra de monte, campo e quintas onde ficaram famosas várias na denominada época Farrobo, pois muitas eram propriedade do Conde de Farrobo, filantropo extraordinário que chegou a ter em loja Nova além da produção vitivinícola, criação de gado, montarias para caçadas, também uma fábrica de fios de seda de onde saíram magnificas criações para casacas de cavaleiro tauromáquico, estando algumas delas em exposição no Museu Relvas. Também os estribos da quinta do Palyart e os capotes da Quinta da Coutada tornaram-se famosos na altura pois as festas dos nobres que habitavam em Loja Nova convidavam toureiros e além das citadas anteriormente, as quintas da Reticôa, Desterro, Rosário, Boiça, Farrobo, Baixo, Belavista, Bacelos eram palco de festas com temática taurina e fala-se mesmo que entre os séculos 17 a 19 houve mesmo uma ganadaria de vacas bravas na região, lidadas em festas e vendidas também para Espanha que ficaram conhecidas como as vacas de Santa Sofia.

            Quanto a toureiros a cavalo e a pé que habitaram Loja Nova, a lista é deveras extraordinária e decerto que será tema para muitas mais tertúlias. Nos anais da história encontramos Domingos Poeira, avô do actor Barreto Poeira, mas também José Bento de Araújo, Fernando d’Oliveira, Luís do Rego, António dos Santos, grande empresário taurino mas também empresário do Coliseu dos Recreios, Ribeiro Tomé, um toureiro genial na altura e cujos descendentes seguindo a sua afición e dedicando-se à fotografia taurina mas não só, deixaram um espólio genial de imagens antigas agora pertença da Câmara Municipal de Vila Franca. Mateus Falcão, percursor de uma geração taurina, Francisco Rocha, Mestre Baptista, José Júlio e seu irmão Dário Venâncio, José Falcão, Mário Coelho, António dos Santos e José Agostinho dos Santos, enorme bandarilheiro e posteriormente empresário e apoderado de toureiros, António de Portugal e Vítor Mendes que actualmente vive numa destas quintas históricas, a Reticôa. Palmarés extraordinário de grandes figuras na história da tauromaquia em loja Nova.

            O Maestro Vítor Mendes teve de seguida a palavra e fez a ligação da sua afición e carreira a esta terra que abraçou desde há muito para viver e criar o seu refúgio taurino com casa, museu e tentadeiro em que recebe os seus amigos mas também fomenta aulas práticas aos seus alunos da escola de toureio José Falcão em que é mestre desde há 3 anos. Da paixão e brincadeiras ao toiro nas ruas de Vila Franca, para onde veio em pequeno desde Marinhais por motivo do trabalho de seu pai, à passagem pela banda do Ateneu Artístico vila-franquense em que começou a ir como músico todas as corridas na Palha Blanco. O conhecer o Mestre Cadório, sapateiro de afición desmedida que lhe deu alguns ensinamentos de toureio e o levou, assim como tantos outros de então, a pôr-se diante das primeiras reses. E depois o querer aprender mais José Júlio na Quinta da Boiça, aprendendo a técnica e o domínio, toureando em muitas festas dadas na altura pelo matador vila-franquense na sua casa. Os treinos de caminhadas e corridas entre loja Nova e Vila Franca quase diariamente, o lanche roubado às árvores de fruto, onde os golden e as laranjas eram deliciosos ao que diz, e depois desta aprendizagem todo o percurso até aos mais de 30 anos que leva de alternativa. A escola dos irmãos Badajoz em Coruche, o tornar-se bandarilheiro saindo com muitas figuras de então e a célebre corrida dos toiros de morte em Vila Franca em Maio de 1977, em que, pela sua prestação na quadrilha de Rayito der Venezuela recebe um convite do popular moço de espada e apoderado Gonzalito que o coloca em Sevilha e ao longo de 3 duros anos o eleva à categoria de matador de toiros tornando-se a figura mundial do toureio que todos conhecemos e tendo Loja Nova como o seu retiro diário.

            Agora a sua paixão, querer e entrega estão cem por cento direccionados à escola que dirige e onde tem 15 alunos desde os 8, 9 anos até aos 20. Foram esses jovens que fecharam a noite de tertúlia com demonstração de toureio de salão com comentários do Maestro mas também do director da escola José Manuel Rainho que desde 1988 acompanha todas as incursões dos jovens toureiros e comentou que este ano a escola vai estar presente em Ledesma, San Gil, Albacete, Salamanca, Badajoz,  Jerez, além dos intercâmbios anuais da Associação internacional de escolas de toureio. O certame das aulas práticas no cabo da Lezíria ocorrerá uma vez mais em Junho e Julho e congratulou-se especialmente com a inclusão de matadores portugueses na corrida de Colete Encarnado, numa homenagem da empresa Tauroleve à memória dos 40 anos sob a morte de José Falcão. António João Ferreira e Nuno Casquinha estão já contratados para essa tarde. Também este ano será a alternativa de Manuel Dias Gomes, ele também que passou pela escola vila-franquense, enquanto na primeira linha este ano contam-se com os nomes dos novilheiros Pedro Cunha, Pedro Noronha e João Martins. No tocante às dificuldades de fazer matadores de toiros portugueses, respondeu-se que no entanto a renovada fornada de bandarilheiros nacionais nasceram em grande número na escola de Vila Franca e são possivelmente mais de 30 os nomes que estão no activo.

            Foi pois com olés aos jovens que fechou a noite com quites de capote, tércio de bandarilhas e passes de muleta a cargo do puntero Pedro Noronha e os mais novos, João Gomes, João Guerra, Rui e Firmino, estes com apenas poucos meses de aprendizagem. No final Carlos Silva e Rui Fernando, organizadores do evento, anunciaram que irão promover este ano aulas de toureio de salão no centro recreativo, onde se poderão iniciar os novos aficionados e quem sabe mais algum futuro toureiro na região e em Março decorrerá mais uma tertúlia visto o êxito desta iniciativa. Tertúlia que encerrou em conversas noite fora aquecida pela linguiça assada, o pão e o bom vinho da região. Uma excelente noite de toiros em Loja Nova.

PAULO BEJA

NOTA : Este texto foi inicialmente publicado no blogue «BARREIRA DE SOMBRA» no dia 26 de Janeiro de 2014. Agradeço ao seu autor, Paulo Beja, e a António Lúcio (do blogue «BARREIRA DE SOMBRA») a amabilidade demonstrada e a autorização que me foi facultada para reproduzir aqui neste espaço a interessante prosa. Preservei o texto original, mas alterei duas ou três gralhas inócuas...


LINK:
https://barreiradesombra.blogs.sapo.pt/a-loja-nova-e-a-tauromaquia-por-613487

2 DE JULHO DE 1916 - LISBOA : O DECANO DOS CAVALEIROS JOSÉ BENTO DE ARAÚJO DIRIGE A «FESTA ARTÍSTICA» DO JOVEM JOSÉ CASIMIRO NA PRAÇA DO CAMPO PEQUENO

 
Praça do Campo Pequeno
FOTO: Arquivo da CML

TAUROMAQUIA

Campo Pequeno

            Dirigida habilmente pelo decano dos cavaleiros, José Bento de Araujo, fez-se ontem nesta praça a festa artistica, do jovem José Casimiro, hoje um dos artistas queridos por grande parte do publico frequentador das touradas.

            A casa estava literalmente cheia, retirando-se muita gente por não ter conseguido alcançar bilhete.

Praça do Campo Pequeno 16 - Bilheteira
Arquivo da CML

            Por varios motivos foi alterado o programa, dando em resultado grande parte dos nossos toureiros não trabalharem como sucedeu a Daniel e Custodio, tendo os demais apenas um touro de parceria e daí haver o seguinte:

            Um par de Teodoro, outro de Jorge, dois de Torres, par e meio de Rocha, dois meios de Luciano e um de Alfredo dos Santos.

            O espada Isidoro Marti «Flores» (NOTA : Isidoro Martí Flores Ferrando, "FLORES" - 1884 - 1921) foi o grande sucesso da corrida, bandarilhando com tanta arte, elegancia e correcção, que não tenho escrupulo em dizer que, depois do grande «Guerrita» (NOTA : Rafael Guerra Bajarano, «GUERRITA» - 1862 - 1941), ainda não tinha  visto igual ao que este grande toureiro fazia com bandarilhas.

            O sucesso do trabalho de «Flores» tocou as raias do delirio, sendo ovacionado como poucas vezes se tem feito a um toureiro.

            Com a muleta, mostrou apenas grande vontade de agradar, tendo comtudo alguns passos muito aproveitaveis; e com o capote esteve incansavel.

            Tem cartel feito. Felicito-o!...

            Agora vamos aos «festejados»: Manuel Casimiro teve no promeiro touro dois bons ferros; o primeiro comprido e um curto a rematar que foram superiores.

            No nono a duo, teve um curto tambem superior.

            José Casimiro, que já temos visto em tardes mais felizes, teve bela ferragem sendo o curto no touro a «duo», a fechar a lide, muitíssimo bom.

            Colheu grandes ovações e muitos brindes, entre estes, um lindo cavalo arreiado, oferta segundo ouvi dizer, de um amigo.

            Houve quatro boas pegas de Ventura, Antonio da Taberna, Eduardo de Santarem, e Chico Marujo, sendo este derrotado e saindo da cornea do touro, por não ter sido ajudado a tempo.

            Lamento que não se tivesse consentido a Daniel e Custodio bandarilharem o ultimo touro que lhes pertencia, para ceder a vez a «Flores», que se é um grande bandarilheiro, nós tambem gostamos de vêr os nossos trabalharem, demais quando aparece coisa que os esperte...

Zépedro

Biblioteca nacional de Portugal

In REPÚBLICA, Lisboa - 3 de Julho de 1916

8 DE SETEMBRO DE 1892 - PARIS : 22.ª CORRIDA DA TEMPORADA COM TOUREIROS ESPANHÓIS, FRANCESES E O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO FOI UM SUCESSO

 


Bibliothèque nationale de France

THÉATRES

Très bonne course hier, aux arènes de la rue Pergolèse. Le programme était le même que dimanche dernier. Mais ce qui fait le charme des courses de taureaux, c'est que suivant les dispositions de ces animaux, les toréadors peuvent toujours effectuer des passes nouvelles et différentes. Celles d'hier avaient pour caractéristique beaucoup de courage joint à une grande habileté. Aussi Remigio Frutos et sa cuadrille, les picadores Baulero, Sanchez et Niquet, ainsi que le brillant caballero en plaza José Bento d'Araujo ont-ils obtenu un vif succès, qu'ils ont d'ailleurs pleinement justifié et partagé avec le quadrille provençal de Marius Monnier.

            Dimanche prochain, 23ème course.

Jennius.

In LA LIBERTÉ, Paris - 10 de Setembro de 1892

21 DE ABRIL DE 1915 – ALGÉS : "CORRIDA INAUGURAL DA ÉPOCA" COM O CAVALEIRO FRANCISCO BENTO DE ARAÚJO (FILHO DE JOSÉ BENTO DE ARAÚJO)

 


Aerquivo da CML

TAUROMAQUIA

            Algés. — A corrida inaugural da epoca, que se realisa no domingo, começa ás 16.30 horas. Sendo corridos 10 bravos novilhos, vacas e touros. Como cavaleiros figuram no cartel Francisco Bento de Araujo e José Casimiro Gomes, do Cacém. N’essa tarde farão a sua apresentação os alunos da escola de Luciano.

Biblioteca nacional de Portugal

In O SÉCULO, Lisboa – 20 de Abril de 1915

9 DE JULHO DE 1893 - NIMES : CORRIDA COM TOUREIROS ESPANHÓIS, FRANCESES E O «CABALLERO EN PLAZA» PORTUGUÊS JOSÉ BENTO DE ARAÚJO

 


Bibliothèque nationale de France

PLAZA DE TOROS

            Nous voici enfin dans la phase brillante de la saison tauromachique, les courses prennent de plus en plus leur couleur et leur caractère espagnol et la ville de Nimes, à chaque Corrida de muerte, se trouve transformée comme aux jours de fête.

            Tout promet pour demain une corrida superbe. Les taureaux, que nous avons eu le plaisir de voir rue Henri IV, et qui proviennent de la ganaderia de Exmo señor don Henrique de Salamanca, nous ont paru beaux, bien armés, très ramassés sur leurs jambes nerveuses et en état de fournir une belle course.

            Les deux matadors qui doivent les combattre ne sont jamais venus dans notre plaza, mais ils nous arrivent précédés d'une réputation très méritée.

            Un de nos confrères espagnols nous apprend que, le 29 juin dernier, à la course donnée à Ségovie, El Gallo, le matador qui vient remplacer Fabrillo blessé a été très applaudi dans ses passes de muleta et ses coups d'épée ; sur la demande des spectateurs, l'oreille du deuxième taureau lui a été accordée.

            Le lendemain, 30 juin, à Burgos, il combattait avec Cara-Ancha six toros de la comtesse de Patilla, dans cette course 14 chevaux restèrent dans l'arène.

            El Gallo fut très applaudi à l'épée et à la muleta. Mais il excelle dans les passes de manteau à genoux et en posant ses banderilles de pied ferme il sait toujours se faire acclamer.

            Bonarillo, qui doit combattre à ses côtés, est un jeune diestro pour lequel la valeur n'a pas attendu le nombre des années ; c'est de tous les jeunes maestros celui qui jouit en Espagne de la plus grande réputation.

            Dans une de ses dernières courses, combattant avec Mazzantini et Lagartijillo, il a porté les deux meilleurs coups d'épée de la journée, qui lui ont valu de la part du public une grande ovation.

            Deux taureaux sont aussi réservés pour les rejonaderos (NOTA : rejoneadores). L'un combattu par Mlle Maria Gentis, la célèbre caballera en plaza qui fit courir tout Paris à la rue Pergolèse ; l'autre sera piqué par notre sympathique caballero, (José) Bento de Araujo, qui par son élégance et son habileté sait toujours provoquer l'enthousiasme.

            Avec tels éléments, nul doute que le course de demain ne soit réussie en tous points.


In LA CHRONIQUE MONDAINE, LITTÉRAIRE & ARTISTIQUE, Nimes - 8 de Julho de 1893

6 DE OUTUBRO DE 1907 - NIMES : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO É RELEMBRADO 14 ANOS DEPOIS DA SUA PRIMEIRA CORRIDA NAS ARENAS ROMANAS



Bibliothèque nationale de France

TOROS

LA GRAN CORRIDA ROYALE

DU 6 OCTOBRE 1907

            Par la plus belle journée du mois d'octobre 1907, les drapeaux flottaient au nord sur la grande citadelle de l'aficion', signe de ralliement pour les milliers d'aficionados et curieux venus des environs et de tous les côtés de la France pour assister à la Gran Corrida Royale !

            Aussi dès le matin, nos boulevards faisaient plaisir à voire : les terrasses des cafés étaient transformées en clubs taurins, les autos sillonnaient la chaussée, la joie était dans l'air, éclairée par un beau soleil !

            A trois heures, le coup d'œil de l'amphithéatre était majestueux, au moment où MM. Lamouroux et Roque, — les deux holocaustes de la journée  — prennent place aux côtés de M. le Maire de Nimes, MM. Lamouroux et Roque sont deux aficionados connaissant  à fond la lidia pour reconnaître que, s'il faut un lièvre pour faire un civet, il faut aussi des toros et des matadors de premier cartel, et non pas des toros de rebut — parmi lesquels un bœuf qui ne voulut pas «marcher» et qui fut banderillé à feu à la dernière corrida — combattus par un matador invalide et une bien jeune espada, si l'on veut donner l'illusion d'une gran Corrida royale !

            C'est qu'il est de l'intérêt de tous de veiller à la bonne organisation d'une gran Corrida, surtout quand elle porte l'étiquette de «royale» et que le prix des places est «royal» aussi. C'est plus important qu'une bouteille d'eau gazeuse sur laquelle on aurait collé «Champagne mousseux», car non seulement on trompe la confiance de nos nombreux visiteurs en diminuant la réputation de notre belle plaza, mais on donne encore prise aux incendies qu'il suffirait d'une étincelle pour allumer !

            Nous avons vu la grande espada royale El Tato et sa cuadrilla combattre de terribles veraguas (amphithéatre, 1 franc !) ; nous avons vu le grand Frascuelo combattre de formidables veraguas aussi ; nous avons vu, sous la direction Fayot, des corridas qui méritaient le titre de «royales» et pourtant le prix des places n'était pas aussi élevé : Cara-Ancha et le caballero en plaza (José) Bento de Araujo, Espartero, Guerrita, Fuentès, Mazzantini, El Gallo, Fabrillo (NOTA : Francisco Aparici Pascual, FABRILO), Bombita, Bombita-Chico, Minuto, et tant d'autres étoiles de la tauromachie, — et la superbe Corrida des six matadors, — ayant à combattre des toros de Veragua, de Saltillo, de Miura, d'Arribas, de Concha, etc. Tous ces grands noms n'éclipsent-ils pas ce pâle cartel de la Corrida royale du 6 octobre 1907, cette pitrerie de corrida qu'on croyait voir exécuter dans un manège par des clowns !

            Nous ne nous attarderons pas à raconter les maladresses des picadors, des banderilleros et des matadors aussi, sans compter l'«atravesada» de negrete. Tous ces acteurs, même les toros, étaient à peine dignes de figurer dans une représentation populaire à un franc !

            Quelques belles passes de Conejito, les trois paires de banderilles magistralement placées par Lagartijo, le travail élégant du caballero en plaza, méritent d'être enregistrés. Un point, et c'est tout.

            N'en déplaise aux chœurs de la chapelle taurine qui en chantent ses louanges  et aux thuriféraires franco-espagnols (plutôt espagnols que franco), la Corrida royale, de l'avis des aficionados (payants), n'a été qu'une royale fumisterie.

            Dans l'intérêt de notre bonne ville, qui, ce jour-là, est en liesse, dans l'intérêt de la Direction, si elle veut continuer à encaisser des recettes aussi colossales, qu'on ne lésine plus sur le choix des toros et que l'on choisisse des matadors de premier cartel, lorsqu'on voudra former une corrida de gala, car, malgré tout l'encens brûlé, sa fumée n'a pas empêché le public (celui qui paie) d'y voir clair et de s'écrier à la sortie de la Corrida :

            «La Direction a trouvé une mine d'or avec un petit cartel, tant mieux pour elle ; mais nous, spéctateurs, nous avons été roustis, tant pis pour nous ! Que la recette luit soit légère!»

            Félicitons le public de son calme et de sa dignité, car sa protestation aurait pu coûter cher à notre bonne ville !

GURITA.

In LA CHRONIQUE MONDAINE, LITTÉRAIRE & ARTISTIQUE, Nimes - 12 de Outubro de 1907

22 DE SETEMBRO DE 1893 - NIMES : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO ABALA PARA BÉZIERS ONDE DEVE PARTICIPAR EM MAIS CORRIDAS

 


Bibliothèque nationale de France

NOUVELLES ET ÉCHOS

            M. (José) Bento de Araujo, l'élégant caballero en plaza à qui nous devons le spectacle du plus gracieux et du plus hardi travail de fantaisie tauromachique qui ait été donné dans les arènes de Nimes, est parti hier soir pour Béziers où il doit combattre demain (NOTA : domingo, 24 de Setembro de 1893) des taureaux français.

In LA CHRONIQUE MONDAINE, LITTÉRAIRE & ARTISTIQUE, Nimes - 23 de Setembro de 1893

16 DE OUTUBRO DE 1892 - PARIS : AS CINCO ÚLTIMAS CORRIDAS DA TEMPORADA

 


Bibliothèque nationale de France

THÉATRES

            La direction des Arènes de la rue Pergolèse rappelle au public qu'il ne sera plus donné, cette saison, que cinq grandes courses aux dates suivantes : les 16, 23, 30 octobre, 1er et 6 novembre.

            Il n'y aura plus de courses le jeudi jusqu'à la fin de la saison.

            Pour les courses du 16 et du 23 octobre, la direction a engagé les quadrilles d'Angel Pastor et de Frascuelo, les pégadores africains, sans oublier José Bento d'Araujo, le caballero en plaza, et la charmante caballera Maria Gentis.

            Pour les courses suivantes, nous aurons également des toréadors de marque. Le programme détaillé sera donné ultérieurement.

            La salle sera chauffée.

            Un nouveau convoi de taureaux doit arriver samedi à deux heures et un deuxième le samedi suivant.

Jennius.

In LA LIBERTÉ, Paris - 14 de Outubro de 1892


3 DE JULHO DE 1910 – BELÉM DO PARÁ : O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO VIVE MOMENTOS ÚNICOS NO COLYSEU PARAENSE…


Hemeroteca Digital da CML

O Tiro e Sport no Brazil

Direcção de Villar du Paçô

Os sports athleticos e a tauromachia no Pará — A chegada de José Bento de Araujo a Belem — O «Tiro e Sport» e a sua acção incentiva no meio desportivo paraense — Minuciosa resenha.

            O esforço que sôergueo a regeneração desportiva, trabalhando por conseguil-a entre os mais carecidos de desenvolvimento e perfeição physica que é, insophismavel e imprescindivelmente, a actual geração que se levanta : o esforço, que attrahiu para as sensações do foot-ball o enthusiasmo da mocidade, que estuda, creando a primeira Liga Academica para animar e desenvolver tão proveitoso desporto no actual anno que deflue ; a penna abnegada que vem, contemporaneamente, de pregar com exito, tanto pelas paginas d’esta eloquente publicação, como nas columnas da imprensa paraense, a urgencia da rehabilitação do muque pela cultura dos exercicios, n’este formoso recanto da maior patria da America do Sul, acaba de lavrar na vanguarda d’essas suas inapreciaveis conquistas, posto que, para tanto, fosse obrigada ao sacrificio de atravessar por uma senda tortuosa, marchetada pelos espinhos da ingratidão de uns, pela ignorancia e snobismo de outros, o que n’este momento esquece e perdôa, — mais um triumpho !

            10:000 livros preciosos, as obras immortaes de Camões, Garrett, Camillo Castello Branco, Guerra Junqueiro e Eça de Queiroz, de envoltas com o glorioso pavilhão das quinas, e a dignidade da colonia portugueza, no Pará, ameaçadas da destruição de um incendio ; o maior vestigio da intellectualidade lusa no Amazonas, na phrase auctorisada de um distincto escriptor indigena, o Gremio Litterio Portuguez nos paroxismos de uma liquidação vergonhosa, porém, tendo contra isso a oppor-se a correcção da actual directoria, que, intelligentemente, lhe norteia os destinos, dos ex.mos srs. José Candido da Cunha Ozorio, presidente, Antonio Regalheiro Junior e Abel Lucena de Barros, secretarios, Alexandre Gouvêa Cardoso, thesoureiro, e de uma commissão de cavalheiros amigos, composta dos ex.mos srs. 1.º tenente Luiz Danin Lobo, consul portuguez, senador José Porphirio de Miranda Junior, Visconde de Monte Redondo, commendadores Joaquim da Silva Vidinha e Jorge Correia, dr. Guilherme Paiva, Francisco José Dias, Arthur Pires Teixeira, Jayme Abreu, Antonio d’Almeida Martins, Ulysses Reymar, Francisco Pinho, Abelard da Silva, Adolpho Braga, Arthur Silva, d’A Provincia do Pará, Luiz Guimarães de Barros, Amaro Lopes Abreu, Alexandre Rodrigues de Barros, Romualdo Torres, Agostinho Almeida, Manoel da Silva Fróes e outros, solicitando por intermedio d’esse mesmo esforço, do enthusiasmo desportivo que emaneceu ao calôr de tão eficaz propaganda, auxilios, que promptamente obteve, para a realisação de um festival, que com grande exito levou a effeito na estival tarde de domingo, 3 de Julho, no vasto redondel do Colyseu Paraense, poz-se a salvo d’esse naufragio imminente, pelos fartos proventos colhidos d’essa generosidade sem par, ao tempo em que deu azo para que o mesmo estimulo fizesse surgir da apathia condenavel em que jazia inerte, a uma evidencia de progresso até então entre si desconhecida, a mocidade academica, no cultivo proveitoso dos desportos athleticos, pondo-a em destaque, n’esse momento inolvidavel, ao lado dos que mais se tem distinguido pelo arrojo e destemôr, que tanta nobreza emprestou á fidalguia tradicional dos Marialvas, á linha smart e cavalleiresca por que bastante se evidenciou  a bravura incontestavel dos Tinocos.

            A exemplo do que se pratica no grande stadio dos Jogos Olympicos, dando ao certamen, cuja resenha passamos a descrever, um cunho deveras caracteristico, abriu a primeira parte de tão bello festival movimentado desfile de todos os sportsmen, que tinham a seu cargo o desempenho dos diversos litigios athleticos, que preenchiam essa distincta secção do programma, os quaes deram entrada na arena, com irreprehensivel garbo, trajando com as côres dos seus respectivos clubs e collegios, formando agrupamentos distinctos, e realisando apparatoso tour de promenade ao som de bôa musica, e sob applausos e festas da grande assistencia, que alli se dava ao mais apprasivel rendez-vous, e entre a qual pompeava, em toda a sua imcomparavel soberania o smartismo e a gentileza palaciana, das mais formosas mulheres, de todo este vasto e prodigioso orbe equatorial.

            Encerrada, com rarissima felicidade, essa original ouverture, passou a occupar a arena a Commissão Arbitral, nomeada para julgar as differentes provas athleticas, composta dos reputados desportistas srs. Jayme de Abreu, Antonio d’Almeida Martins, a qual tinha a servir-lhe, como chronographista, Ulysses Reymar, da correspondencia especial, no Pará, do Tiro e Sport, e como auxiliares os srs. Silva Junior e Francisco Pinho.

            Ordenado o primeiro litigio, saltos em altura (simples), empenharam-se com bastante calma, n’uma profia crescente, os seguintes sportsmen : Alberto Moraes e Argemiro Fonseca, do Gymnasio Archi-diocesano ; Manoel Rodrigues Moraes e Marianno Castro, do Royal-Club ; Nestor Moraes e Manoel Costa, do Instituto Lauro Sodré, ficando empate, esta prova, na consideravel altura de 1m,55.

            Annunciado o desempate para o dia 24 de julho, teve emfim solução o litigio, no court do Tennis-Club, pelo impulso audaz do valente sautmen Nestor Moraes, que voltou, sózinho, a saltar os mesmos 1m,55 sem mais competitor.

            Constituiu premio a este importante numero como ao que lhe ficava a seguir — Salto á vara — duas artisticas e preciosas medalhas de ouro authentico, com inscripções especiaes e allusivas áquellas provas, tendo ao centro regio solitario, primeiras condecorações no genero existentes no Pará, creação essa de que bastante se deve orgulhar a actual directoria do Gremio Litterario Portuguez, penhorando-nos bastante com esse seu gesto nobre e estimulador do progresso desportivo athletico, porisso que o triumpho de tal creação deve-se ao esforço e á iniciativa particular da representação da nossa Revista.

            Constituia, como já dissémos, o 2.º numero : Saltos á vara, prova disputada com grande calor, entre as seguintes equipes : do Instituto Lauro Sodré, nos alumnos Clodoaldo Guimarães e Manoel Costa ; do Gymnasio Paes de Carvalho, no alumno Annibal Pantoja ; Gymnasio Archidiocesano, no alumno Alberto Moraes ; vindo pelo Belem Foot-Ball Club o salto methodico e apreciado de Theodoro Camargo, que manteve em todo o decorrer d’esse renhido pleito a linha, intransigentemente modelar por que se impõe.

            Iniciada a contenda, esta permaneceu but à but até aos 2m,20.

            Aos 2m,45, porém, passou a probabilidade da victoria a periclitar entre Clodoaldo Guimarães e Theodoro Camargo. As experiencias succediam-se por entre grande enthusiasmo da praça, que applaudia, de um lado, a muita escola revelada no bondissement vistoso e artistico do representante do Belem F. B. Club, como de outro, a inflexibilidade do elan sempre dominador, posto que pouco methodisado, do representante do Instituto Lauro Sodré, aliás nucleo de uma mocidade decididamente desportiva, porém, onde a falta de um bom entraineur toca, no momento em que por toda a parte se divulga a educação physica pela pratica uniformisada dos exercicios desportivos, as raias de um crime de leso-progresso educacionista.

            Mas, como diziamos, a esta altura a discussão, elevou-se a faschia á temerosidade dos 2m,50. Era o saut décisif !  Um fremito percorre a praça. Cabe a Camargo a perche para iniciar o ataque.

            Trahido, porém, pela falta de sprinter, é derrotado o explendido sautnem, por Clodoaldo Guimarães, que leva as honras da profia para o Instituto Lauro Sodré, excedendo a consideravel altura no mais energico e mais bello dos saltos que poude conseguir, sendo pelo grosso do publico delirantemente acclamada, essa formidavel conquista, assim como a do numero de lucta de tracção, obtida tambem pela equipe d’esse proveitoso estabelecimento de educação.

            Succedeu a esta prova, uma corrida de tres pernas, entre as equipes do Guarany Foot-Ball Club, Instituto Lauro Sodré, Royal-Club e Gymnasio Archidiocesano, vencendo com vantagens, a penultima, que compunha-se dos resistentes pedestrianistas Marianno Castro e Manoel Rodrigues Moraes.

            O utilissimo desporto portuguez, vulgarmente conhecido pelo nome de jogo do páo, preencheu com agrado geral um dos mais bellos instantes d’esse bem organisado certamen desportivo.

            Encontraram-se n’uma demonstração brilhante o eximio esgrimista luso, professor Ildefonso Withon Sarmento, e o applaudido amador paraense, Carlos Aguiar.

            Era de vêr a execução firme e prompta dos diversos coups desenvolvidos.

            Sarmento, esgrimou bem, defluindo o amador paraense por uma revelação soberba de entrainemente d’esse complicado desporto. A Carlos Aguiar, um bravo !

            Rematou a essa distincta sessão do festival, movimentada corrida pedestre com obstaculos, em que venceu o alumno Oscar Reis, do Instituto Lauro Sodré, seguido de surprehendente match de tug of war, ou lucta de tracção, entre dez carroceiros e dez catraeiros, sahindo victoriosos os primeiros.

            A mocidade academica, apraz-nos em aqui poder registrar, impondo-se pela vontade absorvente do muque educado, brilhou, com enthusiasmo, em todos os numeros d’este surprehendente certamen athletico, do qual teve a ventura de conquistar a maioria dos galardões, instituidos pelo Gremio Litterario Portuguez.

FOTO :  © Rui Araújo

Ao inicio da 2.ª parte — tauromachia — uma surpreza agradavel verificou-se para quantos alli no Colyseu se encontravam.

            Dominava assentada em cadeiras especiaes, posta junto á contra-barreira do touril, a cargo do aficionado sr. Manoel Rendeiro, a figura inolvidavel do applaudido cavalleiro José Bento de Araujo, ladeado pelo seu digno amigo o distincto sportsmen sr. Agostinho Almeida, e por sua cuadrilha, os quaes, duas horas antes haviam aportado a Belem, vindos de Portugal a bordo do paquete alemão Rhetia, afim de iniciarem a época tauromachica de 1910, agora, com franco sucesso, e a tempo de experimentarem, longe da patria, a surpreza do goso da arte praticada por extranhos.

            Constava alli a presença d’essa bôa gente, entre a qual se destacava o sympathico espada Malagueño, prorompeu a praça em acclamações, obrigando áquelle matador e a José Bento (de Araújo) a descerem ao redondel afim de agradecer a gentileza, findo o que, o cornetim, ao mando da intelligencia, a cargo da muita afición de Jayme de Abreu, ordenou a entrada da lusida cuadrilha de amadores, a qual se fez preceder da azemula conductora das farpas.

            As cortezias foram, ainda uma vez, o mot d’ordre da elegante equitação de Abelard da Silva.

            O joven cavalleiro amador, ao transpôr a arena afim de iniciar a lide do primeiro touro, encontrou a surprehendel-o  a gentileza de José Bento de Araujo, que alli desceu expressamente, afim de aguardal-o e passar-lhe o primeiro ferro.

            Tão grande e sensibilizadora bizarria, teve prompta retribuição da parte do reconhecimento do homenageado, que uma vez de posse da farpa, empunhou-a e, sorridente, offereceu a sorte ao seu distincto homenageante, indo, após bellos quites, magistral e arrojadamente desenvolvidos, rematal-a, com alma e extrema arte, merecendo applausos enthusiasticos da assistencia em peso.

            O Alter, a conhecida e arredia montada de combate que pertenceu aos Casimiros, marcou, n’essa tarde, uma bella victoria para os merecimentos de Abelard, porisso que elle a conseguiu metter n’um entrain surprehendente.

            A cobardía ignobil d’esse bello cavallo, substituiu-se, então, por uma valentia incrivel, deveras notavel.

            E era de vêl-o, impavido, tanto nas investidas como nos differentes trucs, escapando, com chance, ás revanches do toiro. Uma delicia !

            A Abelard, ao intelligente dresseur hippico, por mais essa nova e brilhante revelação de progresso, n’esse formoso métier, que, tão fascinadora e proveitosamente, ama, as felicitações da nossa extrema sympathia.

            Mais dous touros, algo voluntarios, máo grado a veridica puridade de que eram senhores, reservados para a lide a pé, fecharam, com chave de oiro e tourmalinas, o brilhante serão.

            Ambos tiveram o ensejo de receber o trabalho de estrea do conhecido e festejado bandarilheiro amador portuguez Victor Guedes, actualmente entre nós, que teve a auxilial-o o sr. Eduardo Coelho, uma capa timida, claudicante, porém, cheia de bôa vontade de trabalhar… não fosse a tolher aquella terrivel circumstancia, que seria redicula se não fosse expontanea. Mas, não ha duvida que o sr. Eduardo promette, a questão é proseguir.

            Comtudo, o arrojo e a afición de Victor Guedes ficou provada, e el.e mesmo se deve achar satisfeito pelas faenas, que conseguiu, e pelas bandarilhas, que collocou, que, afinal de contas, foram bem desenhadas.

            Ouvio, o destemido amador, a distincção de merecidas palmas, e até o chronista, não as regateou, deu-lhe, e deu-lhe muitas, porém, teve as mãos a rachar quando foi das pégas.

            Duas, mas que duas !...

            Valeram por quatro, visto que oito valentissimos amadores forcados foram impotentes para domar a capciosa mansidão dos dois malandros garraios marajoaras, unhados.

            O publico ovacinou a valer, freneticamente, delirantemente, a herculea energia do cabo Francisco Rodrigues, e do moço J. Barboza, que realisaram essas duas rigissimas pégas, retirando-se visivelmente satisfeito do muito que gosou n'esse formoso festival, de tão elevados intuitos, e no qual o talento, altamente pensador, do illustre paraense dr. Ignacio Moura, precrustou um paradoxo bello e insophismavel, uma controversia admiravel, a de vir o corpo preservar o espirito !...

ULYSSES REYMAR
(VILLARO DU PAÇÔ)

Pará — Julho de 1910

In TIRO E SPORT, Lisboa – 15 de Agosto de 1910