27 DE MARÇO DE 1910 - LISBOA: UMA INAUGURAÇÃO DA TEMPORADA QUE PROMETE...


Biblioteca nacional de Portugal

Passes... de peito

Olé! Olé!!

Viva Portugal com todos os seus périfolhos de guelgas, para todos os paladares.

Não ha nação na Europa mais pelintra e mais amiga do pagode do que a d'este bom Zé patóla!

Se não, vejam!

O brodio nunca pára. Ainda ha meia duzia de dias acabou o Carnaval. Régabofe do Zé folião, do Zé taxado, do Zé dançarino, e já vamos entrando pelo tempo santo. Egualmente régabofe das beatas da alta e baixa e do Zé das procissões, dos sermões e das festas de egreja.

Pois apesar d'esta farturinha de variados divertimentos, o mesmo Zé já está mandando engommar a aba do Mazzantini, já comprou gravata encarnada, e já tem a tipoia fallada para a primeira tourada, que, se el tiempo non lo impide, se realisa no domingo de Paschoa.

Olé, olé!

Porque eu francamente tambem sou doido pelas touradas.

Vaya un percal!

Os nossos bons amigos Albino e Lacerda, inauguram o seu redondel com um cartaz capaz de fazer arrebitar o proprio nariz do sr. presidente do conselho.

Imaginem:

Touros de Emilio Infante corpolentos e de bravura garantida segundo nos informam.

Cavalleiros: José Bento (de Araújo) e Manuel Casimiro.

Bandarilheiros: Theodoro, Cadete, Manoel dos Santos e mais dois que ainda não estão contractados.

E a respeito de espada... só lhes direi que não é da policia nem da guarda Municipal, mas sim um espada que custa muito baguinho, cujo nome por emquanto é segredo. No entanto sempre lhes direi que é um dos primeiros artistas do visinho reino.

Zé da Herdade


In O XUÃO, Lisboa - 22 de Fevereiro de 1910

14 DE OUTUBRO DE 1900 - BELÉM DO PARÁ: A FESTA DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO



TAUROMACHIA

Teve ante hontem logar a toirada em beneficio do cavalleiro José Bento de Araujo.


Dizer-se que esteve má, seria injustiça, apesar de poder ter sido melhor se tivesse havido mais ordem que, no emtanto, foi mais respeitada do que nas corridas anteriores.

Ás quatro e meia horas, o clarim deu signal para começarem as cortezias, entrando no redondel os tres cavalleiros e toda a cuadrilha. Os cavalleiros ao chegarem ao meio da praça, pararam os cavallos para que o sr. Fidanza, que se achava n'um camarote de sombra, os photographasse.

Após as cortezias do estylo, principiou a corrida, sahindo o primeiro toiro portuguez para Adelino Raposo, que offereceu o primeiro ferro ao beneficiado. A féra foi castigada com quatro farpas á garupa, muito bem postas e um ferro curto admiravel.

Adelino Raposo vae para o combate com sangue frio tal, que está ficando mestre na difficil arte de Montes. Continue o sympathico cavalleiro e não se deixe levar por arrebatamentos e verá como continuará a ser o querido do nosso publico.

O segundo toiro, portuguez, coube a Pechuga e Xavier, este, castigando a féra com dois meios ferros, sem valor, e aquelle com um par de bandarilhas, que enthusiasmou os aficionados.

O toiro era de difficil lide, por ser muito corrido e marrando sempre ao vulto, desprezando os trapos.

O terceiro toiro, nacional, foi bandarilhado por Gordito e Rufino, que o enfeitaram com quatro e meio ferros.

Parte do publico continúa a mostrar-se falto de conhecimentos tauromachicos, vaiando Gordito, que ainda não vimos desviar-se da linha de toireiro. Rufino esqueceu-se de que ainda é simples principiante, para dar a volta á praça agradecendo applausos.


O quarto toiro, também nacional, cumpriu bem, dando occasião a que Faculdades lhe espetasse tres bandarilhas e Xavier uma soffrivel á gaiola e mais duas e meia, razoaveis.

O quinto toiro, portuguez, o Charuto sahiu para José Bento (de Araújo), esperado á gaiola por Xavier, que fez um magnifico salto de vara; o animal tão enraivecido sahiu, investindo rapido para o cavalleiro, que o aproveitou bem, mettendo-lhe mais tres farpas e tres ferros curtos.

No intervallo, o beneficiado recebeu diversos ramalhetes de flôres naturaes, entregues por tres creanças e alguns mimos de amigos particulares que desceram á praça, indo abraçá-lo entre outros, os srs. Figueiredo, José Gomes e Cunha Ozorio. Toda a quadrilha acompanhada por estes senhores, deu volta á praça com o beneficiado, agradecendo as palmas do publico.

O sexto toiro, portuguez, foi farpeado por Eduardo Lopes de Macedo, montado no Carocho, que muito a nosso pesar vimos com o bridão direito bastante tezo, o que denota receio do animal, que conhecemos tão leal, quando montado pelo inolvidavel Alfredo Tinoco.

Lopes de Macedo aproveitou bem a féra, mettendo-lhe cinco farpas e um ferro curto.

O setimo toiro, portuguez, para Rufino e Xavier, recolheu-se com dois e meio ferros d'aquelle e dois d'este.

O oitavo animal, nacional, foi bem aproveitado por Gordito e Faculdades, com tres e meias bandarilhas, havendo um quiebro por este artista, que foi fóra de proposito e de perigo, pois esta sorte só deve ser feita com toiros puros.


O nono, portuguez, o celebre Real, mimo a José Bento (de Araújo, de El_rei de Portugal, sahiu quasi de noite, tendo as lampadas electricas negado luz.

O toiro pouco via o vulto, sendo por isso de difficil aproveitamento, levando, ainda assim, tres farpas e um ferro curto.

O decimo toiro, o Punhão, não quiz massadas e assim que sahiu investiu contra a troupe do Pae Paulino, que estava no brigue Mondego e de uma só vez reduziu o brigue a pedacinhos e obrigou a tripulação a pôr-se em logar seguro, findando a toirada ás seis e um quarto da tarde, já noite escura.

O terceiro toiro foi pegado de cara por Santareno, aguentando-se razoavelmente no derrote.

A casa estava, quasi se póde dizer, repleta, quer no sol quer na sombra e os camarotes estavam literalmente cheios.

Para domingo annuncia-se a festa artistica do bandarilheiro Xavier.

Tinoco Junior

In O JORNAL, Belém do Pará - 16 de Outubro de 1900

6 DE SETEMBRO DE 1891 - PARIS: MAIS UMA CORRIDA DE SUCESSO NAS ARENAS DO BOIS DE BOULOGNE


Bibliothèque nationale de France


COURRIER DES THÉATRES

Plus de 15,000 personnes assistaient, hier, à la 16ème course de taureaux, aux arènes de la rue Pergolèse.

Cette course a été des plus brillantes.

Angel Pastor et le Mateito, qui faisaient leur rentrée devant le public parisien, ont tenu à honneur de maintenir leur réputation en France et se sont montrés absolument courageux.

Aussi ont-ils été très applaudis, ainsi que José Bento de Araujo et les picadores.


In LE FIGARO, Paris - 7 de Setembro de 1891

12 DE JUNHO DE 1910 - LISBOA: A FESTA DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO ANTES DA PARTIDA PARA O BRASIL


Biblioteca nacional de Portugal

PASSES... DE PEITO

Os touros e a nossa prima Balbina. - O charuto de Adolpho Machado. - Saltador... que cheira dos pés. - Os discursos do nosso Jayme. - A insolencia d'um espectador.

Com pouco mais de tres quartos  de casa realisou o cavalleiro José Bento (de Araújo) a sua festa artistica. A lide decorreu monotona e semsaborona devido, principalmente, á má qualidade dos chavelhudos, que se apresentaram. A não ser o 1.º e o 6.º, que proporcionaram um toureio alegre e variado, os mais tinham todos a crença das taboas, o que nos fez lembrar a nossa prima Balbina, que tambem tem a crença das taboas... do tecto!

Dos cavalleiros sobresahiu o amador de Torres Novas Adolpho Machado, que no 6.º da manada, animal possante e voluntario, desenvolveu uma lide artistica, espetando varios ferros á meia volta e á tira, rematando a lide com um curto bem citado. Recebeu muitas palminhas e um espectador enthusiasmado atirou-lhe um charuto La Confianza, que Adolpho chupou com desembaraço.

Alto lá com esse charuto!


O festejado da tarde (José Bento de Araújo) entrou no redondel sem dar um nósinho no lenço para afugentar a macaca, que o perseguiu.

No 5.º touro, manso e tunante, só poude cravar um ferro á garupa bom.

Foi um homem cravado!...

Sahindo para o 9.º, demonstrou que tinha os brios... no seu sitio obrigando o animal a marrar, á força de consentir demasiado o cavallo.

Para Eduardo Macedo sahiu um touro bravo, porventura o mais bravo da tarde, que deu ensejo para um trabalho luzido e correcto. Aproveitou muito bem a gaiola e deixou no animalejo varios ferros, que a assistencia applaudiu.

A novidade da corrida eram os saltadores landezes, que se apresentaram com uns fatos, que parece tinham sido encontrados no barril do lixo.

Sem percebeerem nada de touros e muito pouco de saltos os dois artistas foram recebidos com risadas.

Não toureiem mais em vesperas de Santo Antonio por causa dos assobios!

O 1.º salteador que um gralha dos cartazes fez passar por saltador começou o seu trabalho por despir os sapatos - o que incomodou o nariz dos assistentes da barreira - depois a jaleca e... se mais não despiu foi devido... ao Jayme Henriques, que levou toda a tarde a discutir com elles, mostrando-nos mais uma qualidade apreciavel, que ainda nao conheciamos... a de parlamentar!

Foi realmente uma pena que o landez se não despisse, porque dava indicios d'uma bella plastica!

Paciencia... e vamos á peonagem.

Cadete e Maera aproveitaram mui bien o 2.º touro caraça.

Cadete ainda teve no 7.º touro um bello par e Maera foi em toda a corrida o bello peão de brega desembaraçado, trabalhador e opportuno com o capote.

Thomé e Xavier bandarilharam o 3.º e fizeram o que3 o caraça deixou fazer.

Thomé merece ser registado particularmente, porque foi o peão mais trabalhador de toda a festa e porque no 10.º touro collocou um par que foi, a nosso ver, o par da tarde.

Bienvenida, apesar de estar numa tarde infeliz, agradou-nos plenamente. Elegante e alegre, exhibiu faenas valentes e cingidas, adornando se com o capote.

Com los palos foi mais infeliz, devido á má qualidade das rezes.

Não queremos terminar, sem dizer ao bandarilheiro hespanhol Bienvenida-Chico, que vá para Algés ou para a Moita fezer sortes á pae Paulino.

Aqui sae-lhe o gado... mosqueiro!

Afinal o que mais nos indignou foi ouvir á sahida da Praça a um insolente:

- Mas que saltadores da trama que nos apresentou o José Segurado Bento Baptista de Araujo Diniz!...

Muito atrevido era o raio do homem!...

REI LUSO


In O XUÃO, Lisboa - 16 de Junho de 1910

28 DE JULHO DE 1892 - PARIS: MAIS UMA TOURADA COM FRANCESES, ESPANHÓIS E PORTUGUESES NA PRAÇA DA CAPITAL


Bibliothèque nationale de France


COURRIER DES THÉATRES

Les courses de taureaux, telles qu'on les donne à Paris, passionnent absolument le public parisien.

Il fallait voir jeudi le succès qui a été fait à Francisco Granja, Juan Ripoli et leurs cuadrillas, ainsi qu'aux braves picadores.

Mlle Gentis a été particulièrement brillante, ainsi que José Bento de Araujo, dont c'est l'habitude.

Mais le vrai succès de la journée a été pour Marius Monnier et son quadrille provençal, qui faisaient leurs adieux au public parisien auquel ils ont beaucoup plu.


In LE PETIT PARISIEN, Paris - 31 de Julho de 1892

22 DE JULHO DE 1894 - LISBOA: TOUROS DE MORTE EM PORTUGAL - O PEDIDO APRESENTADO AO REI DOM CARLOS I


Biblioteca nacional de Portugal

É do seguinte theor a representação que a Sua Magestade El-Rei vae ser entregue, pedindo que seja permittida a morte de um touro em cada corrida, na praça do Campo Pequeno:

SENHOR!

Foram sempre as corridas de touros a diversão mais predilecta na peninsula, e a unica que tem conseguido em Portugal emocionar profundamente o povo, attrahindo-o em alegre turbilhão e fazendo-lhe vibrar a alma ardente e enthusiastica, durante as variadas phases d'aquelles masculos combates, em que o arrojo e a arte se alliam, para maior grandeza e luzimento d'elles.

Esse sentimento popular é tão arreigado que atarvessou os seculos, incolume, palpitando hoje talvez mais vivido e inextinguivel do que nos tempos idos. Animar esse sentimento caracteristico e vigoroso do povo portuguez é um dever indeclinavel; dar-lhe maior plenitude, e nitidez maior á comprehensão d'aquella nobre arte, concorrendo para que ella se manifeste em toda a sua verdadeira grandeza e luzimento - - seria a mais grata deferencia d'um Rei para o povo, que em taes diversões se retempera das asperezas e fadigas d'uma semana de trabalho.

Essa comprehensão, essa verdadeira grandeza e luzimento, só poderão existir no complemento logico e alevantado d'uma corrida de touros - - a morte do animal vencido pelo homem; o baquear da fera, impotente e inerte, aos pés do luctador triumphante!

Ha quem accuse de barbaridade a sorte de morte. Mas os poucos que a accusam esquecem-se de que a liberdade dos cultos permitte á tribu judaica o cumprimento do barbaro ritual na matança do gado, sem que até hoje ninguem tenha erguido o minimo protesto. Os proprios que teem como selvagem o transe supremo em que o desenlace é rapido, não se lembram de que os touros, uma vez recolhidos com vida ao touril, estão sujeitos, na maioria dos casos, a ser enviados a outras corridas, sendo para elles o soffrimento constantemente repetido. E ainda os que julgam ser o melhor complemento da arte de correr touros a sorte das pégas, não veem a flagrante desproporção entre um homem indefeso que tenta luctar com um animal feroz, e a corpulencia da fera que geralmente deixa maltratado o adversario, e não raro consegue matal-o.

Bem notaes, Senhor, quanto ha de paradoxal em considerações d'esta natureza, e que enorme differença existe entre estas praticas sanccionadas pelo uso, e o golpe de morte que abrevia o soffrimento, completa logicamente o toureio e dá ao espectaculo o devido esplendor!


Poder-se-ha dizer não ser justo desprezar interesses de classe, visto como os toureiros portuguezes não estão exercitados para executar a sorte de morte. Mas ninguem ha por certo que deseje vel-os desprezados, principalmente os interesses que se referem ao toureio a cavallo, o mais nobre e tão vinculado na tradição popular.

Senhor! O que de ha muito está sendo pedido pelas circumstancias é que esses gloriosos artistas do reino visinho, que frequentemente veem a Portugal, possam ostentar aqui toda a arte do seu trabalho, executando-o por completo pelo menos n'um dos touros destinados a cada corrida, em logar de repetirem simulacros irrisorios que nada teem de imponente, nem de satisfatorio para o publico.


Eis, Senhor, o que vimos pedir a Vossa Magestade, confiados em que as nossas palavras calarão no animo do Rei que, com a sua assistencia frequente e com o seu applauso, tem revelado ser um sincero participante na diversão mais predilecta e caracteristica do povo portuguez!


A commissão é composta dos seguintes senhores:

Alfredo Scarlatti Quadrio, Antonio da Costa Guerra, Antonio Perestrello de Vasconcellos, Antonio de Siqueira (S. Martinho), D., Arthur Telles, Augusto de Lacerda, Ayres d'Ornellas Vasconcellos, Duarte Pinto Coelho (dr.), Ernesto de Lorena Queiroz, Francisco Costa, Francisco Xavier d'Almeida, João Cypriano Rodrigues Batalha, João Fletcher Junior, José Luiz de Sousa Coutinho (D.), José Pereira Palha Blanco, José Pinto de Campos, José Ribeiro da Cunha, Luiz Patricio Correia Gomes, Manuel Figueira Freire da Camara, Manuel Theotonio Laranja, Marianno Pina, (ausente), Paulino da Cunha e Silva (commendador), Salvador Marques, Segismundo Costa, Victor da Silva Lisboa, Victorino Froes, Visconde de Alverca e Visconde de Varzea.

A presente representação pode ser já assignada nos seguintes estabelecimentos:

Café Suisso, largo do Camões e Café Madrid, ao Chiado; Tabacarias: Julio, calaçada do Carmo; Monaco, praça de D. Pedro; Costa, rua Aurea; Mora, rua Aurea; Maia, rua Aurea; Nova Aurea, rua Aurea e Americana, Chiado.

In A TOURADA, Lisboa - 22 de Julho de 1894

NOTA: O Rei D. Carlos I recusou o pedido.

17 DE JULHO DE 1892 - PARIS: MAIS UMA CORRIDA NA CAPITAL COM CAVALEIROS DE FRANÇA E DE PORTUGAL


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TABLETTES THÉATRALES

Matinées d'aujourd'hui:

À trois heures:

Gran Plaza de Toros, course de taureaux.

Au programme: Mlle Maria Gentis, caballera en plaza; José Bento de Araujo, caballero en plaza; le Mateito et sa cuadrilla; Marius Monnier, de Marseille, et son quadrille provençal; les picadores.


In LE MATIN, Paris - 17 de Julho de 1892

22 DE JULHO DE 1894 - LISBOA: GOVERNADOR CIVIL PERMITE (A PEDIDO DOS JORNALISTAS) QUE OS TOUROS SEJAM CONDUZIDOS A PÉ PARA A PRAÇA DO CAMPO PEQUENO


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Touros em gaiolas

Parece que o sr. governador civil, concordou com a representação que a commissão da imprensa lhe enviou pedindo-lhe para que a conducção dos touros seja feita a pé para o Campo Pequeno e por tanto está disposto a revogar a ordem até agora em vigor.

Estamos á espera d'essa resposta e trataremos então do assumpto.

Sendo assim como nos consta, os touros para a corrida do festejado cavalleiro José Bento d'Araujo que são dos acreditados lavradores Robertos, que na sua carta manifestaram o seu applauso por esse meio de conducção, devem vir a pé para aquella praça.


In A TOURADA, Lisboa - 22 de Julho de 1894

3 DE OUTUBRO DE 1892 - PARIS: MAU TEMPO NA PRAÇA


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COURRIER DES THÉATRES

Malgré le mauvais temps, il y avait beaucoup de monde hier aux arènes de la rue Pergolèse.

La 28ème course de taureaux a été marquée par le début de P. Frascuelo. Elle a été des plus mouvementées et des plus brillantes. Les taureaux étaient très vigoureux et ont, à plusieurs reprises, désarçonné les picadores. José Bento de Araujo et la charmante caballera Maria Gentis sont toujours hors de pair.

Le quadrille provençal de Marius Monnier, de Marseille, faisait ses adieux au public parisien. Il l'a laissé sous la meilleure impression et a été l'objet d'une véritable ovation.

Jeudi prochain, 29ème course avec Frascuelo.

Début des pegadores africains dont le travail, un peu fantaisiste, a beaucoup plu l'an dernier aux habitués de la Plazza.


In LE PETIT PARISIEN, Paris - 4 de Outubro de 1892

13 DE SETEMBRO DE 1891 - PARIS: O "CABALLERO EN PLAZA" JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NA PRAÇA DO BOIS DE BOULOGNE


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COURRIER DES THÉATRES

Aujourd'hui, dimanche, à 3 heures, 17ème grande course de taureaux aux Arènes de la rue Pergolèse.

Au programme: Angel Pastor, Le Mateito et leurs cuadrillas, José Bento de Araujo, caballero en plaza et les picadores.



In LE FIGARO, Paris - 13 de Setembro de 1891

29 DE JULHO DE 1894 - LISBOA: FESTA DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO COM 4 CAVALEIROS PORTUGUESES, 4 SALTADORES FRANCESES E 1 ESPADA ESPANHOL


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JOSÉ BENTO DE ARAUJO

No proximo domingo A Tourada publicará mais um numero dando o retrato e biographia d'este festejado artista, que n'essa tarde realisa tambem a sua festa artistica.

Vamos já dar alguns pormenores d'essa corrida que tem grandes attractivos.

Para essa festa estão contractados os celebres saltadores francezes que pela primeira vez se apresentam a trabalhar em Portugal, cuja cuadrilla é composta dos seguintes artistas que em França e Hespanha teem sido muito applaudidos pelo seu trabalho apreciavel:

Chefe da cuadrilla e matador - Marius Monnier.
Kroumir - double salto.
Clarion - saltador sem percha.
Bossu - saltador sem rival.

Todos os jornaes francezes e hespanhoes teem rendido a estes artistas grandes elogios e portanto é possivel que aqui agradem tambem, além de ser para Portugal uma novidade.

Está contractado um eximio espada e 3 bandarilheiros distinctissimos.

Os touros pertencem aos famados creadores Roberto & Irmão.

Trabalham n'essa tarde 4 cavalleiros.

Pelo que se vê a festa de José Bento (de Araújo), deve ser de primeira ordem.


In A TOURADA, Lisboa - 22 de Julho de 1894

4 DE JULHO DE 1892 - PARIS: MAIS UMA TOURADA NA GRAN PLAZA DO BOIS DE BOULOGNE


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Propos de Coulisses

Arènes du Bois de Boulogne.

Aujourd'hui, à trois h., 3ème grande course de taureaux.

Au programme:

Mademoiselle Maria Gentis; José Bento de Araujo, Angel Pastor et Le Pouly et les picadores.


In GIL BLAS, Paris - 4 de Julho de 1892

15 DE JULHO DE 1894 - LISBOA: FIM DE TEMPORADA NA PRAÇA DO CAMPO PEQUENO

CHRONICA DAS TOURADAS

CAMPO PEQUENO

16.ª corrida da epocha. - Espada: Cara Ancha; touros do sr. Faustino da Gama.

Fechou de uma maneira desgraçada a serie de corridas que a empreza se proporcionou realisar na praça do Campo Pequeno. E se assim aconteceu, deve-se em parte á grande ventania que no domingo atravessou Lisboa e muito mais ao espada Cara-Ancha, que receoso e desconfiado, esteve na verdade muito mandrião.

Cara-Ancha foi para vista. Admittamos que o vento prejudicasse a lide, mas o que é certo é o que o Moyano executou com vontade de trabalhar e de agradar, o que poderia ter feito Cara-Ancha. Não se admitte de fórma alguma, que um bandarilheiro do matador esteja sempre opportuno aos quites dos picadores, e a todo o trabalho sempre prompto, e o espada da tarde se achasse a distancia, olhando descançado para tudo aquillo. O publico por vezes manifestou-se contra o espada, que na verdade abusou muito da sua benevolencia. Os touros do sr. Faustino da Gama, tambem concorreram para o mau exito da tourada, que tinha attractivos para agradar e fechar com chave de ouro.

A praça teve uma enchente collossal. Nem um logar devoluto. Os contractadores é que ganharam, porque se lhes proporcionou um bello dia de negocio. Bilhetes de sol venderam-se a 1$000 réis, sombra a $500, e alguns de barreira, que aquelles possuiam não os largaram por menos de réis 2$000. As senhas renderam bom dinheiro.

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Vamos dar um resumo da tourada de hontem, que pouco animada correu:

Espada. - Nada de notavel fez, como acima dizemos, o espada Cara-Ancha.

Muito desconfiado e receioso, delegou quasi toda a lide no seu bandarilheiro Moyano, que foi o espada da tarde. Cara-Ancha deu apenas uns passes de capote e muleta e nada mais. N'um dos touros foi colhido sem consequencias.

No 6.º touro poz 2 pares a quiebro, sendo um bom. Depois entregou as bandarilhas a Moyano.

PICADORES. - Muito trambulhão, muita risada, e boas varas dos picadores Trijo e Carriles, que ouviram palmas.

MOYANO. - Tratamos d'este artista em separado, porque na verdade foi o espada da tarde.

Que maneira de citar com as bandarilhas, que correcção e que remate de sortes: tudo de grande luzimento. Com o capote teve uma brega excelente e aos picadores sempre opportuno: ao contrario do espada que se conservava a consideravel distancia. Com a muleta pouco fez, devido ao vento, mas n'esse pouco mostrou grande vontade de agradar. O publico applaudi-o freneticamente e com toda a justiça.


CAVALLEIROS. - José Bento (de Araújo), no 1.º touro trabalhou correctamente, fazendo uma sorte de gaiola magnifica, e collocando em seguida com grande arte e precisão 4 ferros á tira, 1 á garupa e rematou a sua excellente lide com 2 pares de bandarilhas, rematados com grande luzimento, á garupa. No 2.º tambem o seu trabalho foi de todo luzido e artistico, principiando por uma sorte de gaiola soberba, 1 ferro á meia volta, 1 á tira e rematou o seu trabalho com um par de bandarilhas á garupa.

O publico applaudiu-o com toda a justiça.

Fernando de Oliveira, no seu 1.º touro principiou a tourear com infelicidade, mas depois collocou com arte 4 ferros á meia volta, 2 á tira e rematou o seu trabalho com dois pares de bandarilhas, sendo 1 á tira e outro á volta muito bem postos.

No 2.º que lhe coube trabalhou bem, fazendo boas sortes e consentindo muito o touro. Foi muito applaudido no final da lide dos seus touros.

Bandarilheiros. - Calabaça e Minuto fizeram por agradar pondo no entanto bons pares. Raphael tambem collocou 2 pares muito bons e intentou dar o salto de vara, o que não conseguiu. Pipo e Pedro de Campos nada fizeram de notavel.

TORRES BRANCO. - Outro artista que tratamos em especial, que nos parece que será assim o melhor meio de o pôr em evidencia como merece e como se viu pelas manifestações de agrado que recebeu da parte do publico e pelo seu trabalho.

É incontestavelmente um rapaz com habilidade: cita, entra e sae com grande limpeza da cabeça dos touros. O publico fez mal em pedir o 8.º touro para elle bandarilhar, quando é certo que o animal estava defendendo-se, porque já tinha 5 pares de bandarilhas. Lidou depois o 12.º touro muito bem, pondo um par de primeirissima ordem. Na brega muito trabalhador e fazendo quites muito opportunos, sendo alguns d'elles a corpo limpo. Será bom que de hoje para o futuro Torres Branco figure no detalhe da corrida, bandarilhando pelo menos um touro. O publico fez-lhe uma grande ovação, que se prolongou até fóara da praça quando se mettia para o trem.

FORCADOS. - Apenas fizeram duas pegas de cara boas e uma de cernelha sem luzimento.

TOUROS. - Pertenciam ao sr. Faustino da Gama. Apenas cumpriram os de cavallo. Os restantes mal intencionados, cobardes e difficultando a lide. Não foi feliz o sr. Faustino da Gama. Mais um para a conta.

DIRECÇÃO. - Como sempre a cargo do velho Botas. Nas varas um pouco demorado. O Botas estava a gostar, assim como todo o publico.

No resto á altura da corrida.

Em resumo. O publico muito descontente e furioso com o mandrião do espada.

D. JOSÉ TENORIO

In A TOURADA, Lisboa - 22 de Julho de 1894

15 DE AGOSTO DE 1891 - PARIS: UMA TOURADA NA GRAN PLAZA QUE VALEU A PENA


Bibliothèque nationale de France

COURRIER DES THÉATRES

Très brillante reprise des courses, hier, à la Gran Plaza.

Excellents débuts des matadores Bernardo, Hierro et Ojeda. Belles passes de G. Martin, José Bento de Araujo.

Gros succès pour le Pouly, les picadores et l'amateur français.

Aujourd'hui, à trois heures, même programme.

Georges Boyer.


In LE FIGARO, Paris - 16 de Agosto de 1891