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| Biblioteca nacional de Portugal |
22 DE JULHO DE 1909 - PRAÇA DO CAMPO PEQUENO
LISBOA
Vaia una verdad; como és costumbre decircelas el tio Zé da Herdade!
Olé, olé, por lo boêno! Por los toreros de corazon. Por los emprezarios de verguenza!
Vaia un percal!!!
Superior a corrida nocturna do dia 22, no Campo Pequeno.
Que poderei eu dizer aos meus leitores de uma corrida em que toureou Ricardo Bomba; em que José Bento (de Araújo) e Macedo farpearam magistralmente, dando occasião a vermos quites admiraveis e opportunos de Ribeiro Thomé, Jorge Cadete, Theodoro e Vieira, especialisando todavia Thomé que se está tornando inegavelmente o capote mais opportuno da nodda época?
Alexandre Vieira está-se tornando digno de protecção das emprezas e dos applausos do publico, porque innegavelmente este rapaz, além de ser trabalhador, faz diligencia por progredir.
Dedicou-se aos cambios, o que hoje é raro vêr e na quinta feira passada evidenciou a sua muito boa vontade nos que executou.
Ricardo Bombita, reservei-o propositadamente para o fim, para dizer que esse toureiro é sempre o mesmo maestro, e que, muito embora ainda resentido da colhida que soffreu, conservou em toda a corrida a sua linha de grande toureiro, como innegavel é.
José Russo teve uma péga rija, pois o touro dava derrotes para um homem ir ás nuvens.
Os touros de Emilio Infante, embora variados em estampas, cumpriram, o que é agradavel dizer-se tanto para o lavrador como para a empreza.
Conclusão, uma corrida de primeira, e uma noite bem passada.
ZÉ DA HERDADE
25 DE JULHO DE 1909 - PRAÇA DE ALGÉS
ALGÉS
Com uma casa regular realisou-se no domingo uma corrida de bois e vaccas, na qual tomava parte como cavalleira a decantada D. Fernanda.
Ora francamente, a geste gosta da gargalhada e dá o cavaquinho pelo ridiculo, mas nunca n'aquella praça se exhibiu fantochada mais grotesca que a tal D. Fernanda. Pôr uma mulher a tourear a cavallo, quando ella nem se sabe segurar n'elle, é barbarismo. Mas alli a furia do reclamo attinge tudo.
D'aquella fantochada apenas podemos mencionar o sr. Alberto Fernandes, que, como cavalleiro, fez a diligencia por agradar, o que já é bastante.
O resto da quadrilha fez o costumado; muita vontade, muito tombo, e pouca pratica.
Os forcados ffizeram pégas de formas diversas e desconhecidas, a não ser uma de Fialho, que, se as ajudas são boas, era a péga da tarde.
Reservei para o fim a D. Fernanda.
Sahiu atrapalhadissima, e como o cavallo estava com vontade de passear, ella deixou-o ir, porque lhe tinha esquecido a mão de redea na gaveta da commoda. Comtudo aproveitou o tempo saludando al publico.
Citou duas vezes e consentiu o bicho de ambas as mesmas, conseguindo da primeira, andar por baixo do touro, e da segunda ficar debaixo do cavallo, empregando dois ferros na atmosphera, recolhendo em braços á enfermaria.
Mais tarde appareceu na arena com um pé ligado, recebendo uma ovação de almofadas.
ZÉ DA HERDADE
In O XUÃO, Lisboa - 27 de Julho de 1909