1894 - UM OLHAR CRÍTICO SOBRE AS TOURADAS EM PORTUGAL


Biblioteca nacional de Portugal

 AS TOURADAS EM PORTUGAL

N'este paiz nem ha touros, nem touradas, ha simplesmente praças e toureiros. E é bastante.

Aquillo a que eu e todos ouvimos chamar touradas, para mim não passa d'uma simulação do grande divertimento hespanhol, onde a arte é um dever e a coragem uma gloria.

Aqui nada d'isto acontece e para quê?

Para que é necessaria a coragem onde se lidam touros sem defesa?

Para que é precisa a arte onde ha um publico que só gosta de estrangeiros e que apupa os seus quando os veem imitar o que os mestres fazem?

Para quê, pois, o mortificar-se um homem, quando se é toureiro n'um paiz em que não ha touradas, mas tourinhas.

Deixemo-nos de gracejos e entremos em assumpto serio.

Eu sou um afficionado que ninguem conhéce, que todos perguntam d'onde veiu, mas sou pelos touros em hastes limpas, touros de morte, touros que sejam touros e não carneiros.

Desde o momento que as touradas são uma lucta do homem com o boi selvagem, em que aquelle vence este pela arte e pela intelligencia, ou então fica vencido pela força bruta do seu inimigo, tanto um como o outro deve vir á arena tal como é, um com o peito replecto de coragem e ávido de triumpho, outro ávido de sangue e ferocidade em busca do inimigo para o ferir e despedaçar.

É uma lucta desegual; um tem a arte com todos os enganos, outro tem a raiva de se ver vencido.

Um tem uma muleta e um estoque para matar, outro tem as astes limpas e afiadas para matar tambem; eis aqui a unica egualdade da lucta.

Muitos, ás touradas hespanholas chamam barbarismo, porque ha sanguem e ás touradas portuguezas em que há covardia o que lhe chamarão?

Um domador lida com os seus leões e as suas panthéras e não lhe's tira os dentes nem as garras; lida pois com ellas no seu estado natural; um dia porém morre-lhe nas garras; eis aqui o valor do seu trabalho que era o perigo, o risco e a morte, o mesmo pois deve succeder a um homem que se filiou na arriscada arte de Montes, Chiclanero, Romero e Costillares e muitos outros tão celebres e valentes.

N'este paiz de tanta protecção para com os animaes, ha touros que têem sahido á praça a serem corridos mais de 10 ou 20 vezes, e o que succcede, é o touro enganar o toureiro em vez de ser o contrario. É celebre!


Em Portugal, um paiz que á força quer ser toureiro, vão-se construir mais praças, mas não ha gente para n'ellas trabalharem e por isso teem que vir de Hespanha todos os maletas e toureiros de enchurrada para suprirem essa falta.

Não aconteceria porém, outro tanto, se aqui houvessem touradas, mas as genuinas, as verdadeiras, em que cada qual com mais ou menos habilidade e estudando sempre, se fizesse matador e formasse quadrilhas, fizesse excursões ao estrangeiro como fazem os artistas hespanhoes, porque não faltaria gente que quizesse seguir a arte tauromachica; mas infelizmente aqui quem quizer ser toureiro, já não digo artista, mas amador, tem de arranjar empenhos para n'uma tarde mostrar as suas aptidões.

As touradas n'este paiz são o mesmo que prender os braços a um homem e dar-lhe depois umas poucas de bofetadas, estas significam os classicos pares de bandarilhas, e a manietação do homem significa a immunda embolação.

Ah! Hespanha, Hespanha! se tu não fosses já celebre, o teu grandioso e destemido divertimento que se chamas as— Corridas de touros — t'o fariam ser.

O que estimarei é que em breve a nojenta embolação uma das vergonhas na tauromachia nos fins do seculo XIX, seja para sempre demolida, para depois podermos gritar: Vivan los toros.

EDUARDO AGUILAR.

In A TOURADA, Lisboa - 8 de abril de 1894

25 DE OUTUBRO DE 1891 - PARIS: TOUREIROS ESPANHÓIS E PORTUGUESES NUMA DAS ÚLTIMAS CORRIDAS DA TEMPORADA

Bibliothèque nationale de France

LA 23ème COURSE

À PARIS

Y sale la cuadrilla

De los toreros,

Valentin y Joseito

Son los primeros.

Cette fois le président agite son mouchoir à l'heure fixée, et les timbaliers sonnent la salida pour:

1.— Cabrillo, portant la devise blanche; il ne réalise pas l'idéal du taureau brave; les picadores sont gris comme le temps, les banderilleros placent quatre paires pour donner à Valentin Martin, en violet et or, le temps de déplier la muleta.

Le coup d'épée, bien marqué, reste un peu court.

2. — Gatidano, devise blanche, ranime la course. (José) Bento de Araujo place trois javelines, dont une déplorable, et deux banderilles, l'une trop basse, l'autre régulière.

Les banderilleros posent une paire et demie, et Joseito (grenadine et or), sur une demi-douzaine de passes naturelles, indique une estocade, de devant, au pas de banderilles.

3. — Corazon, une bête de choix, dont la vigueur et le courage ont résisté à l'action émolliente de notre climat pluvieux. Ce noble animal, qui porte les couleurs de Tres Palacios, reçoit une vilaine pique (marronazo) du Rubio qui doit réintégrer le patio. Cirilo et l'Amateur français, en revanche, obtiennent un énorme succès, et les quites de Joseito sont très remarqués.

Valentin Martin prend le taureau sur la quatrième paire et le cape avec bonheur; une trentaine de passes dont six de poitrines, et une estocade à volapié très bonne qui lui vaut des applaudissements nourris.

4. — Bandolero, de Orozco, ne jalouse pas les lauriers de Corazon, et, à la demande du public, il est changé aussitôt.

C'est un ardent et féroce Mazpule qui se présente; ses bonds désordonnés, ses mugissements rauques épouvantent les chevaux qu'il attaque éperdument et que les picadores défendent comme ils peuvent, car l'animal croit à la pique (crecer el palo), se transforme, colle.

Valentin exécute des passes de cape, Joseito enlève la devise; la cuadrille se dévoue, deux paires sont placées entre temps. Une dame enthousiasmée jette son éventail dans l'arène; à qui l'hommage s'adresse-t-il?

Tengo un amante hechichero,

Que vale mas que un Peru,

Y su oficio es de torero,

Torerito y Andaluz.

Elle est extraordinairement jolie et blonde de ce blond de limaille d'or fauve qu'on ne rencontre que chez les Espagnoles de la province de Valence.

Los cabellos de mi rubia

Se los ha robado al sol;

A mi, me ha robado la vida,

El alma y el corazon.

Joseito a pris la muleta et, seul, au milieu du cirque il exécute un court mais brillant assaut, terminé par un magnifique coup d'épée donné à taureau reçu.

Ovation méritée; chapeaux, cigares et fleurs.

5. — Lagarto sort, comme le taureau suivant, de la fameuse ganaderia du duc de Véragua (rouge et blanc). (José) Bento (de Araújo) lui place cinq javelines parfaites et une autre trop basse, puis une banderille très bonne.

L'animal est brave et franc, Valentin le cape, puis lui place une paire de banderilles avec la chaise, passable, et une seconde paire al cuarteo, bien. Il salue alors le taureau al recorte avec le chapeau d'un aficionado et revient prendre la muleta, pour une longue série de passes que couronne l'estocade à volapié de rigueur qui reste contraire et de biais.

6. — Zar est formidable, noir, goulu de chair. Ce monstrueux animal est reçu para la cuadrille qu'il disperse. Joseito le passe en véronique; le taureau donne avec une telle violence sur la pique, que le brave Antonio vide les arçons; "Descends donc de ton cheval, hé, feignant!"

L'amateur se met sur les rangs, et avec Cirilo tient tête à ce rude jouteur qui prend en tout onze varas.

Zar s'arrête juste devant la belle dame à l'éventail, et la contemple avec intérêt.

Si el hoyo de tu barba

Fuera pilita,

Mas de quatro (sic) tomaran

Agua bendita.

(Si la fossette de ton menton était un bénitier, plus de quatre y prendraient l'eau bénite).

Il est trés espagnol ce taureau russophile, mais il n'accepte qu'une paire et demie, avant que Joseito lui décerne son estocade à volapié et de devant, qui termine la journée.

ESCAMILLO.

In LE TORERO, Organe officiel des Arènes de France, Paris – 1 de Novembro de 1891

4 E 5 DE MARÇO 1894 – PORTO: QUATRO TOURADAS PARA AS CELEBRAÇÕES HENRIQUINAS


Biblioteca nacional de Portugal
 

PELAS PROVINCIAS

Porto, 6 de março. — Ao encetar as minhas correspondencias para a revista A Tourada, cumpre-me felicital-a pelo seu apparecimento e agourar-lhe um futuro prospero. Egualmente me cumpre agradecer a honra que immerecidamente me fizeram, pedindo-me para eu acceitar o encargo de ser correspondente n'esta cidade.

Não possuo dotes jornalisticos, mas farei tudo quanto poder para da melhor forma desempenhar o meu logar.

— Para commemorar o quinto centenario do infante D. Henrique, promoveram-se grandes festas no Porto. Entre ellas, houveram quatro touradas, sendo duas na praça da Serra do Pillar e duas no Colyseu Portuense.

No dia 2 effectuou-se a primeira na Serra. Os artistas eram todos bons, porém não puderam fazer brilhar o seu trabalho pela razão do gado fornecido pelo sr. Duarte d'Oliveira, ser ordinarissimo, de mau sangue.

Alfredo Tinoco, pouco poude fazer em vista do que atraz exposemos.

Guerrita, trabalhou sempre sob continuos applausos. Esteve incansavel com o capote e muleta. Com as bandarilhas infeliz, sendo colhido pelo 5.º touro ao collocar-lhe um par á sahida.

Dos bandarilheiros sobresahiram Minuto e Pechuga, que lidaram com preceito o 8.º touro, estando aquelle como sempre aos quites.

Mogino, Primito, Almendro e Antonio Guerra, regulares.

No dia 5, o gado pertencia ao mesmo lavrador e os artistas eram os mesmos.

Nada de notavel houve. Tinoco nada poude fazer, por os touros se não prestarem.

Guerrita, bem com o capote e muleta e regular com as bandarilhas.

Dos bandarilheiros distinguiu-se Minuto.

Os forcados em ambas as corridas, detestaveis.



A primeira corrida no Colyseu (Porto) effectuou-se no dia 4.

O gado do sr. Emilio Infante saiu regular.

José Bento (de Araújo) trabalhou com arrojo e vontade.

Bombita, foi muito applaudido pela sua vontade de agradar, porém falta-lhe a pratica.

Calabaça, bem. José dos Santos, regular, e Theodoro e Cadete, superiores.

Ostioncito e Saleri, da quadrilha de Bombita, bem.

No dia 5 realisou-se a 2.ª, sendo o gado do mesmo lavrador, que saiu regular como o da corrida anterior.

José Bento (de Araújo), bem. Bombita com vontade de agradar.

Os bandarilheiros andaram conforme poderam, distinguindo-se Theodoro e Cadete que bandarilharam um touro superiormente, recebendo muitos applausos.

Os forcados nas duas corridas muito desunidos. Uma desgraça…

Até outra vez.

Dourado.

In A TOURADA, Lisboa – 1 de Abril de 1894

26 DE JULHO DE 1891 – PARIS: MAIS UMA CORRIDA COM O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO



COURRIER DES THÉATRES

Après-demain dimanche, à 3 heures, 10ème corrida à la Gran Plaza: Mlle Maria Gentis et José Bento de Araujo; Valentin Martin, le Mateïto, les picadores et les landais.

Bibliothèque nationale de France 

In LE FIGARO, Paris – 24 de Julho de 1891

2 DE FEVEREIRO DE 1898 – RIO DE JANEIRO: O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO REGRESSA A PORTUGAL




José Bento de Araujo, partindo hoje para a Europa a bordo do vapor Chili, faz as suas despedidas ao gentilissimo publico fluminense, a quem offerece os seus serviços até abril proximo futuro, data do seu regresso, e declara ter liquidado n'esta praça todas as contas referentes á empreza Alfredo Tinoco e José Bento (de Araújo), declara mais que o Exmo. Sr. Manoel Ponciano, socio da mesma empreza, ficou encarregado de liquidar qualquer conta que por lapso não tenha sido apresentada em tempo competente.

JOSÉ BENTO DE ARAUJO.

Rio de Janeiro, 2 de Fevereiro de 1898.

In GAZETA DE NOTICIAS, Rio de Janeiro - 3 de Fevereiro de 1898

8 DE NOVEMBRO DE 1891 – PARIS: ÚLTIMA CORRIDA DA TEMPORADA E BENEFÍCIO DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO



Bibliothèque nationale de France

THÉATRES 

    Dimanche prochain, à deux heures et demie, 26ème et dernière course de taureaux aux Arènes de la rue Pergolèse. Cette course, donnée au bénéfice de José Bento de Araujo, le brillant caballeiro en plaza, promet d'être des plus intéressantes. Mlle Maria Gentis, la charmante caballera, y prêtera son gracieux concours, ainsi qu'un toréador célèbre qui, se trouvant dans la salle comme simple spectateur, descendra dans l'arène et mettra des banderilles à un taureau.

    Au programme, également: Valentin Martin, José Ruiz (Joseito) et leurs cuadrillas et les picadores.

    
    M. José Bento de Araujo, pour remercier la presse parisienne du bienveillant accueil qu’elle lui a fait depuis le commencement de la saison, lui dédiera un des taureaux qu’il piquera seulement avec des banderilles très courtes.


In LA LIBERTÉ, Paris – 7 de Novembro de 1891

27 DE JULHO DE 1884 – LISBOA: CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO PARTICIPA NA CORRIDA EM BENEFÍCIO DE DOIS EMPREGADOS DA PRAÇA DE SANT'ANNA



Biblioteca nacional de Portugal

ESPECTACULOS

5 h. — PRAÇA DO CAMPO DE SANT'ANNA — Domingo 27. —Beneficio de dois empregados da praça. —Grande corrida de 13 touros pertencentes ao casal do fallecido marquez de Vagos (D. Francisco) —Cavalleiros: Antonio M. Monteiro e José Bento de Araujo. —Bandarilheiros: os melhores artistas portuguezes. —Reapparição dos Pinauds tauromachicos.

Os bilhetes estão á venda na tabacaria Climaco, rua da Bitesga, 71.


In DIARIO ILLUSTRADO, Lisboa – 26 de Julho de 1884

23 DE OUTUBRO DE 1910 – LISBOA: O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO, DECANO DOS CAVALEIROS, EM FORMA APESAR DO FRIO E DA FALTA DE AFICIONADOS NA TOURADA PARA APOIAR AS FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS DA REVOLUÇÃO

DESDE LISBOA

Corrida verificada el 23 de Octubre de 1910.

La empresa preparó para este día una corrida, con el concurso gratuito de todos los diestros y ganaderos, con objeto de recuadar fondos para las familias de las víctimas de la revolución; pero el tiempo, ya impropio para estas diversiones, hizo que fuera muy poca la concurrencia que asistió al espectáculo.

El reputado ganadero Emilio Infante, cedió no sólo el curro, sino que también los cabestros, todo gratuitamente, acción digna de su caracter noble.

El decano de los rejoneadores portugueses, el popular José Bento de Araujo, que hacía poco había regresado del Perú, toreó el segundo de la corrida con aquella alegría y valentía que todos le reconocen, siendo muy aplaudido y dando vuelta al ruedo.

El primero fué rejoneado por el amador Juan Marcelino, que además pegó el sexto, siendo aplaudido.

Manuel Casimiro, Adelino Raposo y Macedo, rejonearon regularmente sus toros, pero donde el entusiasmo fué delirante, fué en el séptimo toro, lidiado por José Casimiro y Morgado de Covas; los dos jóvenes caballeros estuvieron superiorísimos, oyendo la más grande ovación de su vida artística, participando de ella los Sres. Luiz de Lacerda y Albino Baptista, empresarios, el ganadero Emilio Infante, el director de la corrida y todos cuantos contribuyeron para esta fiesta de beneficiencia.

De los banderilleros portugueses, los que más de distinguieron fueron Alexandre Vieira y Juan de Oliveira en el último toro de la corrida.

Teodoro, Manuel dos Santos, Xavier y Tomé, estuvieron bien.

Tomaz da Rocha reapareció en esta corrida, después de su regreso de Lourenzo Marquez.

Asistieron á esta corrida el Ministro de las finanzas, el Sr. Gobernador civil, el periodista Joao Chagas, y más tarde el oficial de marina Machado dos Santos, que fué recibido á los acordes de A Portugueza.

Ha sido una fiesta simpática, que se celebró bastante animada, á pesar de la poca concurrencia.

MANUEL J. GÓMEZ.

In EL TOREO, 2 de Janeiro de 1911

8 DE NOVEMBRO DE 1891 - PARIS: ÚLTIMA CORRIDA DA TEMPORADA E BENEFÍCIO DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO


Bibliothèque nationale de France

COURRIER DES THÉATRES

Dimanche prochain, à deux heures et demie, 26ème et dernière course de taureaux aux arènes de la rue Pergolèse. Cette course, donnée au bénéfice de José Bento de Araujo, le brillant caballero en plaza promet d'être des plus intéressantes. Mlle Maria Gentis, la charmante caballera y prêtera son gracieux concours ainsi qu'un toréador célèbre qui, se trouvant dans la salle comme simple spectateur, descendra dans l'arène et mettra des banderilles à un taureau.

In LE PETIT PARISIEN, Paris - 7 de Novembro de 1891

16 DE MAIO DE 1897 – LISBOA: SOLIDARIEDADE NA ARENA…



TAUROMACHIA

 Praça do Campo Pequeno


Tarde que predispunha para o divertimento popular. Sol quente, que alegra e incita á passeiata amena. Por isso, logo  depois das tres horas, as "tipoias" batiam, Avenida fóra, em caminho do Campo Pequeno; os cavallos trotavam com pouco afan, mas os pingalins dos cocheiros avivavam lhes o cumprimento do dever, e elles lá iam, offegantes, suorentos mandando sem duvida ao diacho os aficionados, que pouco a pouco foram entrando na praça.

A enchente não foi completa mas a empreza teve o que em linguagem vulgar se chama uma casa boa.

Tomaram parte n'esta quinta corrida, os cavalleiros José Bento (de Araújo, Fernando de Oliveira e Adelino Raposo.

Espada, Parráo e os seus bandarilheiros e os nossos artistas Calabaça, Theodoro, Torres Branco e Salgado.

Os touros pertenciam ao sr. dr. Manuel Duarte Laranja, sahindo desiguaes e maus para a lide tanto de cavallo como de pé. Salientaram-se apenas o 9.º touro, (vinagre) e o 12.º, sendo o primeiro d'estes dois bandarilhado pelos hespanhoes da cuadrilla de Parráo e o segundo pelos bandarilheiros Calabaça e Torres Branco.

O trabalho dos cavalleiros seria muito bom se elles tivessem touros que lhes podessem compensar os seus esforços. Ainda assim o destro cavalleiro José Bento (de Araújo) no 1.º touro que lhe coube, pôde metter com bastante custo tres farpas e rematar o seu trabalho com um bem collocado ferro curto.

A Fernando de Oliveira coube o 5.º e 10.º touros. No primeiro, por mais que o procurasse, o animalejo nem mesmo espertado com meio par de bandarilhas por Theodoro, quiz arrancar para o cavalleiro, tendo este de se retirar da arena. No segundo Fernando de Oliveira collocou tres farpas e um ferro curto, e para isso teve de mudar de cavallo logo á primeira sorte por conhecer a rez que tinha de lidar.

A Adelino Raposo coube o 7.º touro. Apresentou-se montando um cavallo de José Bento (de Araújo), e conseguiu enfeitar a rez com duas farpas. No fim do seu trabalho foi chamado á arena, vindo acompanhado dos dois distinctos cavalleiros José Bento (de Araújo) e Fernando de Oliveira.

O espada Parráo esteve muito trabalhador em toda a corrida. Bandarilhou bem o 6.º touro, que lhe coube, a sós, fazendo a sorte de gaiola e collocando mais um par de bandarilhas em cambio e tres e meio pares a cuarteo.

Com a muleta deu bons passes de peitos naturaes e de engano, com a capa fez bons quites.

O seu trabalho agradou. Parráo cinge-se bem com as rezes.

Foi muito applaudido.

Os seus bandarilheiros fizeram o que poderam, tanto com bandarilhas como com capas.

Dos nossos bandarilheiros distinguiram-se Theodoro, Calabaça, Torres Branco e Salgado que empregaram bons pares de bandarilhas.

Theodoro fez bons quites durante a corrida.

Os moços de forcados fizeram 5 pegas sendo uma no 2.º touro de cara, na 3.º á meia volta, no 6.º, no 8.º e 12.º de cara, sendo esta ultima a melhor de todas.

Os touros eram conhecidos pelos nomes 1.º Capote, 2.º Listado, 3.º Mascarro, 4.º Piloto, 5.º Espelho, 6.º Airoso, 7.º Muscardo, 8.º Roldão, 9.º Alfaiate, 10.º Ministro, 11.º Archote, 12.º Price.

A direcção da corrida boa.

José Bento de Araujo e Fernando d'Oliveira foram, durante as cortezias, e depois da lide dos seus touros, alvo de calorosas ovações. O publico manifestou-lhes assim o alto apreço, em que teve o bizarro acto de generosidade, praticado pelos distinctos e sympathicos cavalleiros, em favor do seu collega Adelino Raposo.

A homenagem não podia ser mais justa nem mais significativa.


Na praça foram distribuidos profusamente os seguintes versos, dedicados ao sympathico José Bento (de Araújo):


É raro d'encontrar um bom amigo

E tu soubeste sel-o, cavalleiro!

Louva a tua bondade o mundo inteiro,

Mas o premio da acção fica comtigo!


Essa tua bondade sem egual

Em nuvens d'ouro a recompensa encerra,

Porque é aqui em baixo, aqui na terra,

Que todo o bem se paga e todo o mal!

 

Espirito gentil, que assim soubeste

Amparar um amigo na desgraça:

Qua saibam avaliar o que fizeste.

 

Tens a benção dos bons, que não é escassa,

E em meio do infortunio a que vieste

As lagrimas do amigo que te abraça!


ESCAMILLO JUNIOR

Biblioteca nacional de Portugal

In DIARIO ILLUSTRADO, Lisboa – 17 de Maio de 1897

AGOSTO DE 1904 – O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO NA GALIZA



Biblioteca nacional de España

LAS FIESTAS DE AGOSTO

La "tourada"

    Conócense ya los nombres de los lidiadores que han de tomar parte en la "tourada" que organiza la Liga de Amigos para las fiestas el próximo mes de Agosto.

    Todos ellos son de reconocida fama en Portugal, y á juzgar por esto, el espectáculo, nuevo en la Coruña, resultará brillante.

    He aquí el cartel: caballeros rejoneadores, D. José Bento d'Araujo y D. Victor Marqué; (NOTA: Marques) intelixente, D. Luís Pimentel; campinos, don Francisco Lucas y D. Antonio Fardeta; cabo de forcado, Alcarriol, Jacará, Antonio do Gallego, José Carraça y Manuel Caralinda.

    Es el mejor grupo de forcados que trabaja en las plazas de la nación vecina; todos son jóvenes, fuertes, competentes en el arte de mancornar y visten elegantísimos y vistosos trajes.

    Con D. José Bento (de Araújo), que tiene entre los aficionados portugueses grandes simpatías, vendrá un numeroso grupo de excursionistas de lo más distinguido de Lisboa.

    El aplaudido rejoneador se dirigió al presidente de la Liga con una atenta carta rogándole que comprometa habitaciones para él y para sus admiradores en el mejor hotel de la población, y que procure hospedaje para los demás lidiadores, y cuadra para cuatro caballos que traerán.

    Ayer quedó firmado el contrato con dicha cuadrilla.

    Para este espectáculo ha sido contratado también el espada español Angel García Padilla, que tiene un gran cartel en Lisboa y Oporto, plazas en las cuales torea con los caballeros rejoneadores, y dos banderilleros españoles también.

    Como la Liga de Amigos no se propone explotar la "tourada" sino darla á conocer en la Coruña, procurando solamente cubrir los gastos que le origine, la entrada de sol costará una peseta y la de sombra dos.

In EL NOROESTE, La Coruña – 8 de Julho de 1904

2 DE JUNHO DE 1907 – LISBOA: A GRANDE FESTA DO CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO



Biblioteca nacional de Portugal

SPORT

José Bento de Araujo — Faz no proximo domingo o seu beneficio este valente cavalleiro, que, apesar de ser actualmente o mais antigo, foi quem até á ultima corrida, n'esta epoca, se salientou mais.

José Bento (de Araújo) tem toreado em Portugal em quasi todas, as praças de touros, em Hespanha, França e Brazil, onde conquistou sempre muitos e merecidos applausos.


Para a sua festa contratou José Bento (de Araújo) o apreciado espada Castor Ibarra, (Cocherito de Bilbao) e a sua cuadrilla de bandarilheiros.

Toma tambem parte na corrida o amador sr. D. José de Mascarenhas.

Os touros são de Paulino da Cunha.

In PORTUGAL, DIARIO CATHOLICO, Lisboa – 31 de Maio de 1907

29 DE AGOSTO DE 1881 – ALMADA: UMA CORRIDA PARA RECORDAR…



Biblioteca nacional de Portugal

PRAÇA DE S. PAULO D'ALMADA

Segunda feira, 29 d'agosto de 1881

Por occasião das grandes festas e regresso dos sete cyrios

12  TOUROS              12  TOUROS

Deslumbrante, apparatosa e esplendida corrida de bravissimos, corpulentos e nedios

12 TOUROS

ha muito apartados para esta tarde.

Por obsequio ao cavalleiro José Bento d'Araujo, tomam parte na corrida os festejados amador e cavalleiros, os exmos srs. Alfredo Tinoco da Silva, D. Antonio de Mello e Castro (Galveas) e D. Luiz do Rego.

Toma tambem parte o habil cavalleiro

José Bento d'Araujo

Bandarilheiros José Peixinho, Calabaça, Sancho, Raphael Peixinho e José Petiz.

O curro de touros pertence ao lavrador o ex.mo sr. José Palha Blanco.

O cavalleiro JOSÉ BENTO DE ARAUJO farpeará o touro que pertence ao ex.mo lavrador Emilio Infante e que o desfeiteou n'aquella praça na tarde de 24 de junho.

Os touros que forem farpeados pelos distinctos amadores, serão recolhidos ao curro pelos campinos a cavallo.

Todos os touros sairão da gaiola com devisas á hespanhola.

In DIARIO ILLUSTRADO, Lisboa – 28 de Agosto de 1881

7 DE ABRIL DE 1907 – LISBOA: O CAVALEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO DECIDE ABALAR PARA O BRASIL DEPOIS DA TEMPORADA PORTUGUESA

 

Biblioteca nacional de Portugal

TOUROS

Diz-se:

— Que José Bento de Araujo que domingo reapparece ao publico lisbonense, volta no proximo inverno ao Brasil e d'esta vez acompanhado d'alguns dos nossos principaes artistas.

 

In DIARIO ILLUSTRADO, Lisboa – 5 de Abril de 1907

13 E 14 DE SETEMBRO DE 1884 – AZARUJA: O CAVALLEIRO JOSÉ BENTO DE ARAÚJO PROMOVE DUAS CORRIDAS NO ALENTEJO



Tourada da Azaruja

 Realisam-se ámanhã e domingo as esplendidas corridas promovidas pelo distincto e arrojado cavalleiro José Bento de Araujo, que não tem descançado para apresentar ao publico tudo o que ha de melhor na tauromachia portugueza.

Biblioteca nacional de Portugal 

Os curros pertencem ao afamado lavrador o sr. Antonio José da Veiga, e dizem-nos maravilhas da sua bravura.

Trabalham n'estas promettedoras corridas o eximio cavalleiro-amador Alfredo Tinoco e o corajoso emprezario José Bento de Araujo, auxiliados pelos estimados e applaudidos artistas Peixinhos, Sancho, José Maria da Costa e Salau.

A praça soffreu grandes melhoramentos e offerece todas as comodidades.

E´de esperar uma concorrencia extraordinaria, já pelos attractivos do que a corrida é revestida, já porque José Bento (de Araújo) tem muitos amigos que decerto não deixarão de o auxiliar, concorrendo a estas touradas em que elle tanto se tem empenhado.

 

(José) Bento de Araujo é um excellente artista e um homem muito trabalhador, que merece ser protegido.

In DIARIO ILLUSTRADO, Lisboa – 12 de Setembro de 1884