27 DE MARÇO DE 1910 - LISBOA: UMA INAUGURAÇÃO DA TEMPORADA QUE PROMETE NO DOMINGO DE PÁSCOA...


Biblioteca nacional de Portugal

Passes... de peito


Olé! Olé!!

Viva Portugal com todos os seus périfolhos de guelgas, para todos os paladares.

Não ha nação na Europa mais pelintra e mais amiga do pagode do que a d'este bom Zé patóla!

Se não, vejam!

O brodio nunca pára. Ainda ha meia duzia de dias acabou o Carnaval. Régabofe do Zé folião, do Zé taxado, do Zé dançarino, e já vamos entrando pelo tempo santo. Egualmente régabofe das beatas da alta e baixa e do Zé das procissões, dos sermões e das festas de egreja.

Pois apesar d'esta farturinha de variados divertimentos, o mesmo Zé já está mandando engommar a aba do Mazzantini, já comprou gravata encarnada, e já tem a tipoia fallada para a primeira tourada, que, se el tiempo non lo impide, se realisa no domingo de Paschoa.

Olé, olé!

Porque eu francamente tambem sou doido pelas touradas.

Vaya un percal!

Os nossos bons amigos Albino e Lacerda, inauguram o seu redondel com um cartaz capaz de fazer arrebitar o proprio nariz do sr. presidente do conselho.

Imaginem:

Touros de Emilio Infante corpolentos e de bravura garantida segundo nos informam.

Cavalleiros: José Bento (de Araújo) e Manuel Casimiro.

Bandarilheiros: Theodoro, Cadete, Manoel dos Santos e mais dois que ainda não estão contractados.

E a respeito de espada... só lhes direi que não é da policia nem da guarda Municipal, mas sim um espada que custa muito baguinho, cujo nome por emquanto é segredo. No entanto sempre lhes direi que é um dos primeiros artistas do visinho reino.

Zé da Herdade


In O XUÃO, Lisboa - 22 de Fevereiro de 1910