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Passes... de peito
A semana passada, por motivos alheios á minha vontade, descarrilei e perdi os Passes de peito, com manifesto desgosto dos meus leitores e grande arrelia cá do nosso director.Mas lá diz o adagio:
"Não ha perfeito sem defeito, e no melhor panno cae a nodoa!"
Uma vez tem desculpa. Mêa culpa, mêa culpa, mêa maxima culpa, e... vamos a isto, meus senhores.
No dia 20 (o dia do descarrilamento) fui até ao Campo Pequeno, ao beneficio do velho amigo e cavalleiro da velha guarda José Bento de Araujo.
Não correspondeu aos sacrificios que o velho artista fez para organisar um cartaz digno dos seus amigos e do nome que tem na fila dos primeiros artistas.
O gado sahiu mau e o Zé povinho malesso, pois nem meia casa se pode dizer que teve.
O sr. Paulino da Cunha mandou (já se vê inconscientemente) um curro de malandrões, que todos os artistas me lembraram um collega cá da redacção, o Viu-se-á-broxa; porque innegavelmente todos se viram á broxa para tourearem aquellas prendas!
Um houve que entrou e sahiu da arena sem que ninguém fosse capaz de lhe pôr um ferro no cachaço.
Que grande gajo!
Aquillo com toda a certeza que é conselheiro lá na Leziria!
Se não fosse o conjuncto de artistas que trabalharam, era caso para haver uma enchente na casa dos concertos; ainda assim o filho do Fressura lá foi concertar a caixa dos pensamentos.
Comtudo conseguiram os artistas aproveitar o melhor que puderam aquelles bichos, salientando-se Bienvenida, que esteve superior, pois não se podia fazer mais com aquelles meninos, Theodoro que vê touros sem precisar de oculos, Jorge Cadete e o beneficiado.
Os demais trabalharam o mais que puderam para manter os seus créditos.
In O XUÃO, Lisboa - 29 de Junho de 1909