12 DE MAIO DE 1904 – LISBOA: A MORTE DO CAVALEIRO FERNANDO DE OLIVEIRA NA PRAÇA DO CAMPO PEQUENO

 


MORTE DO CAVALLEIRO 

FERNANDO D’ OLIVEIRA

    Foi dolorosamente assignalada por um facto que entristeceu profundamente os milhares de pessoas que enchiam quasi por completo a praça do Campo Pequeno, a corrida de 12 de maio de 1904, que ali se realisou, Fernando d’Oliveira, o cavalleiro tauromachico tão dilecto e apreciado pelos primores do seu trabalho artistico e nobres qualidades de caracter que possuia, foi victima d’uma tremenda colhida, tão grave que pouco depois exhalava o ultimo suspiro na casa de operações do hospital de S. José.

    O horroroso desastre que fez desapparecer Fernando d’Oliveira, não se apagará tão cedo da memoria das pessoas que tiveram a desdita de o presencear, e que ficaram na mais lancinante espectação até conhecerem noticias pormenorisadas do estado do infeliz cavalleiro.

    Chamára grande concorrencia a corrida d’aquelle dia, em virtude dos elementos que a constituiam.

    No camarote real, além de suas magestades el-rei e a rainha, viam-se suas altezas o principe real e os infantes D. Affonso e D. Manuel.

    Os camarotes e fauteuils eram occupados pelas familias mais distinctas da nossa sociedade, realçando a formosura das senhoras as suas toilettes frescas e de côres variegadas, que davam ao conjuncto da praça um tom alegre e encantador.

    Nas trincheiras de outros logares da praça a multidão movia-se constantemente, abanando-se a gesticulando, n’um incessante frenesi, ávida de ver começar a lide, que promettia ser interessante pelo nome do lavrador e pela escolha dos toureiros.

    E, para animar ainda mais todo esse aspecto brilhante, que por si só era agradibilissimo, o sol irradiava com toda a sua pujança, aquecendo a multidão e tornando-a mais buliçosa e irrequieta. Emfim, uma tarde de touros!

    A quadrilha, ao entrar na arena, foi recebido com desusado enthusiasmo, partindo as palmas de todos os lados da praça.

    O cortejo compunha-se dos cavalleiros José Bento (de Araújo), o mallogrado Fernando de Oliveira, Joaquim Alves e Simões Serra; dos espadas Bombita Chico e Chicuello; dos nossos bandarilheiros Theodoro Gonçalves, Manuel dos Santos e Thomaz da Roche; e dos hespanhoes, Antolin, Morenito, Currinche e Zucato. Accrescente-se ainda o numeroso pessoal de moços de forcado, moços da praça e mais os cavallos de combate conduzidos por creados de libré, e os campinos trazendo á redea os seus cavallos, e póde-se assim julgar da imponencia do luzido cortejo.

    Terminadas as cortezias, foram os lidadores occupar os seus postos e tocou o clarim para sair o primeiro bicho, das manadas do marquez de Castello Melhor, que pertenceu a José Bento (de Araújo).

    Este festejado cavalleiro prendeu com algum trabalho uns ferros no animalejo que era manso, e, que por isso, difficultou a lide.

    Foi depois o bicho bandarilhado por Theodoro Gonçalves e Manuel dos Santos, pondo este um bom par a quarteio, como quasi sempre succede.

    O segundo touro era para Fernando de Oliveira e bandarilheiros hespanhoes Antolin e Morenito, visto que n’esta corrida a maioria das rezes devia ser lidada em todos os tercios, isto é farpeada pelos cavalleiros, bandarilhada e passada de muleta pelos peões.

    Feito o signal para começar a lide do referido touro, entrou na arena Fernando de Oliveira vestindo casaca encarnada, bordada a prata, e, sorridente e bem disposto, acceitou, conforme a praxe, a farpa que lhe foi entregue pelo bandarilheiro Currinche.

    Fernando montava o seu cavallo Azeitona, comprado por alto preço ao sportsman Pinto Barreiros. Era um bonito corcel e com boas qualidades para o toureio.

    Fernando dirigiu, conforme o costume, a sua montada até á frente do camarote real, fazendo os cumprimentos ás magestades e altezas.

    Em seguida, foi esperar o touro á gaiola.

    O animal, que lhe saiu, era, conforme já disse, como todos os mais picados n’essa tarde, das manadas do Marquez de Castello Melhor, e oriundo de cruzamento hespanhol. Na vaccada era conhecido por Ferramenta, e tinha o ferro do lavrador e a marca 3 b. O pello era castanho e o quarto dianteiro torrado, com bragas no ventre, caldeiro (armas um tanto baixas e unidas), e corpulento.

    Fernando, perdendo a sorte á gaiola, entrou logo n’uma meia volta que rematou com intrepidez e valor.

    Reconhecendo que o seu antagonista não era voluntario em arrancar, saiu em falso uma vez e iniciou outra sorte com resolução e coragem, cravando um excellente ferro á tira, que causou enthusiasmo. Aquecido pelos applausos que vibravam em toda a praça, o desditoso cavalleiro sentiu se na disposição de apertar, como se diz em linguagem tauromachica, e que significa tambem esforçar-se por tourear bem e manter os seus creditos artisticos.

    Attribuiu-se o desejo que Fernando mostrou n’aquelle dia fatal de se tornar notavel, ao facto de ter sido distribuido no Campo Pequeno um impresso intitulado «Resposta á lettra», assignado por um grupo de aficionados, no qual se evidenciavam os meritos d’aquelle cavalleiro, censurando os seus detractores, que lhe promoviam manifestações hostis que muito desagradavam, principalmente, aos partidarios do saudoso toureiro.

    Fernando, que era caprichoso e dotado de elevados sentimentos, quiz n’esse dia provar mais uma vez o seu pundonor e valentia, e resolveu cingir-se ao touro com coragem e decisão.

A colhida

    O touro achava-se nos tercios da arena, em frente do sector n.º 6, sombra-sol, e acabara de soffrer um lance de capote, quando Fernando, aproveitando a rez collocada, fez partir o seu cavallo, citando-a em voz alta. Rematou a sorte á tira, deixando o animal chegar ao estribo, e, consentindo-o de mais, cravou o ferro. D’ahi resultou o touro colher o cavallo pela anca, e com a violencia da pancada, o animal desequilibrou-se e caíu no solo. Ao mesmo tempo, o pobre Fernando, talvez no intuito de se livrar da investida do touro, soltou-se da sella, saindo pela cabeça do cavallo, mas, infelizmente, ficou com o corpo debaixo da sua montada.

    Presenciei o triste facto: Fernando fez esforços para se erguer depois da queda, estando já a descoberto, porque o seu cavallo se levantou rapidamente; n’essa occasião, o touro investe outra vez com os vultos, o ginete foge, e então o desgraçado artista é afocinhado pela fera com furia enorme. Atingiu certamente com as armas a cabeça do infeliz, n’uma das arremettidas.

    Fernando não se moveu mais.

    As capas de dois hespanhoes que se achavam proximos, conseguiram distrahir o cornuto um instante.

    Mas para cousa alguma serviu esse auxilio prestado com a maior solicitude; o infeliz artista estava já moribundo.

    Por toda a praça correu um frémito de angustia, de pavor; de muitas boccas saíram gritos afflictivos e bastantes espectadores, vivamente impressionados, se levantaram dos seus logares, como se quizessem ir acudir ao desgraçado cavalleiro, e outros saíram logo da praça.

    Fernando jazia prostado de bruços na praça, com as abas da casaca voltadas sobre as costas, emquanto o cavallo, sem governo correu desordenadamente até lhe lançarem a mão e o conduzirem para a cavallariça.

    Tudo isto se passou tão rapidamente, que nem tempo houve para acudirem outros peões com as suas capas.

    Desviada por fim a attenção do touro para outro ponto da arena, o mallogrado toureiro foi levado em braços, pela trincheira, para a enfermaria da praça, onde debalde lhe foram prestados os soccorros.

    Fernando tinha o craneo fracturado na sua base superior. Estava morto.

    O funeral de Fernando d’Oliveira foi concorridissimo e deveras commovente; n’elle estiveram representadas todas as classes da sociedade, e viam-se olhos lacrimosos e toda a gente lastimava a perda de tão grande artista, que deixou no toureio a cavallo uma vaga difficil de preencher.

    O corpo do saudoso artista acha-se depositado no cemiterio do Alto de S. João onde lhe foi erigido um mausoleu por subscripção entre os seus mais devotados admirasdores.

    Que descance em paz o pobre Fernando.

Continuação da tourada

    Ignorando as pessoas que assitiam á tourada o desenlace fatal do triste acontecimento, a lide continuou até final, sem outros incidentes dignos de nota.

    Era notorio o mau humor de que todos se resentiam pela incerteza em que estavam; comtudo restava-lhes ainda a esperança de que não era mortal o ferimento de tão querido artista.

    Quasi ao terminar a corrida, constou a algumas pessoas que Fernando tinha fallecido no hospital, aonde chegára em maca acompanhado de numerosos amigos.


    Foi este artista um dos mais correctos no toureio a cavalllo e era considerado um mestre.

    Nasceu em Benavente, a 12 de março de 1859, tendo portanto 45 annos completos quando morreu.

    Toureava ha 25 annos, e de dia para dia os seus progressos eram notaveis na arte que tão distinctamente professava.

    Lidou touros em todas as praças de Portugal, incluindo as de Loanda e Lourenço Marques, e em Hespanha e no Brazil.

    Soffreu apenas tres colhidas de maior importancia nas arenas de Santarem, Barreiro e Campo Pequeno.

In TOUREIO EM PORTUGAL, por Antonio Rodovalho Duro (Zé Jaleco) – Antiga Casa Bertrand, Lisboa, 1907

13 DE AGOSTO DE 1893 - NIMES: MAIS UMA «GRAN CORRIDA» ESPANHOLA COM CAVALEIRO PORTUGUÊS

 


Bibliothèque nationale de France

Arènes de Nimes

            Dimanche 13 août, trois heures et demie précises, Gran Corrida de espanola de 6 Toros de Cartel, provenant de la Ganaderia de Madame la comtesse de Patilla, qui seront combattus par les matadors de Cartel : Jose Sanchez del Campo (a) Cara Ancha ; Picadores, Jose Trigo et Francisco Parente (a) el Artellero; bandarilleros, Pedro Sanchez del Campo, Manuel Zoca et Jose Martinez (a) Corita.

            Matador, Antonio Fuentes; picadores, Jose Carriles et Jose Fernandes, (a) El Largo; bandarilleros, Jose Sevillano, Manuel Diqaz et Geronimo Gomez (a) Currinchi.

            Puntillero, Geronimo Gomez (a) Currinchi.

            Les 4 derniers toros sortiront cornes nues et seront travaillés à l’espagnole, 2 par Cara Ancha et deux para Fuentes.

            Prix des places : Premières numerotées, 20 francs ; secondes numérotées, 10 francs ; Toril, 5 francs ; Amphithéatre 3 francs.

            Les Cies P.-L.-M. et du Midi, feront des trains spéciaux pour le transport des voyageurs.

In LE PUBLICATEUR DE BÉZIERS, Béziers - 11 de Agosto de 1893

10 DE SETEMBRO DE 1893 - BÉZIERS: O AUDACIOSO CAVALEIRO PORTUGUÊS...

 


Bibliothèque nationale de France

Arènes de Béziers

            Dimanche prochain, sera donnée, en la plaza de toros de notre ville, une grande course par le célèbre matador Método et son quadrille, avec le concours du renommé (José) Bento de Araujo, dans ses audacieux exercices à cheval, qui ont fait l’admiration des aficionados de Nimes, Marseille, etc.

            Les six toros seront choisis sur place par les directeurs, accompagnés de Método. Ils seront pur sang espagnol, croisés andalous.

            Le sixième taureau sera combattu à l’Espagnole par la matador Método. Voilà une nouvelle qui ne manquera pas de satisfaire le monde aficionado !

            — — Quelques lecteurs nous demandent quel est le rôle du caballero en plaza, nous nous faisons un plaisir de les renseigner.

            Le caballero en plaza, appelé autrefois rejoneador, remplace parfois les picadors ; c’est le chevalier en place des courses royales.

            Vêtu du costume du siècle dernier, monté sur un magnifique genêt d’Espagne, il doit au galop placer des javelines au garrot du taureau qui l’attaque.

PACO.


In LE PUBLICATEUR DE BÉZIERS, Béziers - 8 de Setembro de 1893

24 DE SETEMBRO DE 1893 - BÉZIERS: O CAVALEIRO PORTUGUÊS É O ÚNICO QUE ESCAPA DO DESASTRE...

 


Bibliothèque nationale de France

Plaza de Toros

            La grrrran corrida de gala, donnée dimanche avec le concours de deux célèbres matadors de Madrid !!! a été une des plus piteuses, à laquelle la direction nous ait fait assister jusqu’à aujourd’hui.

            Nous protesterons tout d’abord, contre la carnavalade que l’on nous a servie, en guise de paseo, avec, en tête, un alguazil des plus fantaisistes, des toréadors aux costumes frippés, et des monosabios en «postillon de Lonjumeau» !!   


            Seul, (José) Bento de Araujo contrastait, par la fraîcheur de son costume Louis XV, au milieu de cette descente de courtille.

            Nous passerons rapidemente sur les premiers toros, pour arriver aux deux derniers que devait mettre à mort, Metodo, le célèbre matador de Madrid !!

            Certes nous avons vu des matadors malheureux à l’épée, mais franchement nous n’en avions jamais vu d’aussi maladroit.

            Ce prétendu toréador, ne nous parait connaître de la tauromaquie, que l’art de franchir las tablas, ce qu’il fait encore assez lourdement ; aussi est-il aidé dans cette suerte d’un nouveau genre, la seule qu’il pratique souvent, par le toro lui-même, qui, dans son empressement a le servir, lui déchire parfois le pantalon, et lui entame même la peau ! et les diverses variétés d’étoffe, dont est émaillé le fond de culotte de ce vaillant toréador de Madrid, indiquent assez les bons procédés, que des toros serviables lui ont prodigués à de nombreuses reprises.

            Par la façon prudente, avec laquelle il aborde le toro, dont il a le soin de se tenir chaque fois à une distance plus que respectueuse, ce diestro ( ??) renommé nous a donné dans cette course, la mesure de son incapacité.

            Sans aucun travail préalable de muleta, qui n’est probablement bonne, que pour les toréadors qui ne sont pas de Madrid ! Ce matador fin-de-siècle, a essayé à sept reprises de se débarrasser de son adversire ; sur ce nombre, ce dernier n’a reçu que trois pinchazos, les autres coups d’épée ayant porté dans le cide ; ce n’est enfin qu’à la huitième fois, qu’il a pu toucher sérieusement le toro, par une odieuse atravesada, qui lui a attiré les huées unanimes du public.

            Cet incomparable toréador a été cependant plus heureux à son second toro ; après lui avoir traversé l’épaule droite !! il l’a envoyé ad patres par une estocade honda, dont il a été surpris tout le premier.

            Nous ne parlerons pas de Guadalajara, encore un matador de Madrid ! dont les passes à la muleta, aussi remarquables que celles pratiquées par son collègue de Madrid ! lui ont valu, dès le premier toro, une cogida qui l’a mis hors de combat.

            Le caballero en plaza, José Bento (de Araújo), a été très applaudi dans son gracieux travail, et a quelque peu relevé cette mauvaise course, rendue encore plus triste par la pluie qui n’a cessé de tomber tout le temps.

            Nous espérons que la direction laissera désormais à... Madrid, les Metodo et les Guadalajara, et prendra à l’avenir des renseignements plus précis sur la valeur des matadors qu’elle désire engager.

PACO.


In LE PUBLICATEUR DE BÉZIERS, Béziers - 29 de Setembro de 1893


28 DE MAIO DE 1893 - NIMES: UMA TOURADA PARA ESQUECER...


 


LAS CORRIDAS


Nimes. — 28 de Mayo.

Estando en máquina el anterior número, recibimos los siguientes apuntes de nuestro corresponsal MOSCA:

            «Hoy tuvo lugar la corrida de los seis toros de Aleas, actuando Juan Jiménez (el Ecijano) y Enrique Santos (Tortero), este último en sustitición de pepete, herido ultimamente en Talavera de la Reina. El caballero en plaza (José) Bento de Araujo debía rejonear el primero y cuarto toros y los espadas estoquear los dos últimos.

            A las tres y cuarto dió principio el espectáculo bajo la presidencia del alcalde Sr. Reinaud. El paseo de las cuadrillas fué muy aplaudido. (José) Bento (de Araújo) escuchó palmas rejoneando con banderillas de á cuarta su segundo toro. El público silbó los toros embolados.

            El quinto toro embolado para los picadores y para los picadores y desembolado para las banderillas, llegó á la muerte conservando todas sus faculdades y en malísimas condiciones. Tortero lo despacha de varias esocadas y un buen descabello á pulso.

            El sexto apareció desembolado á petición del público y fué el toro de la tarde. Tomó 18 varas y el Ecijano, después de brindar por Francia y España, lo mató de dos pinchazos y una buena estocada. (Ovación, sombreros y ciagrros).

            En resumen, los cuatro primeros toros, bueyes de carreta. El quinto regular, y el sexto superior en todos los tercios.

            De los picadores, Telillas.

            De los banderilleros, Morenito, Dominguín y Albañil.

            Los espadas muy aplaudidos en brega y en quites, sobresaliendo el Ecijano con la muleta y estoque.

            La entrada un lleno.


In EL ARTE TAURINO, Madrid - 12 DE JUNHO DE 1893

31 DE JULHO DE 1909 - RIO DE JANEIRO: FILME COM CAVALEIROS TAUROMÁQUICOS PORTUGUESES EXIBIDO NA CAPITAL DO BRASIL

 


CINEMA-THEATRO

53 Rua Visconde do Rio Branco 53

EMPREZA CORREIA & C.

Operador e electricista, J. J. de Oliveira

Unico no genero nesta capital

HOJE  MAGISTRAL PROGRAMMA  HOJE


1ª parte — CAÇA AOS «BARBADOS».

Engraçadissima fita comica.

2ª parte — COSTUMES BEDUINOS.

Bellissima fita natural tirada em lindissimos sitios.

3ª parte — FESTAS EM LISBOA. 

Importante fita portugueza. Nesta fita verá o respeitavel publico as festas realizadas em Lisboa por iniciativa do jornal O Seculo, entre as quaes vêem-se corridas de bicyclettas por homens e senhoras, jogos athleticos, corridas de touros, exercicio do JOGO DO PÁO a pé e a cavallo, pelos cavalleiros tauromachicos JOSÉ BENTO (de Araújo) e MORGADO DE COVAS E MUITOS OUTROS DIVERTIMENTOS. Successo! Successo!

4ª parte — O FILHO DO PESCADOR.

Emocionante drama de amor filial.

5ª parte — ROUBO HYPNOTICO.

Importante fita comica. O «nec-plus-ultra» do humorismo. Rir!!! Rir!!! Rir!!!

6ª parte — Novos numeros de grande successo pelo eximio artista comico CESAR NUNES (o photographo humano).

Todos ao Cinema-Theatro, todos.

Sempre novidade ! Cinematographo e attracções. Preços: Cadeiras de 1ª, 1$; de 2ª, 500 réis.

In JORNAL DO BRASIL, 31 DE JULHO DE 1909 - Rio de Janeiro

1851-1924 — LISBOA: A HISTÓRIA DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NA ENCICLOPÉDIA TAUROMÁQUICA

 



            ARAÚJO (José Bento de) — Cav. (NOTA: Cavaleiro) prof. (NOTA: profissional) natural de Lisboa (NOTA:  Os seus pais, naturais de São Pedro de Merelim, Arcebispado de Braga, residiam na Travessa da Boa-Hora, Paróquia de Nossa Senhora da Ajuda, Lisboa), onde nasceu em 1952 (NOTA: A data de nascimento correcta é 18 de Setembro de 1851).

            Com notável predisposição para o toureio, desde muito novo o praticou; a sua apresentação em público porém só teria lugar na temporada de 1874, na antiga praça da Junqueira. Foi um êxito essa estreia a denunciar a presença de um dos mais sólidos valores que o toureio equestre nacional registaria.

            Triunfante em quantas corridas toureou seguidamente nas arenas da província, apresentou-se em Lisboa, no Campo de Santana (NOTA: Praça de Sant’Anna), confirmando de tal forma o seu valor que em breve alternaria com os melhores cavaleiros do tempo, tais como Manuel Mourisca, Casimiro Monteiro e António Monteiro.

            Gozava pois de uma sólida e justificada fama quando, em 1892, foi inaugurada a praça do Campo Pequeno, onde voltou a repetir actuações brilhantíssimas, que tornaram José Bento de Araújo dos mais populares e apreciados toureiros dos primeiros tempos da actual arena lisboeta.

            A sua fama, depressa ultrapassou as fronteiras pátrias, levando-o a tourear nas praças de Espanha (NOTA: Madrid, Barcelona, San Sebastián, Santander, Caudete, etc.) e de França, sobretudo neste último país onde com tanta frequência se exibiu nas arenas de Paris, Avinhão, Nimes, Marselha (NOTA: Béziers, Mont-de-Marsan), etc., que por lá andou durante quase duas temporadas (NOTA: 1891, 1892, 1893), grangeando admiradores e colhendo as mais entusiásticas ovações.

            Em 1896, com Alfredo Tinoco (NOTA: os dois cavaleiros eram amigos e parceiros de negócios), foi também ao Brasil (NOTA: Rio de Janeiro, Belém, no Pará, etc.) onde actuou com igual êxito.

            Valente como os que mais o eram e com extraordinária visão dos terrenos da arena, lidava toiros corridos (NOTA:  e desembolados!) com tão espantosa facilidade que o público, por vezes, se não apercebia do facto.

            Colhido com gravidade na praça do Cartaxo, quando os médicos admitiram a necessidade de terem de lhe amputar a perna atingida, a isso tenazmente se opôs José Bento (de Araújo), declarando que a ficar inutilizado para o toureio, então preferia morrer. Felizmente registaram-se melhoras podendo assim salvar-se o simpático toureiro que durante algumas épocas mais ainda brilhou nas praças portuguesas que só abandonou quando já tinha atingido os sessenta anos!

            Certa tarde em Cascais, tendo caído da montada em consequência de uma tontura, ao erguer-se diria para o bandarilheiro Manuel dos Santos, que acorrera ao quite: — «Acabou-se! Já não posso: vi dois toiros em vez de um. Não quero mais!» Era a sua derradeira corrida, o crepúsculo de uma famosa carreira.

            Faleceu em Lisboa (NOTA: Rua da Sociedade Farmacêutica) a 2 de Setembro de 1924.


In ENCICLOPÉDIA TAUROMÁQUICA ILUSTRADA, Jayme Duarte de Almeida, Editorial Estampa, Lisboa, 1962

29 DE DEZEMBRO DE 1907 - RIO DE JANEIRO: UMA CORRIDA NA PRAÇA DO CAMPO DE MARTE COM UM TOURO E DOIS LEÕES...

 


Tauromachia

            Vae por ahi verdadeiro enthusiasmo pela tourada de domingo, em que José Bento (de Araújo) faz lutar com um touro dous leões...

            Esse touro será o ultimo do programma e, até sau sahida, terá o publico occasião de ver trabalho digno das melhores praças européas.

            Assim assistiremos duas estréas: do matador (Antonio) Villa e do bandarilheiro (Innocencio) Angelo, assim como a despedida de Juan Iglezias.

            Não resta pois a menor duvida de que a corrida deve resultar superior.

Biblioteca nacional do Brasil

In JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro - 25 de Dezembro de 1907

23 DE FEVEREIRO DE 1908 - RIO DE JANEIRO: A DESPEDIDA DA COMPANHIA...

 


In JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro - 22 de Fevereiro de 1908

1 DE JANEIRO DE 1908 - RIO DE JANEIRO: BOM ANO, BRASIL!

 




In JORNAL DO BRASIL, 1 de Janeiro de 1908

29 DE DEZEMBRO DE 1907 - RIO DE JANEIRO: UMA CORRIDA QUE PROMETE...

 


Tauromachia

            Nunca melhor do que hoje, podem felicitar-se os que sabendo apreciar as dificeis sortes da taurmachia moderna, assistem, sem perder uma, ás touradas que se realizam no redondel do Campo de Marte.

            E podem felicitar-se porque nunca foi organisado , nesta capital, um programma taurino no qual figurassem tres matadores de reconhecido merito, seis bandarilheiros de fama e dous cavalleiros como José Bento (de Araújo) e Morgado de Covas.

            Esse soberbo espectaculo, que hoje offerece a empreza tauromachica aos bons aficionados, demonstra mais uma vez os gigantescos esforços que a mesma emprega, no intuito de arreigar no Brasil a festa favorita dos hespanhoes e poruguezes.

            É, pois, de esperar que com tantos e taes attractivos a praça de touros regorgite esta tarde, ao sól e á sombra, não deixando os aficionados um unico logar vasio, maxime se o tempo concorrer, com o seu valioso contingente, para o brilho da festa.



 In JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro - 29 de Dezembro de 1907

1 DE DEZEMBRO DE 1899 - RIO DE JANEIRO: A DESPEDIDA...

 


Biblioteca Digital do Senado do Brasil

JOSÉ BENTO DE ARAUJO

            Veiu despedir-se de nós o estimado artista tauromachico José Bento (de Araújo), que tantos applausos tem colhido na nossa praça de touros.

            D’esta vez, em logar do sympathico (Alfredo) Tinoco (da Silva), seu antigo e inseparavel companheiro, era um distincto cavalheiro que o acompanhava.

            Sentimo-nos um tanto tristes e trocámos algumas palavras sobre aquelle que lá ficou no Amazonas e nunca mais voltará!

In DON QUIXOTE, Rio de Janeiro - 2 de Dezembro de 1899

22 DE DEZEMBRO DE 1907 - RIO DE JANEIRO: DOIS CAVALEIROS PORTUGUESES E A FAMOSA «LA PEPITA», QUE BANDARILHA A CAVALO AO ESTILO MEXICANO...

 


In JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro - 21 de Dezembro de 1907

1 DE DEZEMBRO DE 1907 - RIO DE JANEIRO: UMA TOURADA CHEIA DE ENCANTO...





Biblioteca nacional do Brasil

Tauromachia

    Tarde soberba de luz! O céo era uma immensa turqueza a perder-se no engaste do horizonte longinquo. A praça apresentava aspecto garrido; sombra animadissima, sol com muitos claros, quasi não se via sombra de gente ao sol.

    Lá no alto, no renque de camarotes, espoucava a graça feminina, em toilettes claras; em um delles, o 17, a toureira pepita que vae estrear breve, em trajes da sua terra, a seu lado duas patricias sympathicas faziam pender da balaustrada o classico manton de seda bordado. Nisto os olhos do poeta chronista sentiram-se offuscados, em uma mirada para o camarote 22. Toda a salerosa graça de Sevilha alli estava resumida! Senhoril, graciosa, entrou Carmen Ruiz, a evolar alegria de seu sorriso vivo; a multidão acclamou-a, o alarido alacre das almas em festa traduziu-se em applausos, quando viram a rainha da festa derramar sobre o peitorial a seda brilhante de seu manton de manilla, com as côres hispanicas. O poeta sentiu vibrar as cordas do enthusiasmo:

Dá que eu veja, como esmola

Ou como excelsa offerenda,

O teu perfil de hespanhola

Sob a mantilha de renda!

    Seu traje, lilaz claro, perdia-se sob o rendado da mantilha, que, em rendilhados finos, acariciava-lhe os cabellos. Rubros claveles redolentes alcatifavam-lhe o collo, com a graça infinita que só ella possue, e tanta, que o poeta não resistiu:

Vive minh'alma confusa

Ao ver belleza tamanha

No teu olhar de andaluza

Toda a volupia de Hespanha!

Bello porte aristocrata,

Maneira da raça antiga!

---- Trouxeste o punhal de prata

Atravessado na liga?

    Nisto sôa o clarim e o companheiro Justo Verdades toma do lapis para fazer a resenha da corrida:

«A intelligencia desta vez encontrou pessoa com geito, o cavalheiro Victor Marques, que se portou correctamente.

Entra a cuadrilla para as solemnes cortezias, com todas as regras do estylo.

Em seguida, o clarim toca o signal para o 1º touro, côr de lusco-fusco, mais claro do que escuro, que foi o melhor cornupeto da tarde. Com elle fez o cavalheiro Morgado de Cóvas uma estrêa garrida e brilhante, cravando-lhe cinco ferros largos esplendidos, al quite e um curto magnifico, com intento.

Ganhou applausos em penca, muitas flôres e muitos charutos; uma bella ovação.

P 2º touro já é sarado, malandro como elle só, mas assim mesmo procurou dar conta do recado, recebendo de Maera um par al quarteo superior e outro supimpa, pois o bravo hespanhol, sem deixar as bandarilhas, preparou a féra com bellos passes de capote para tal fim.

Oliveira cravou um par regular e outro aproveitando.

Maera, em seguida, fez varios passes magnificos com a capa.


    Ao cavalleiro José Bento (de Araújo), um bravo que bebeu o elixir da juventa e não diz a ninguem o segredo da sua eterna mocidade, a esse veterano destemido coube o terceiro touro.

    Alfredo Santos fez a sorte da vara com resultado. A féra, a principio, fez negaças, depois resolveu-se a arremetter e José Bento (de Araújo) crvou-lhe tres ferros largos de primeirissima, dos quaes um en tabla, e um ferro curto muito bom. Applausos e ovações a José Bento (de Araújo). Nesse momento appareceu a figura do Camarão, o mais celebre dos afficionados, os espectadores saudaram-no com effusão, emquanto o poeta, embevecido, perpetrava mais umas rimas para o guapo camarote:

Teu olhar vibra scentelhas,

Teu labio inspira desejo,

Que mette milhões de abelhas

Zumbindo dentro de um beijo.

    Sôa de novo o clarim, e entre o quarto touro, Manuel Santos mette-lhe meio par, Alfredo Santos faz um bello cambio de rodillas, Cantarito mette meio par, intentando cambiar com valentia.

    Manuel Santos faz um luzido preparo e a féra, depois de capeada optimamente por Maera, recebe de Manuel Santos um bello par de castigo.

    Cantarito intenta com ardor a sorte da cadeira, a féra não ajuda, mas recebe um par magnifico.

    Mais outro par bonito de Manuel Santos e Cantarito então pratica a sorte da muleta, passe natural, é desarmado, mas rapidamente faz um bello pase de peito pela direita, outro em redondo muito bom e faz a sorte da morte cravando no animal uma boa estocada.

    Applausos em penca.

    O 5º touro, negro, dorso estriado, saltador, cachaçudo, coube ao cavalleiro Morgado de Cóvas, que montava um soberbo tordillo andaluz, puro sangue, ginete adestradissimo, que elegantemente fazia a manobra sem o menor castigo.

    Apezar das negaças da féra, Morgado crava-lhe tres ferros largos superiores e mais um á meia volta, recebendo muitas palmas.

    Houve ahi uma interrupção; onde está o homem está o perigo, na sombra armou-se um sarilho de repente, assustando as damas e obrigando os homens a alguns safanões e cotoveladas.

    Faz-se de novo a paz tranquilla, graças á conferencia de Haya do supplente que presidia á corrida.

    Entra o 6º touro, preto; Alfredo crava-lhe um par al quiebro, mas foi volteado pela féra, crava-lhe outro par, aproveitando, a meia volta. Thomé crava tres pares bons, bem lançados. Alfredo mais dous pares e meio, um delles entrando no terreno do cornupeto. Foi capeado luzidamente por Maera, Cantarito, Thomé, Oliveira e Alfredo. Seguiu-se a pantomina Cortajaca, muito parecida com a de domingo passado, dando os rapazes muita sorte com o touro que lhes coube, entre dansas, saracoteos, tambalhotas e saltos mortaes. Resumo: tarde esplendida, gado um pouco melhor do que o das corridas passadas, sortes soberbas, animação completa e a poesia, lá em cima, completamente integrada nessa figura dominadora e gracil que prendia e empolgava, perturbadoramente linda, soberbamente encantadora. E o poeta, á sahida, monologava, inspirado:

Senhora de mago encanto

Que extasia e maravilha,

És como a flor de amarantho

De um castello de Sevilha!

Justo Verdades e Raul

 

In JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro - 2 de Dezembro de 1907

17 DE OUTUBRO DE 1897 - RIO DE JANEIRO: UMA TOURADA GRANDIOSA...

 


Biblioteca nacional do Brasil

TOURADAS

Realisar-se-à manhã, na praça do Boulevard, mais uma grandiosa corrida de sete bravissimos touros.

Tomam parte Alfredo Tinoco, que farpeará o 1º touro, sendo o ultimo farpeado pelos dois cavalheiros Tinoco e José Bento (de Araújo), sendo que este farpeará só o 5º touro.

El Gordito bandarilhará o 6º touro. Um programma cheio, que não deixará um lugar na praça do Boulevard, tantos são os «aficcionados» do bello espectaculo, nesta Capital.

In GAZETA DA TARDE, Rio de Janeiro - 16 de Outubro de 1897

NOTA

Eis o anúncio com os detalhes da corrida (jornal O PAIZ, Rio de Janeiro - 6 de Outubro de 1897):