18 DE AGOSTO DE 1918 – LISBOA : CORRIDA NA PRAÇA DO CAMPO PEQUENO COM FRANCISCO BENTO DE ARAÚJO, FILHO DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO

 


Biblioteca nacional de Portugal

Grandiosa corrida de touros

Batalha de Flôres

Com a assistencia do Ex.mo Sr. Presidente da Republica

            No proximo domingo, 18, realisa-se na Praça do Campo Pequeno uma grandiosa corrida de 10 touros, sendo dois lidados em hastes limpas (desembolados). Tomam parte n’este esplendido torneio os distintos amadores srs. D. Alexandre de Mascarenhas, D. Pedro de Bragança e Gama Lobo e um grupo de forcados de que é seu cabo o sr. José Valerio. Dão o seu valioso concurso os profissionaes Eduardo Macedo e Francisco Bento d’Araujo, cavaleiros, e Teodoro Gonçalves, Torres Branco, Augusto Salgado, Guilherme Tadeu e Luciano Moreira, bandarilheiros.

O cavaleiro Francisco Bento de Araújo

            A batalha de flôres que se realisa antes de começar a corrida, é um numero interessantissimo, tomando parte na «luta» as mais distintas Atrizes dos teatros de Lisboa. Para este numero de efeitos seguros mais uma vez os distintos floristas Fernando Sanc hez, da rua Nova do Carmo, Lisboa, e Moreira da Silva, do Porto, vieram em nosso auxilio, fornecendo-nos lindos exemplares dos seus viveiros. Como é festa cheia de novidades e atrativos, teremos tambem o concurso do tenor portuguez Romão Gonçalves, que no intervalo se fará ouvir em alguns trechos d’opera, canções portuguezas como o «fado do Ganga» e «Ó ai é linda», em que, sem duvida, o nosso amigo Estevão Amarante, quando o ouvir, «até se comoverá» lamentando não possuir tão excelente garganta.

            Afiança-nos o tenor absoluto Romão Gonçalves que mesmo durante o côro executado pelos seus numerosos amigos, na canção brazileira o «Carambó», a sua potente voz sobrelevará a todas.

            Os dois touros completamente desembolados serão lidados a sós, um pelo espada Pacomio Peribanez e o outro pelo arrojado bandarilheiro Luciano Moreira.

            Dirige a corrida o nosso estimado colega Eduardo Fernandes, «Esculapio», abrilhantando-a a banda de infantaria 5 e uma banda popular.

In O SÉCULO, Lisboa – 16 de Agosto de 1918