O cavaleiro tauromáquico Bento José d'Araujo (ou José Bento d'Araujo) falece na tarde de 2 de Setembro de 1924 na rua da Sociedade Farmacêutica, «Freguezia do Coração de Jesus» (hoje Freguesia do Camões), em Lisboa.
Os números da porta variam. A certidão de
óbito da «Repartição do Registo Civil da 3.ª Conservatória de Lisboa» indica o
número 11, r/c direito.
Já o «Registo Geral dos Enterramentos - 4 de Abril de 1924 a 19 de Dezembro de 1924» do Cemitério do Alto de São João (C.M.L.)» dá conta do n.º 18, r/c.
Em que ficamos?
A única certeza é que o prédio da rua da Sociedade Farmacêutica, números 6, 6-A e 6-B, pertencia ao cavaleiro tauromáquico.
A cabeça de cavalo por cima da porta da cavalariça foi, entretanto, removida e terá sido depositada recentemente numa quinta.
Bento José d'Araujo morreu de doença prolongada («anemia crónica») depois de muito sofrimento, anunciou a imprensa lisboeta. Ia fazer 73 anos daí a dias.
Nasceu na freguesia da Ajuda (Lisboa), aos 18 de Setembro de 1851. O reverendo padre Manoel Vaz Eugénio Gomes, que lavrou o registo do baptismo, é peremptório: «Aos cinco dias do mês de Outubro de mil oitocentos e cinquenta e um, baptizou solenemente e pôs os Santos Óleos o Reverendo Padre José Fortunato Gomes a Bento, que nasceu no dia dezoito do mês de Setembro próximo passado, filho de Domingos José d’Araujo e de Custódia de Jesus, recebidos, que disseram ser, na freguesia de São Pedro de Merelim, Arcebispado de Braga, e moradores nesta, na Travessa da Boa Hora. Foi Padrinho Bento Manoel Ferreira, e Madrinha Maria Joaquina, Lima de baptizado, todos moradores nesta mesma freguesia. Padre Manoel Vaz Eugénio Gomes»
Bento José d'Araujo era filho legítimo dos minhotos Domingos José d'Araujo e Custodia de Jesus, que residiam na
Travessa da Boa Hora, em Lisboa. Eram naturais de São Pedro de Merelim,
Arcebispado de Braga.
O nome Bento terá sido uma homenagem que os pais decidiram prestar ao padrinho da criança, Bento Manuel Ferreira. A madrinha foi Maria Joaquina.
O edifício da rua da Sociedade Farmacêutica
(números 6, 6-A e 6-B) sofreu alterações nos últimos tempos. Mudaram-lhe, designadamente, a cor. O chão da cavalariça,
por exemplo, também deixou de ser de areia, mas as argolas para os cavalos foram
preservadas. O painel de azulejos que orna o topo do prédio foi arranjado à semelhança
das iniciais do npme do artista ("J", "B", "A") e da letra C (inicial de "Cavaleiro"), distribuídas pelo cimo da
fachada com um grande painel de azulejos.
Segundo a Conservatória do Registo Predial de Lisboa, o prédio é composto de lojas, 3 andares, águas-furtadas e saguão. A área total é de 366 metros quadrados. Área coberta: 166 m2. Há ainda um anexo destinado a garagem (a antiga cavalariça), pertencente ao rés-do-chão.
FIM DA PARTE 1
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