LUIS MAZZANTINI Y EGUIA
Temos a certeza de que todos os afficionados hão de ver com agrado a homenagem que «A TOURADA» presta ao eximio matador de touros que hoje nos vem enthusiasmar com o seu correcto trabalho na praça do Campo Pequeno.
O retrato exactissimo do grande artista vem hoje engrandecer a galeria d'esta revista, que com muitos sacrificios se está publicando, embora um ou outro calumniador espalhe que ella tem sido subsidiada pela empreza do Campo Pequeno.
Mas deixemos estas miserias e passemos á biographia de D. Luis, que resumo o mais possivel, pois que ella é sabida por todos.
Nasceu este artista em Guispucoa (NOTA : Gipuzkoa, Guipúzcoa ou Guipúscoa, em português, é uma província do País Basco.), e foi empregado do caminho de ferro onde exerceu um cargo de pequena importancia, ao mesmo tempo que estudava com tal applicação e boa vontade que conseguiu tomar o grau de bacharel no anno de 1875.
Depois decidindo seguir a carreira tauromachica, obteve o mesmo exito que teve com os seus estudos, pois que tomou a alternativa de matador de touros das mãos de Lagartijo em 29 de maio de 1884, na praça de Madrid.
O nosso biographado é um dos artistas que melhor soube insinuar-se no animo dos afficionados lisbonenses, que, comquanto sejam pouco exigentes, em compenação são prodigos em grandes ovações todas as vezes que um successo, mesmo banal e imprevisto recommende o artista.
Com isto não digo que Mazzantini não tenha merecido o acolhimento enthusiasta que «em regra» o publico lhe faz sempre que o vê simular as suas estocadas a «volapié» com a maxima correcção e elegancia a um touro de respeito que de perto o ameaça com o seu olhar torvo e profundo, qual abysmo insondavel e mortal.
Na corrida
de hoje na praça do Campo Pequeno, Mazzantini é o espada da tarde, é muito
provavel que venha aqui mostrar quanto vale o seu merito de artista consumado,
para assim se desquitar de algumas «faenas» irregulares que tenha executado, em
tardes de infelicidade, mas que os invejosos e os «anastacios» apregoam logo de
imperdoaveis para assim tirarem o merito aquem de verdade o pussue.
EGYDIO DE ALMEIDA.
In A TOURADA, Lisboa - 7 de Outubro de 1894