16 DE AGOSTO DE 1896 - RIO DE JANEIRO: MAIS UMA CORRIDA FANTÁSTICA


Biblioteca nacional do Brasil

A tourada de hontem

A tourada de hontem foi a quarta na ordem quantitativa, mas póde-se affirmar que foi a primeira na ordem qualitativa.

Não será exagerado mesmo dizer que no Rio de Janeiro, no Brazil, ainda não foi apreciada uma festa tauromachica de tamanho brilho e que tão completamente satiosfizesse os afficionados.

Ás 3 1/4 da tarde já quasi não havia logares no vasto amphitheatro; e foi dado o signal para a apresentação da cuadrilha e dos cavalleiros directores. Estes impressionaram agradabilissimamente pelo seu porte irreprehensivel e seus luxuosos costumes de rigoroso modelo Luiz XV.

Feitas as cortezias da pragmatica, cada um tomou conta do seu posto, e entrou Alfredo Tinoco na arena, montando corcel menos ricamente ajaezado que o primeiro, mas tão elegante e soberbo.


Ás 3 horas e 25 minutos o curro vomitava um animal preto, aggessivo, que foi logo sobre o cavalleiro e recebeu em pleno cachaço uma farpa bem mettida. Era um touro esperto que trazia todos os bandarilheiros de olho vivo, quando elles se espalhavam para chamal-o aos pontos onde o desejava o cavalleiro.

Depois de bem enfeitado com ferros longos e curtos, foi panado á capa, e o intelligente mandou vibrar no clarim o signal de "pega á unha". Foi um desastre.

O touro não havia sido convenientemente inutilisado nos voltoios da capinha, e investiu fogoso contra os forcados levando-os de roldão pela arena. O intelligente era então, gerlamente vaiado, porque não era o animal proprio para a "pega", nem por suas condições proprias, nem depois de ter sido lidado pelo cavalleiro.


Houve um forcado teimoso, e recebeu tão forte marrada, e foi tão violentamente arremessado ao chão que teve de sair em braços, e não voltou á lide. Um touro que por sua valentia podia deixar todos bem impressionados, saiu da praça sob um alvoroço de raivas contra a má direcção da corrida.


O segundo animal destinado a Carlos Silva e Luiz Homem, era ladino, zangado, mas inaproveitavel. Boi castrado, limitou-se a pular na arena, evtando os bandarilheiros, que a muito custo lhe arrumaram alguns pares de ferros. Não era um touro, mas não se póde dizer quer era um boi manso.

O terceiro, portuguez, e do creador Luiz Patricio como o 1º, era um animal negro e atrevido, um pouco velhaco no modo de arremetter. Para farpeal-o apresentou-se o cavalleiro José Bento de Araujo, que lhe metteu, a seguir, quatro ferros compridos, e, depois de varias peripecias, dois ferros curtos lançados com destreza ao cachaço do touro que tinha a perseverança de correr atrás do cavallo, chegando a tocal-o algumas vezes. O enthusiasmo que touro e cavalleiro produziram, arrancou geraes acclamações.

Passado o intervalo, veiu o 4º touro, do Laranjal, para ser bandarilhado por Gonçalves e Silva. Castrado, mas espertissimo, pulando muito, prestou-se a algumas sortes, perseguia com insistencia os que o picavam, e foi, pelos moços de forcado, muito bem pegado á unha.


O 5º touro, do Laranjal tambem, era para o espada Colon e foi escorado á vara pelo bandarilheiro Brabo, mas negou-se a tudo, em virtude do que foi corrido pela mais estrepitosa vaiai. A empreza deu outro castrado tambem, pello vermelho, o que só deu logar a Colon metter-lhe um ferro em máo logar. Quebrado á capa, foi seguro por um moço de forcado que o derrubou. depois para não fazer de todo má figura, para não manchar a corrida, offereceu opportunidade para uma bem feita "pega".

O 6º touro, portuguez, do criador Emilio Infantil, destinado aos dois cavalleiros, foi um estupendo successo.

Negro, ligeiro, valente, recebeu de Alfredo Tinoco um bom ferro, logo depois outro de José Bento (de Araújo); perseguiu com tenacidade vertiginosa os dois animaes que os toureiros montavam; deu o cachaço a outra farpa de Tinoco, recebeu logo outra de José Bento (de Araújo); pulou, arrepellou-se todo, colerico, ameaçador; e, na impossibilidade de alcançar os cavallos rapidos na fuga, saltou a trincheira n'um impeto diabolico.


Os 8.000 espectadores que assistiam á acompanhavam todas as peripecias com enthusiasmo delirante; ás salvas de palmas que coroavam os feitos de destreza e coragem, succediam-se as gargalhadas pelos desatinos do furioso animal.

Abertas as portas falsas que dão para a arena, saiu a campo o touro; e, citado por José Bento (de Araújo), foi-lhe em cima destro e veloz, recebendo outra farpa, que lhe augmentou a irritação; correndo como féra bravia, perseguiu Tinoco, e este habil toureiro, de garupa, pregou-lhe nova farpa.

Não havia mais ninguem quieto em toda a archibancada e em todos os camarotes; o touro despertava vivo alvoroço; e acclamações phreneticas laureavam os artistas.


No entanto 6 vezes o touro pulou a trincheira falsa, perseguindo capas de cór viva, e quanta cabeça ahi lhe apparecia. Foi uma sorte alegre, uma série de accidentes animadissimos que substituiu com felicidade a falta dos artificios graciosos na lide tauromachica. De uma vez o animal precipitou-se justamente contra um empregado da praça que se achava de braço ao peito. Imagina-se que susto para o pobre homem, que, se não fez das tripas coração, fez do braço aleijado muleta para saltar fóra da trincheira, ao passo que o touro a galgava.

A festa encerrou-se ás 4 horas e 35 minutos da tarde, sob os applausos mais geraes e frenticos que em tempo algum reboaram na praça da rua de S. Christovão.

Boa tourada.


In O PAIZ, Rio de Janeiro - 17 de Agosto de 1896

15 DE AGOSTO DE 1896 - RIO DE JANEIRO: UMA EXCELENTE CORRIDA NA PRAÇA DE TOUROS CARIOCA


Biblioteca nacional do Brasil


A tourada de hontem

Ás vezes n'uma praça de touros o publico é victima de uma burla inesperada. A companhia tauromachica mostra os melhores desejos de bem servir, mas o gado furta-se a toda a sorte, e não ha meio de se ter uma tourada em regra. Hontem foi o inverso, tourada magnifica e o amphytheatro com immensos espaços vasios.

Concorreram de certo para isso a festa da Gloria, que nunca deixa de ser um grande attractivo, e a circumstancia de se manter aberta a maioria dos estabelecimentos commerciaes da nossa praça. Foram logrados, portanto, os que lá não foram.


Hoje, naturalmente, dia desoccupado, outra será a concurrencia.

Ás 3 1/2 horas da tarde, o intelligente da praça mandou dar o signal para apresentação dos toureiros, entrando na arena a cuadrilha e os dois cavalleiros José Bento de Araujo e Alfredo Tinoco da Silva em soberbos corceis, ricamente ajaezados.

Feitas as solemnes continencias enthusiasticamente correspondidas pelo publico, Tinoco apresentou-se noutro cavallo e disposto a farpear o 1º touro que logo saiu.

Era um bom animal preto, ligeiro, dos que a companhia trouxe de Portugal, escolhido entre os do creador Paulino da Cunha e Silva. Fez boa figura de bravo, e proporcionou a Tinoco sortes felicissimas. Uma pega de cara terminou a lide a que o bicho se sujeitou e o publico ficou satisfeito.

O 2º touro veiu zangado; mas a sua colera não era provocada pela presença de Carlos Gonçalves e Luiz Homem. Elle tinha outros motivos que não revelou; e, justiceiro, não quiz exercer vinganças em quem não era culpado. D'ahi a falta de sortes. Quando lhe pegaram á unha, não resistiu, submetteu-se e até deitou-se inoffensivo.

O 3º do creador Palha Blanco, de Portugal, foi lidado pelo espada Colon, que mostrou ainda uma vez a sua destreza e habilidade para citar a féra e fazer-lhe surpresas.

No intervalo que se seguiu foi largamente vendido um pequeno "orgão da arte tauromachica" Sol e Sombra, folha bem redigida e bem impressa de que já haviamos recebido um exemplar. Traz o retrato de José Bento (de Araújo) e algumas coisas de espirito.

Biblioteca nacional de España

O 4º touro, nacional, foi bandarilhado por Gonçalves da Silva, e deu que fazer. Cabela alta e irrequieta, armação enorme, dofficultava todo o trabalho, e provocou gargalhadas infinitas, até na pe´ga, em que os moços de forcado andaram aos trambulhões.

o 5º, do Laranjal, tambem foi habilmente lidado por Luiz Homem e Manoel Brabo.


O 6º foi o grande touro do dia. Apresentou-se para farpeal-o o perfeitissimo cavalleiro José Bento (de Araújo), e o seu porte e a sua destreza arrancaram applausos justos de toda a assistencia. O touro arremettia sempre; e o cavallo sempre sahia na tangente depois que uma farpa se firmava no cachaço do animal indomavel.

Durante essa corrida, levantaram-se os animos, e José bento (de Araújo), com seus feitos de perfeição, galhardia, perigo e firmeza de sella, foi alvo da mais estrepitosa ovação.

O publico saiu satisfeito, e reputou a corrida de hontem melhor do que as duas primeiras. A de hoje melhor será ainda, pois ha um animal para ser lidado por Tinoco e José Bento (de Araújo), juntos.

In O PAIZ, Rio de Janeiro - 16 de Agosto de 1896

20 DE SETEMBRO DE 1891 - PARIS: TOURADA COM ARTISTAS FRANCESES, ESPANHÓIS E CAVALEIRO PORTUGUÊS


Bibliothèque nationale de France

COURRIER DES THÉATRES

Dimanche prochain, à trois heures, 17ème grande course de taureaux aux Arènes de la rue Pergolèse.

Au programme:

Angel Pastor, le Mateito et leurs cuadrillas, José Bento de Araujo, Caballero en Plaza, et les picadores.

Le soir, à huite heures et demie, Cinq Mois au Soudan et l'Avenir.


In LE PETIT PARISIEN, Paris - 13 de Setembro de 1891

2 DE AGOSTO DE 1896 - RIO DE JANEIRO: CASA CHEIA PARA UMA CORRIDA DE SUCESSO


Biblioteca nacional do Brasil


A tourada de hontem

A tourada de hontem foi um verdadeiro successo dos que nunca tiveram por theatro a praça de madeira ha annos construida na rua Boulevard.

Começou a surpresa por uma enchente real, uma enchente faustosa, uma enchente das que honraria a mais sumptusosa casa de espectaculos.

O sol estava repleto de gente burgueza, toda vestindo com o apuro reservado ás grandes festas; a sombra encerrava senhoras, crianças e cavalheiros da maior correcção; os camarotes estavam todos occupados por familias distinctissimas; e naquella espaçosa archibancada e nestes recintos selectos a animação era enorme, o luxo extraordinario e o aperto inexcedivel. Ás 3 horas da tarde, quando principiou a tourada, a lotação da praça estava completa, fechavam-se os guichets da venda de bilhetes, e a porta era a custo defendida da grande multidão invasora.

O que determinara tão excepcional concurrencia? É dificil dizel-o, sobretudo ao ponderar que a imprensa foi sobria em reclames, e a empreza não foi prodiga em annuncios.

A anciedade trahia-se em todas as physionomias. Que tarde teremos? Que taes serão os bois? Como se portará a quadrilha? Que figura fará o cavalleiro?


Ás 3 horas e 10 minutos a gritaria da rapaziada que não sabe estar quieta e que distrahia as 10.000 pessoas apinhadas em torno da arena foi abafada pelo toque do clarim dando entrada aos que tinham de lidar os touros.

As duas bandas de musica, em concordancia, fizeram soar o hymno nacional; e foi sob a cadencia dessa harmonia electrisante que o elegante cavalleiro José Bento de Araujo, recordando o apuro caracteristico dos Marialvas, entrou no meio da grande quadrilha de bandarilheiros.

O cavallo negro que elle montava; soberbamente ajaezado, pisava a arena com o garbo e a destreza de quem bem conhecia o seu papel. As continencias do estylo foram enthusiasticamente correspondidas; e desde logo todos os espiritos se prepararam para uma real e sumptuosa festa tauromachica.

Recolheu-se José Bento (de Araújo) para volver, passados tres segundos, em outro soberbo cavallo branco. Era nesse que elle tinha de lidar o primeiro touro. O mesmo luxuoso vestuario, o mesmo chapéo á directorio, luvas de pellica branca e rigida firmeza na sella.

Outro signal de clarim, e o curro abriu-se para dar passagem ao bicho. E que bicho!

Um touro negro de azeviche, carranca enorme, fechada em carapinha, cachaço grosso, e pé ligeiro, saiu do curro, voltou-se para todos enfurecido: alguem o aguilhoara. Depois, um bandarilheiro chamou-o com a capinha vermelha, e elle arremetteu violentamente. Satisfação geral: o boi promettia.

José Bento (de Araújo), munido de uma farpa, guiou o cavallo para a frente do animal que logo correu sobre o ousado recebendo com denodo e ferro enfeitado.

Um delirio se apoderou de todos os espectadores; e emquanto o bravo touro corcoveava sacundindo o pescoço farpeado. José Bento (de Araújo) ouvia a estrepitosa salva de palmas que lhe approvava a destreza.

Assim outro ferro, mais outro, outro mais se firmaram no pescoço da féra, que se prestava a todas as sortes e dava triumphos sobre triumphos ao aguerrido cavalleir.

Já então a grande massa de espectadores acclamava incessantemente a empreza que tão bella festa proporcionava aos amadores de touradas; das archibancadas e dos camarotes partiam brados ovantes, e os lenços mil eram agitados por senhoras e cavalheiros presos de enhusiasmo febril.

O touro escorvava a arena, arremettia possesso contra todos que cruzavam, perseguindo os bandarilheiros atè a trincheira onde parava com o olhar explorador e um tremor de enraivecido.

Dada por completa a farpeação, recolheu-se o cavalleiro e o animal ensanguentado foi posto á prova na capinha dondejante. Ainda ahi mostrou que era bicho para satisfazer os mais exigentes, e chegou a lançar por terra um bandarilheiro que tambem se mostrou apto e habil para lidal-o.

Depois houve a pega; e os moços de forcado portaram-se de modo a concorrer devéras para acreditar a empreza que inaugurava esta época tauromachica.

O que se passou com este primeiro amimal foi, mutatis mutantis, o que se passou com todos os outros.

A corrida foi cheia. Os espectadores em numero nunca inferior a 10.000 sairam absolutamente satisfeitos; a festa encerrou-se no meio dos mais francos applausos e das mais freneticas acclamações.

É que uma tourada escrupulosamente organizada com pessoal dextro e boi valente, não sómente agrada pelo effeito da lida como pela etiqueta sui generis que dá ao divertimento um colorido especial, causa infallivel de impressões inesperadas.

Ali ha o rigor de uma escola irreprehensivel; e o pessoal que comsigo trouxe Alfredo Tinoco confirmou hontem os creditos trazidos da Europa, e promette agradabilissimas tardes aos apreciadores de touradas que são numerosos no Rio de Janeiro.

In O PAIZ, Rio de Janeiro - 3 de Agosto de 1896

16 DE AGOSTO DE 1891 - PARIS: MAIS DE 10.000 ESPECTADORES NA CORRIDA DA GRAN PLAZA


Bibliothèque nationale de France


Courrier des Spectacles

La 18ème corrida avait attiré plus de 10,000 personnes à la Gran Plaza.

On a fait grande fête aux nouveaux matadores Bernardo Huerro et Opida, et à (José) Bento de Araujo, le Pouly, les picadores et l'amateur français qui pique si hardiment à la mode mexicaine.

NICOLET


In LE GAULOIS, Paris - 17 de Agosto de 1891

15 DE JULHO DE 1909 - LISBOA: INAUGURAÇÃO DAS CORRIDAS NOCTURNAS NA PRAÇA DO CAMPO PEQUENO


Biblioteca nacional de España


Desde Lisboa

El jueves 15 de Julio se inauguraron las corridas nocturnas, que la simpática empresa Albino y Lacerda presentan con brillantez extraordinaria, pues la iluminación eléctrica produce un efecto deslumbrante.

En esta corrida tomó parte el valiente matador madrileño Regaterín, que estuvo muy trabjador, y que pasó con la muleta muy ceñido y valiente.

Con las banderillas estuvo bien, pero no tanto como deseaba, porque los toros no se prestaban.

Su hermano, el joven Regaterín chico, es buen banderillero, pero con la flámula todavia está flojo, precisa más práctica.


De los rejoneadores, José Bento (de Araújo) muy bien en el primero, y Morgado de Covas superior en cuarto, siendo ovacionado.

De los banderilleros portugueses, sobresalió Alejandro Vieira, que está hecho un rehiletero de gran valor.

MANUEL J. GÓMEZ.

In EL TOREO, Madrid - 29 de Julho de 1909

12 DE OUTUBRO DE 1891 - PARIS: TOURADA ESPECTACULAR COM ARTISTAS DE ESPANHA, FRANÇA E PORTUGAL NUMA SEGUNDA-FEIRA


Bibliothèque nationale de France

COURRIER DES THÉATRES

Toujours beaucoup de monde aux arènes de la rue Pergolèse. La 21ème course, qui a été donnée hier, a été des plus intéressantes. Les taureaux étaient très excités et ont fourni l'occasion de jolies passes à Angel Pastor, Valentin Martin, José Bento de Araujo et aux picadores qui retrouvent toujours leur succès auprès du public parisien, qui les aime tant.

Dimanche prochain, 22ème course.

In LE PETIT PARISIEN, Paris - 13 de Outubto de 1891

18 DE MAIO DE 1886 - LISBOA: PRINCESA FRANCESA E TOURADA PORTUGUESA


Biblioteca nacional de España


CASAMIENTO
DEL PRÍNCIPE DE PORTUGAL

(De nuestro corresponsal.)

LISBOA 19 de mayo de 1886.

Aspecto de fiesta

He querido comenzar esta carta varias veces durante el día, y otras tantas se me ha caído la pluma de la mano. ¿Quién tiene reposo para escribir, cuando se encuentra en meio de la efervescencia y del bullicio que hoy presenta una capital que ha pasado todo el día de fiesta, anticipándose á las oficiales, y que por todas partes palpita con el número inmenso de forasteros que inundan, no ya el Chiado y el Terrero do Pazo, las ruas d'Ouro y da Plata y las plazas de Camoens y la del Rocío, sino todos los puntos de la ciudad alta y baja?

He dicho que hoy han empezado las fiestas de la próxima boda, y he dicho mal; porque principalmente desde la llegada del Duque de Aosta, no se trata más que de festejarle, y ya se le ha visto en todas partes, llevando tras si el concurso de la mucha gente forastera que hay en Lisboa y de un gran número de la de la capital, que aunque no sean aquí tan dados á divertirse como los madrileños, parece que se dan gran prisa á disfrutar lo que se presenta.

Anteayer á las tres de la tarde tuvo recepción oficial D. Amadeo en la Legación de Italia, cuyo personal, presidido por el Ministro, Marqués de Aldorini, le acompañaba en el solemne acto.

Como no tenía papel que representar en la recepción, no pude ver el antiguo Rey de los radicales de España, que excitaba mi curiosidad; pero ayer vino la fortuna en mi favor, pues el Duque de Aosta, con el Príncipe heredero y el Infante D. Alfonso, asistieron á la corrida de toros, á que me llevó mi insuperable afición á la fiesta esencialmente española. ¡Pero qué plaza y qué toros!

El valeroso caballero José Bento de Araujo, que aquí es tan popular, los hermanos Robertos, el hábil José Peixinho, Calabaza y Rafael, Minuto y José Cortés, ¡qué caballeros, qué toreadores y qué espectáculo" El de aquí será el tradicional y clásico, pero prefiero el arte romántico de Lagartijo y Frascuelo, Agujetas y Badila, Guerrita y el Regaterín.


D. Amadeo de Saboya

Toda la tarde la pasé mirando y observando á D. Amadeo, y pasando un mundo de ideas y de pensamientos por mi imaginación. El Duque de Aosta, que está en Lisboa, es tan distinto del Rey Amadeo que entró en Madrid en 1872, como una mañana espléndida de mayo y un anochecer sereno de octubre. En catorce años ¡ cuánto he envejecido!

No he tenido el honor de ofrecerle mis simpatías; pero sí he hablado con uno de los individuos de su comitiva, el Sr. Eduardo de Martinho, antiguo oficial de la marina italiana, y en la actualidad pintor distinguidísimo de marinas, á quien S.A.R. convidó para que le acompañara en este viaje. Le conocí en Londres, cuando pintaba aquel hermoso cuadro de la batalla de Trafalgar, que le encargó el Gobierno de la Reina Victoria, y que le valió á su autor un verdadero triunfo. Después partió para el Brasil y no volví á saber de él, hasta que aquí le he encontrado.

La conversación que con él he tenido sobre la causa prematura de la vejez del Duque de Aosta, que ha pasado por tantos dolores intimos desde que renunció la Corona de España, sería interesantísima para los lectores de LA EPOCA; pero me apartería demasiado del objeto de esta carta, y acaso la aplace para ocasión más propicia.

Por haber sido el primero de los Príncipes que han venido á autorizar con su presencia la boda del Duque D. Carlos, y por las muchas simpatías que aquí se le conservan desde que buscó la hospitalidad de Lisboa á su salida de España, en los parajes á donde concurre el pueblo le trata con suma consideración, rindiéndole notorios homenajes de su respeto.

Otros personajes

Indudablemente hubiera compartido con el Duque de Aosta la predilección general de esta país alguno de los Príncipes del Brasil, á quien por algún tiempo se ha estado en la persuasión de que vendría enviado por su padre el Emperador para asistir á las ceremonias. Este rumor, sin embargo, se ha desvanecido, y el Sr. Barón de Carvalho Borger, Ministro del Imperio en esta capital, es el que ha recibido las credenciales para esta misión especial.

Sigue en rango en estas representaciones de corte el Príncipe Jorge de Inglaterra, á quien maãna se espera. Según los informes que he adquirido, el hijo segundo del Príncipe de Gales tiene veintiún años y ya es todo un marino consumado. Viene acompañado del capitán Stephenson, con quien salió de Malta el día 12 á bordo del yacht real Imogenes, y desde Gibraltar se tuvo ayer noticia aquí de su paso por el Estrecho.

La comisión española sucede en categoría á la de Reina de Inglaterra. La preside el Ministro aquí acreditado, Sr. Méndez de Vigo, al que va adjunto todo el personal de la Legación, al que se han agregado los hijos del Duque de Fernán-Núñez, el Marqués de la Mina y el de Castel Moncayo, y la autorizan además, por el Ministerio de la Marina, el contraalmirante D. Ramón María Topete con el capitán de fragata D. Ramón Auñon y el auditor D. Juan Spotorno y el General Cuenca, con dos ayudantes, como indiciduo del cuarto militar de S. M. Ya están aquí la fragata Almansa y el aviso Navarra, de cuyas fuerzas inmediatamente tomó el mando el Sr. Topete. El Rey los recibió con muestras de vivísimo afecto y designó al primer teniente de la Armada, D. Fernando de Serpa Leitaon Pimentel, para que esté á las órdenes del señor Topete mientras la comisión permanezca en esta corte.

El Emperador de Rusia se hace representar por Mr. de Fouton y el Barón de Brennez; el del Japón por el Marqués de Hachionka, á quien mañana se espera, y los Estados Unidos de América, Alemania y Austria, y los demás Estados amigos, por sus respectivas legaciones.

Únicamente faltará á las fiestas el de la República de Santo Domingo, á quien retienene en París asuntos urgentes de su Gobierno.

Los periodistas

Y ya que me ocupo de Príncipes, no dejaré en olvido á los que no sé si llamar príncipes también ó simples ciudadanos de la república universal de la opinión: es decir, á los periodistas.

No son todavía muchos los corresponsales extranjeros que han venido á Lisboa. El primero ó la primera que llegó, pues es hembra, fué madame Regina Manay, procedente de Madrid, y que viene en nombre de la American Register. También se halla aquúi Mr. Jules Cardane, redactor de Le Soleil, de París; Mr. Dick de loulay, dibujante de Le Monde Illustré y corresponsal del Moniteur Universal; Mr. Ferrari, del Gaulois; Mr. Oscar Harrard, de Le Monde; Mr. Fernando Xau, del Gil Blas; Mr. Stany Lami, del Evenement; Mr. Deville, de la Correspondance Universelle; Mr. Huilard, del Français; Mr. Horace Moisaud, redactor del Moniteur de l'Oise de Beauvais, y el Sr. Federico de Hamen, dibujante de la Ilutration Française.

También hoy ha llegado de Madrid la Princesa Ratazzi, que ha tomado en el Grand Hotel de Lisboa las mismas habitaciones que ocupó la Patti. Otros se esperan todavía, y la comisión nombrada para distribuír los treinta billetes únicos que se destinan á la prensa para todos los festejos, comisión que presiden los Sres. Pinheiro Chagas y Eduardo Gimaraes, sólo han reservado diez para los extranjeros, habiéndolos distribuuído en la redacción del Correio da Noite.

He preferido, sin embargo, componérmelas por mi solo, como Dios me dá á entender, y no he acudido á la inscripción de mi nombre en el registro de la comisión, porque como de antiguo conozco á Lisboa, paréceme que tendré medios sobrados de verlo todo y de enterarme bien de lo que no pueda ver.

Felicitaciones

Pero hora es ya de que entre en las verdaderas emociones del día, en el cual todos los periódicos han saludado respetuosamente por la mañana á la nobre Princesa que ya pisa el suelo portugués.

"¡Que la juvenil princesa, dice uno de estos periódicos, entre en la tierra que va á ser su patria rodeada de cánticos de paz y de himnos de alegría! ¡Que el camino que la conduce á nuestros hogares sea una perpetua alfombra de rosas! ¡Que la sonría á nuestro lado y perennemente la sonrisa que hoy la brindan en triple vinculo la primavera, la juventud y el amor! Otro periódico saluda á la Princesa Amelia con los tiernos actntos del Cantor de los cantares, y le dice:

Em hora boa venha a nova esposa
Por caminho de flores.

Em todos los escaparates de todas las tiendas de la rua Nouva d'Almada y del Chiado se expenden por centenares las fotografías de los Reyes y de los Príncipes, tiradas por Philon; y desde las primeras horas de la mañana atruenan los oídos los vendedores de periódicos con la Flolha Illustrada, que reproduce los retratos del Príncipe Carlos y de la princesa Amelia, grabados por Caetano Alberto. En las librerías ha aparecido hoy un librejo del día con el título Um romance de amor.

Anoche, al experimento de las iluminaciones en el Terreiro do Paço, concurrió un gentío inmenso, y hoy medio Lisboa se ha propuesto vivir en las calles, hasta que den las cinco de la tarde, hora oficial en que el tren que conduce á los Príncipes debe llegar á la estación.

El viaje

Mas retrocedamos un poco. El Príncipe Carlos salió á la frontera á esperar á su prometida. En el tren que le condujo le han acompañado sus ayudantes y el Ministro de la Marina, los administradores de la Compañi de los caminos de hierro, señores Fontes Ganhado, Conde de Foz, Vanzelles y Chamizo, el director de la misma Compañia, el ingeniero López y los jefes de tracción, vía y movimiento.

D. Carlos vestía pequeño uniforme de capitán de caballería.

En la estación le despidieron el Duque de Palmella, Ministro de la Guerra; el Gobernador civil, el Comandante general de las guardias municipales, los consejeros Cardoso Avelino Peito de Carvalho, Chamizo, Barón de la Regaleira, muchos oficiales del ejército y otras diversas personas.

El paso por cada estación ha sido comunicado telegráficamente al Rey, así como de España han estado llegando todo el día de ayer continuos telegramas.


La llegada

Son las siete. Estoy rendido y acabo de despachar á LA EPOCA un largo telegrama con las noticias del viaje que me fueron trasmitidas.

No es posible describir lo que he presenciado. ¡Qué espectáculo tan majestusoso y tan imponente!

¿Reseñaré sólo el desfile de los Príncipes que acompañan á la augusta novia y su numeroso sequito? ¡Más de cien personas!

He visto descender del vagón á los Príncipes. ¡Qué hermosa me ha parecido esa linda princesa de cabellos rubios, perfil ideal, erguido talle y mirada tímida y serena, que viene á hacer el encanto de esta familia real! En sus manos traía, como acariciándolos contra el seno, dos bouquets, que según me han dicho, le habían sido entregados en la setación de Orleans, en el momento de salir de parís.

El uno, de rosas blancas y rojas, era, según parece, de las predilectas amigas de su juventud, las Srtas. de Haussenville y de Cecey; el otro, de rosas blancas, tuvieron el honor de ofrecérselo el Conde y el Vizconde de Penamacor y los Vizcondes de Faria, al dejar la Francia tal vez para siempre.

Aquelos dos bouquets que la Princesa no ha dejado ni un momento de su mano durante el viaje, forman un conjunto completo de su vida; los afectos que deja allí; los afectos que aquí viene á consolidar. - N.

In LA ÉPOCA, Madrid - 21 de Maio de 1886

13 DE SETEMBRO DE 1891 - PARIS: UMA TOURADA EXCEPCIONAL NA GRAN PLAZA DO BOIS DE BOULOGNE


Bibliothèque nationale de France

COURRIER DES THÉATRES

Plus de 15,000 personnes assistaient, hier, aux arènes de la rue Pergolèse, à la 17ème course de taureaux. C'est décidément une distraction qui a pris chez nous droit de cité. Angel Pastor, le Mateito, José Bento de Araujo et les picadores ont été des plus brillants.

Il suffit du reste, maintenant, d'enregistrer leurs noms pour constater leur succès. Les taureaux, nouvellement débarqués, étaient des plus fougueux et ont fourni à tous ces braves toreros l'occasion de passes savantes et hardies.

Georges Boyer.


In LE FIGARO, Paris - 14 de Setembro de 1891

16 DE DEZEMBRO DE 1894 - LISBOA: A ÚLTIMA CORRIDA DA TEMPORADA


Biblioteca nacional de España


Crónica de la semana

Lisboa 16 de Diciembre

El domingo se celebraría en la plaza de esta capital la última corrida de la temporada, de la que no hemos recibido detalles.

Estaban dispuestos doce toros de las ganaderías siguientes: Conde de Sobral, D. José Palha Blanco, don Emilio Infante, Compañia das Lesirias, Roberto é Irmao, D. Paulino da Cunha é Silva, D. Luis Patricio y D. Antonio José da Silva.

Los rejoneadores anunciados eran Tinoco, (José) Bento d'Araujo, Fernando de Oliveira, M. Casimiro y Adelino Rapozo.

Encargados de banderillear estaban Calabaça, Rafael, Teodoro, Cadete, Pescadero, J. Santos, Laureano, Silvestre, Martíns, Varesio, Torres-Blanco, Saldanha Ramos y Gonçalvez.


In EL TOREO, Madrid - 24 de Dezembro de 1894

8 DE NOVEMBRO DE 1891 - PARIS: ÚLTIMA TOURADA DA TEMPORADA E BENEFÍCIO DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO


Bibliothèque nationale de France

COURRIER DES THÉATRES

Dimanche prochain, à 2 h. 1/2, 26ème et dernière course de taureaux aux arènes de la rue Pergolèse. Cette course, donnée au bénéfice de José Bento de Araujo, le brillant caballero en plaza, promet d'être des plus intéressantes. Mlle maria Gentis, la charmante caballera, prêtera son gracieux concours, ainsi qu'un toréador célèbre qui, se trouvant dans la salle comme un simple spectateur, descendra dans l'arène et mettra ses danderilles à un taureau. Au programme également Valentin Martin, José Ruiz (Joseito) et leurs cuadrillas, et les picadores. M. José Bento de Araujo, pour remercier la presse parisienne du bienveillant accueil qu'elle lui a fait depuis le commencement de la saison, lui dédiera un des taureaux qu'il piquera seulement avec des banderilles très courtes.

La salle sera chauffée.

Georges Boyer.


In LE FIGARO, Paris - 6 de Novembro de 1891

13 DE OUTUBRO DE 1895 - ALGÉS: UMA TOURADA COM BICHOS MAUS


Biblioteca nacional de España


Información taurina

Algés (Portugal) 13 de Octubre

Se lidiaron toros de D. Antonio José da Silva, que dejaron mucho que desear por su escasez de bravura y su pequeña talla.

De los rejoneadores: D. José Manuel da Cunha colocó un rejón superior en su primero. Ayres de Mendonça demostró inteligencia y sangre fría ante los bueyes que le correspondieron, y D. José Bento (de Araújo) quedó muy bien en su primero.

Mateito, que puso un buen par al séptimo, con la muleta y el capote no estuvo lo afortunado que en las tardes anteriores.

Currinche estuvo regular banderilleando, y no gustó su trabajo con la muleta.

El Chileno (Mulato Meric), mal.

La Guerrita, peor aún.

Los pegadores, bastante acertados.

De los banderilleros, Minuto superior, y bien Pescadero y Salgado.


In EL TOREO, Madrid - 28 de Outubro de 1895

15-16 DE AGOSTO DE 1891 - PARIS: DUAS TOURADAS NO FIM-DE-SEMANA COM ARTISTAS FRANCESES, ESPANHÓIS E PORTUGUESES


Bibliothèque nationale de France


FOYERS ET COULISSES

Samedi et dimanche, 12ème et 13ème grandes courses de taureaux aux arènes de la rue Pergolèse.

Au programme: Valentin Martin, Lesaca et leurs quadrilles, José Bento de Araujo, cavalier en place, les picadores, le Pouly, de Beaucaire, et son quadrille, et l'amateur français piquant à la mexicaine.

La reprise de Cinq mois au Soudan aura lieu incessamment.

Le directeur des Arènes est parti hier pour Londres, d'où il ramènera des "numéros" nouveaux qui seront intercalés dans la pantomine de MM. Gugenheim et Le Faure.


In LE PETIT JOURNAL, Paris - 13 de Agosto de 1891